LEO II - INIMIGO PÚBLICO NÚMERO UM? - CAPÍTULO 3

CAPÍTULO III – INIMIGO PÚBLICO NÚMERO UM?

A festa acabou às três da manhã e os últimos convidados a saírem da casa dos Torres foram os Alcântara.

Haroldo aceitou a carona que o médico lhe ofereceu e sentou-se ao lado de Gilda no carro.

Da janela de seu quarto, Leo observava tudo, intimamente combinando uma conversa séria a ser tida com o amigo. Saiu da janela e acendeu um cigarro. Sentou-se no piano de cauda, este deixado pela mãe de herança para ele, e colocou um pouco mais de uísque num copo sobre a tampa, bebendo todo o conteúdo de uma só vez.

Os olhos verdes de Gilda não saíam de sua cabeça. Nunca tinha se sentido assim, desde que sua primeira namorada havia morrido quando ambos tinham apenas treze anos.

A porta do quarto se abriu e Samuel Torres, seu pai, apareceu, com cara de poucos amigos.

- Você nunca bate antes de entrar, droga? – falou Leo, nervoso.

- Vim só te avisar uma coisa.

- O que ainda não lhe dá o direito de invadir meu quarto desse jeito.

- Essa casa é minha! Eu não sou visita aqui.

- Qual é o aviso? Diz logo e sai.

- Afaste-se de Gilda Alcântara ou vai ser ver comigo.

- Ah, o paizinho dela já foi buzinar no seu ouvido, é? – Leo perguntou irônico.

- O pai dela é um homem de caráter e meu amigo. Aquela moça é o maior orgulho dele e eu não a quero envolvida com minha maior vergonha.

Os olhos de Leo faiscaram de ódio.

- Sou apenas o seu espelho...

Samuel investiu contra ele a fim de agredi-lo, mas a mão que ia dar o tapa parou no ar. Leo nem piscava.

- Sua mãe não sabe o mal que me fez quando me fez prometer não tocar em você, depois que ela morresse. Eu o mataria, se pudesse, Leo...

O rapaz não disse nada. Samuel saiu do quarto e bateu a porta com força.

Leo encostou a testa no piano, voltando a respirar novamente. Tinha vontade de chorar, mas o orgulho o impedia. Encheu novamente o copo e resolver varar a noite ou o resto dela, acompanhado por aquela garrafa.

No dia seguinte, quando saía da escola, Gilda viu Leo em seu carro, parado em frente ao portão e o rapaz parecia estar esperando por ela, mas a moça resolveu fazer que não havia percebido isso. Pegou o caminho de sempre para casa.

Leo desceu do carro, atravessou a rua e correu para alcançá-la, começando a andar a seu lado.

- Oi! Quer carona até em casa?

Ela olhou para ele e sorriu, mas não parou de andar.

- Oi... Não, obrigada. Você é teimoso, não?

- Persistente, por isso me detestam. E corajoso também, meu nome já diz tudo. Leo, vem do latim, leão. Minha mãe sabia disso quando me batizou com esse nome.

- Leonardo é um nome lindo...

- Não sou Leonardo, forte como um leão. Sou o próprio leão. Sou Leo.

Gilda riu.

- Seu carro vai ficar lá atrás, só Leo?

- Não tem importância. Eu gosto de andar. Vou te levar até em casa, posso?

- Acho melhor não.

- Por que não?

Gilda parou e disse, muito séria.

- Meu pai não quer que eu converse com você e disse que seu pai também não. E eu não quero magoar nenhum dos dois porque eu gosto muito deles. Por favor... não insista.

- E não se importa de me magoar? – ele perguntou, também a sério.

Ela sorriu.

- Eu mal te conheço.

- Prazer, Leo Torres, vinte anos, o endereço você sabe. Não tenho profissão lucrativa nenhuma, mas sou músico e estou disposto a dar duro carregando pedras, se possível, só pra merecer sua amizade. Pronto. Já me conhece.

Isso tudo tinha sido dito por ele, com a mão de Gilda na sua e a moça não conseguia ficar séria perto dele.

- Leo!

- Meu nome fica lindo na sua boca.

- Mas seu nome é bonito. Você não gosta?

- Comecei a gostar agora.

- É sério mesmo, Leo, por favor, disse ela, tirando a mão de dentro da dele. – Vamos evitar confusão. Não quero que nossos pais briguem por nossa causa.

- Mas eles não vão! Meu pai não brigaria com ninguém por minha causa, pode ficar sossegada. Se alguém vai levar bronca por isso, sou eu. E eu já estou acostumado. Eu te levo até a esquina e só. Prometo que ninguém na sua casa vai me ver.

- A cidade é pequena...

- Mas a língua e a chatice são grandes, eu sei, já entendi. Te contaminaram com esse negócio de manter as aparências. Tudo bem. Não vou forçar. Você até gostaria de conversar comigo, mas não pode por causa dos outros. Pois um dia eu ainda vou te provar que não sou o inimigo público número um... pelo menos não pra você. Vou embora educadinho e te encontro aqui amanhã, novamente.

Gilda balançou a cabeça, sorrindo.

- Você não tem jeito.

- Não, tchau.

Ele beijou sua mão e seu rosto rapidamente e deu as costas, correndo de volta para o carro. Entrou no veículo, deu meia volta com ele no meio da rua feito louco e passou por ela queimando pneus no asfalto e acenando, enquanto buzinava.

Gilda acenou para ele também, timidamente.

- Maluco!

LEO II – CAPÍTULO 3

“INIMIGO PÚBLICO NÚMERO UM?”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!

CONTINUE NOS PROTEGENDO

COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 21/06/2020
Código do texto: T6983443
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