LEO III - SONHO DE AMOR - CAPÍTULO 4
CAPÍTULO IV – SONHO DE AMOR
Gilda olhou para o baú e abriu-o, tirando dele um cobertor de lã grande. Não tinha muita certeza se queria tirar a roupa ou não, mas o vestido começava a ficar gelado, grudando em seu corpo e se ela pegasse um resfriado forte seria pior. Tirou o vestido e cobriu-se inteira com o cobertor. Pendurou o vestido numa cadeira, tirou as sandálias e foi sentar-se na cama, abraçando os joelhos, toda encolhida. Ficou olhando para a chama do lampião, pensando no que aconteceria quando voltasse para a casa da tia. O que diria aos primos e a ela?
Estava distraída em seus pensamentos quando a porta se abriu e Leo colocou a cabeça para dentro da cabana.
- Pronta? Posso entrar?
Ela assustou-se e olhou para ele. Tremeu levemente sem saber se era de frio ou de medo. Vendo que ela já estava protegida, enrolada no cobertor, ele entrou. Já tinha tirado a camisa e os sapatos. Colocou os dois num canto qualquer.
- O que foi? Estava distraída pensando em quê?
- Leo, de quem é essa cabana?
- Minha! Já disse.
- Sua?! Como sua?
- Eu costumava vir até Valinhos com amigos e um dia a gente descobriu esse lugar. Era de um velho que morava num sítio aqui perto. Gostei do lugar e minha mãe comprou pra mim.
- E por que você não me disse isso antes?
- Estou dizendo agora, faz diferença?
Gilda calou-se e emburrou.
- Não fica zangada comigo. Estamos protegidos da chuva, não é legal?
- Que desculpa a gente vai dar quando encontrarmos a Célia e o Ciro?
- Você acha que precisa? – ele perguntou, sentando-se ao lado dela e começando a enxugar os cabelos com uma toalha que pegou no baú.
Gilda não respondeu, se abraçando ainda com mais força. Encostou o queixo nos joelhos e respirou fundo, preocupada. Leo olhou para ela e sorriu. Ela ergueu a cabeça e perguntou:
- Que foi?
- Você está morrendo de medo de mim, não está?
Ela não respondeu.
- Acho isso lindo...
- Lindo?
- É, lindo.
- Mas eu não estou com medo de você...
- Não?
- Não! – ela disse categórica, mas por dentro querendo afirmar justamente o contrário.
Leo aproximou o rosto do dela e a beijou, percebendo que Gilda tremeu inteira e afastou-se dele, assustada.
- Está vendo? Pra você existem dois Leos. O que você não conhece e o que você ama.
- Eu conheço o Leo que eu amo... Que bobagem!
- Não, você ama o Leo real. O outro Leo é aquele que seu pai e o meu descrevem. É dele que você está com medo. Você está imaginando mil coisas, desde que entrou nessa cabana.
- E você está me deixando encabulada.
- Ótimo! – ele disse, erguendo-se. - Eu te trouxe aqui porque não há lugar melhor pra decidir o que a gente vai fazer da nossa vida a partir de agora. Eu quero saber se você está disposta a brigar com todo mundo por mim, como eu quero brigar por você ou se você quer desistir agora e tentar me esquecer.
- Você está me encostando na parede?
- Se você acha isso é porque ainda não decidiu, certo?
Ela baixou os olhos.
- Será que duas semanas ainda não foram suficientes? Eu passei uma semana de molho no meu quarto, todo moído, sem nenhuma dúvida do que eu queria, Gilda. Posso levar ainda vinte surras iguais àquela, mas não vou desistir de você! Será que dá pra você me dizer agora o que realmente quer?
Gilda permaneceu em silêncio. Leo apanhou um cobertor, colocou-o sobre os ombros e saiu de perto dela. Foi até perto da janela e ficou olhando para a chuva que caía forte ainda.
Ela, ainda encolhida debaixo do cobertor, escorregou pela cama e deitou-se, ouvindo os pingos lá fora. Fechou os olhos e acabou adormecendo.
Acordou meia hora depois, com o barulho de um trovão e viu Leo deitado a seu lado, dormindo também. A mão dele pousava tranquilamente sobre a dela.
Gilda ficou olhando para seu rosto sereno e não demorou muito para decidir o que queria. Aproximou o rosto do dele e o beijou suavemente.
Leo abriu os olhos ao sentir o beijo e sorriu. Ele estava todo descoberto e Gilda puxou seu cobertor sobre ele e o abraçou, querendo aquecê-lo. Leo sentiu o corpo dela, quente e macio e deixou-se ficar quieto, sentindo aquela sensação gostosa de paz.
A impressão que tinha era que se se movesse, o encanto se quebraria.
Gilda o beijou novamente, longa e lentamente. A mão dele tocou o ombro dela por baixo da coberta e deslizou por seu braço até encontrar sua mão que ele fechou dentro da dele.
Outro beijo, um abraço mais intenso e não demorou para que os dois estivessem realizando seu sonho de amor. O mais intenso e bonito deles...
LEO III – CAPÍTULO 4
“SONHO DE AMOR”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!
CONTINUE NOS PROTEGENDO
COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!
BOM DIA E OBRIGADA!