LEO II - PORRE - CAPÍTULO 6
CAPÍTULO VI – PORRE
Quando Gilda chegou em casa, dona Júlia já estava preocupada com sua demora.
- Onde você esteve,menina?
- Fui dar uma volta, mamãe.
- Uma volta? – perguntou dona Júlia ao perceber o ar triste da filha.
Gilda sentou-se no sofá e apoiou o rosto das mãos.
- Eu estava com Leo Torres...
- Gilda! Seu pai não...
- Eu sei, eu sei que o papai não quer, mãe! Vou pedir desculpas pra ele depois... Mas acho que tudo que vocês falam desse moço é só intriga do pai dele. Ninguém pode ser tão ruim assim.
Gilda levantou-se e foi para seu quarto.
Quando o doutor Alcântara ficou sabendo por ela mesma que tinha estado com Leo, não brigou, afinal a filha tinha lhe dito a verdade, mas à mesa do jantar, segurou a mão da filha e pediu:
- Não faça mais isso, filha. Você tem liberdade de sair com quem quiser e quando quiser, com qualquer colega da escola, mas afaste-se desse rapaz.
- Você o conhece bem, pai?
- Eu o vi nascer, filha. Esse rapaz tem uma vida complicada, bebe demais e apronta coisas horríveis quando bebe. Já te falei sobre isso.
- E por que ele bebe?
- E precisa de um motivo para se condenar um vício, filha?
- Sim! Eu quero entender se há uma razão para ele ser como é! Ninguém nasce marginal ou delinquente, pai!
Alcântara teve que dar razão à filha, afinal de contas, era médico.
- É... Eu sei que não, mas seria muito pra você simplesmente não tentar descobrir por si mesma o que há de errado com Leo Torres? Não estou pedindo que você o odeie, só não quero vê-la junto dele, envolvida com ele. Peço muito?
Gilda balançou a cabeça, negando, mas por dentro sabia que envolvida ela já estava. Alcântara beijou sua testa e eles voltaram a jantar.
Enquanto isso, num bar no centro da cidade, Leo bebia, tentando tirar de sua mente o rosto de Gilda. Haroldo entrou no mesmo bar para tomar um café e o viu. Percebeu problema no ar. Pediu seu café e foi sentar-se a mesa com ele.
- Fala, cara. Que foi que houve? Problemas?
Leo olhou para ele e não respondeu. A garrafa em sua frente já estava pela metade e seus olhos já mostravam sinais de embriaguez.
- Que foi agora, Leo? Discutiu com seu pai de novo?
- Não enche...
- Você vai acabar morrendo afogado numa garrafa, sabia? Isso resolve?
- Haroldo, ninguém te chamou aqui. Dá o fora, tá? Não quero papo com você.
Ele bebeu o conteúdo do copo de um só gole e encheu-o de novo. Haroldo gostava demais do amigo e não desistiu.
- Vamos até minha casa conversar? Se você quiser continuar bebendo lá, eu deixo, mas vamos pra minha casa.
Visivelmente tonto, Leo olhou para ele e começou a rir, mas o riso acabou virando choro e o rapaz deixou a cabeça cair sobre o braço. Haroldo pagou seu café e a garrafa de Leo e, com muita paciência, levantou-o da mesa e o levou para sua casa.
Quando chegaram ao portão, Leo olhou para a casa vizinha e gritou:
- Gilda! Vem até aqui, garota! Vem ver como você me ajudou!
Gilda, como toda a vizinhança, ouviu os gritos dele. Ela estava em seu quarto e foi até a janela, de onde o viu por trás da cortina. Seus olhos encheram-se de água. Alcântara também ouviu tudo com a mulher e subiu até o quarto da filha. Aproximou-se dela e colocou a mão em seu ombro. Gilda voltou-se e abraçou o pai, chorando.
- Eu acabei estragando tudo, pai!
- Ele já está acostumado a fazer isso, filha. Eu falei pra você, não falei?
Com algum sacrifício, Haroldo conseguiu colocar Leo em sua cama e sentou-se a seu lado, imaginando o que os vizinhos diriam no dia seguinte sobre todo aquele escândalo envolvendo o nome de Gilda. Tinha pena do amigo, mas não sabia o que fazer o por ele.
- Quero ir pra minha casa... resmungou Leo, tentando levantar-se, completamente tonto.
- Você não vai muito longe desse jeito, Leo. Fica aí. Eu ligo pro seu pai e aviso que você vai passar a noite aqui.
- Ele não se importa. Ninguém se importa... Gilda!
- Você esteve com ela, não esteve?
- Ela não acredita em mim... Ninguém acredita em mim... Era isso que aquele velho sujo queria. Me deixa ir embora!
Leo empurrou Haroldo e saiu da cama, indo para a porta. Recobrando-se do susto, Haroldo conseguiu segurá-lo e trazê-lo de volta antes que ele rolasse escada abaixo.
- Você não pode sair daqui desse jeito! Para, Leo!
- Me larga! – protestou o rapaz, reagindo.
Não vendo outra solução, Haroldo lhe desferiu um soco violento no rosto e Leo caiu desmaiado na cama.
- Desculpa, amigo, mas eu tinha que fazer isso, pra sua própria segurança.
Com muita paciência, Haroldo tirou-lhe as roupas e coloco-o debaixo das cobertas.
LEO II – CAPÍTULO 6
“PORRE”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!
CONTINUE NOS PROTEGENDO
COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!
BOA TARDE E OBRIGADA!