LEO II - DESCOBERTA - CAP. 8
CAPÍTULO VIII – DESCOBERTA
Quando Samuel chegou à casa de Haroldo,
Leo já não estava mais. O velho voltou para casa, furioso, e foi encontrar o filho sentado à mesa da cozinha tomando um café.
- Seu imprestável! – exclamou o velho.
Leo olhou para ele tranquilamente e perguntou:
- Dormiu bem, pai? Bom dia!
Furioso, Samuel Torres agarrou o filho pela gola da camisa e ameaçou:
- Meta-se com a Gilda Alcântara e eu te faço arrepender-se de ter nascido!
- Você já me disse isso, pai. Está ficando repetitivo. O que foi que eu fiz agora, droga?
- Nada... Nada ainda, mas se fizer... vai ser ver comigo. Estou só te avisando.
- Se você me largar, sou até capaz de conversar com você feito gente.
Samuel o largou bruscamente, fazendo Leo quase cair da cadeira.
- Você não é gente! – Samuel disse, com desprezo.
- Mas posso mudar, Leo disse, ajeitando a camisa. – É só você me dar uma chance.
Samuel riu alto.
- Chance?! E que chance seria essa?
- Não me afaste da Gilda, se ela me quiser...
- Nunca!
- Ela não é sua filha! Isso quem tem que decidir é o Alcântara.
- Nós estamos de acordo. Ele também não quer.
- Ele não é tão radical como você é, eu sei disso. Ele está indo pela sua cabeça, porque é seu amigo. Eu posso ter errado em muita coisa, mas nunca mexi com ele nem com a família dele. Ele não tem nada contra mim.
- O Alcântara não podia querer um traste como você namorando a filha dele, nem mesmo a quilômetros de distância.
- O traste que você descreve!
- O traste que eu conheço como meu filho há vinte anos.
- Eu não nasci um traste! Você me fez um traste!
- Muito cômodo jogar a culpa em mim.
- Pai, não há problema que não tenha solução. Deixe a Gilda decidir. Não se mete na nossa vida, se ela me quiser... por favor!
- Não! – Samuel falou, frio e taxativo. – Aquela menina não é pra você! Ela merece coisa melhor.
Leo ficou em silêncio por um momento e falou, por fim:
- Como você?
O velho o fuzilou com os olhos, mas não disse nada. Leo aproximou-se mais do pai e insistiu:
- Você se apaixonou por ela, não foi, pai?
- Ora, seu...
Samuel investiu contra ele, mas Leo segurou seu braço e o empurrou com força.
- É por isso que você bajula tanto o pai dela e a enche de presentes. Não há carinho grande demais que una um velho como você a uma garota como ela. Só de pai pra filha e você não tem nada de pai... pra ninguém! Você está apaixonado pela Gilda!
- Cala essa boca! – gritou Samuel.
Leo calou-se, olhando ainda para o pai, mais perplexo do que ele pela constatação. Samuel aproximou-se dele, com a respiração alterada pela raiva, e admitiu:
- Tudo bem... Você descobriu... mas se abrir a boca pra contar isso pra quem quer que seja...
- Eu sei, você me mata... Mas eu não vou contar. Não vou ganhar nada com isso, porque ninguém vai acreditar em mim. É absurdo demais. Mas eu vou fazer melhor. Vou tirar a Gilda de você, pai. Vou me casar com ela. Porque é obvio que... entre um traste desclassificado como eu... e um velho decrépito e esclerosado como você, ela vai escolher a mim.
Samuel lhe deu uma bofetada estalada em seu rosto. Leo voltou a olhar para ele com os olhos em fogo.
- Eu posso até morrer na sua mão ainda, pai... mas prefiro morrer jovem e ter amado muito a Cristina e agora a Gilda... a envelhecer feito você, sem ter amado ninguém ou sem nem sequer ter conseguido chegar perto de quem você ama.
Afastou-se do pai e foi para seu quarto. Samuel sentou-se numa cadeira, deixou a cabeça cair sobre o braço apoiado na mesa e chorou amargamente.
LEO II – CAPÍTULO 8
“DESCOBERTA”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!
CONTINUE NOS PROTEGENDO
COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!
BOA TARDE E OBRIGADA!