LEO II - DANÚBIO AZUL - CAPÍTULO 2
CAPÍTULO II – DANÚBIO AZUL
Logo que estacionou o carro diante do casarão da rua dos ferroviários, Leo entrou no jardim de casa já cheio de gente e começou a procurar por Gilda, com os olhos, no meio dos convidados. Haroldo notou.
- Que foi?
- Nada... Estou procurando o... Luís...
- Ele está ali, conversando com seu pai, o Alcântara e a mulher dele.
Leo coçou a cabeça ao ver o pai.
- Vamos sair daqui?
Leo puxou o amigo pelo braço e deu a volta na casa, entrando pela cozinha e chegando no salão também repleto de pessoas.
Leo logo viu Gilda sentada no sofá ao lado de Laura e Pedro, os noivos. Os olhos do rapaz brilharam de um prazer imenso, tão visível quanto o Sol.
- Haroldo, tira a Gilda pra dança, ele pediu, tocando o braço do amigo.
O rapaz não entendeu.
- O quê?
- Tira a Gilda pra dançar!
- Você ficou maluco? Eu mal acabei de entrar na festa!
- Faz o que eu estou mandando. Eu vou tocar e você tira ela pra dançar.
Sem dizer mais nada, Leo foi para o piano, colocado num canto do salão, e começou a tocar “Danúbio Azul”, chamando a atenção de todos. Muito sem jeito, Haroldo aproximou-se de Gilda e sugeriu primeiro a Laura e Pedro.
- A valsa dos noivos. Vocês não vão dançar? O Leo disse que está oferecendo a vocês.
- Que bobo! – disse Laura, sorrindo de longe para o irmão no piano.
Mas aceitou e foi com o marido para o meio do salão, começando a dançar com ele. Haroldo então segurou a mão de Gilda e pediu:
- Dança comigo, senhorita?
Surpresa, ela sorriu e aceitou. Enquanto dançavam, ela perguntou, olhando para Leo:
- Ele toca bem, não é?
- E de tudo. De Beatles a Beethoven. Já tinha ouvido antes?
- Não, eu só venho aqui com meu pai e ele nunca está. E quando está, ele nunca aparece porque o Samuel e ele não se dão muito bem, não é?
- Infelizmente... Mas eu não te tirei pra dança pra falar do Leo.
Ela ficou sem jeito e sorriu.
- Desculpe. É que eu adoro músicas tocadas ao piano e qualquer um que toque piano me chama a atenção. Como alguém que dizem ser tão rebelde pode tocar assim tão bem? É preciso ter muita sensibilidade pra isso.
- O Leo não é esse bicho que todo mundo pinta. Só tem que saber levar.
- Você é tão querido na cidade... Se está dizendo isso, é porque deve ser verdade.
- É meu melhor amigo.
- Se ele é capaz de ter um melhor amigo, não pode ser realmente tão ruim.
- E lá estamos nós falando dele de novo...
Gilda riu. Encostou o rosto no dele e ficou em silêncio, mas fazendo tudo para olhar para o rapaz no piano, que de vez em quando olhava também para o lado dela, discretamente.
A música acabou, Leo foi aplaudido, agradeceu com certo desprezo e se aproximou dos dois.
- Gostou? – perguntou a Gilda.
- Muito, ela respondeu um tanto encabulada, por nunca ter falado tão diretamente com ele. – Você toca muito bem. Quando eu era criança, quis estudar piano, mas meu pai não tinha meios... Agora, acho que estou muito velha pra começar.
- Bobagem. Eu te ensino, se você quiser...
Gilda ficou surpresa e olhou para Haroldo que por sua vez olhou para Leo e franziu a testa, sem saber aonde ele queria chegar.
- Concorda? – Leo perguntou, sem tirar os olhos dela.
- Não sei... Eu vou ser bem franca, Leo... o meu pai...
- Não gosta de mim, já sei. E você, gosta?
A pergunta foi tão direta que Gilda ficou vermelha antes mesmo de ficar encabulada. Leo tinha um jeito tão franco e direto de falar que assustava as pessoas. Isso talvez fosse o que fazia com que elas se afastassem dele.
- Eu não tenho nada contra você, mas...
- Então você me dá a resposta depois, tá? Pense nisso. Não te amolo mais. Vem, Haroldo, já estou sentindo os olhos do Alcântara me queimando a pele. Até mais, Gilda. A gente se vê. Divirta-se na festinha que meu pai fez pra minha irmã.
Ele se afastou e Haroldo, antes de segui-lo, disse a ela:
- Não esquenta, não. Ele é assim mesmo. Até já.
E afastou-se. Luiz Alcântara aproximou-se da filha, parecendo zangado.
- O que ele queria?
- Nada, papai. Só conversar. Queria saber se eu gostei da música.
- Não se esqueça do que eu lhe falei, Gilda. Esse moço é muito perigoso. Ele não é de confiança.
Ela balançou a cabeça, concordando com o pai, mas intimamente não via onde haver tanto perigo.
LEO II – CAPÍTULO 2
“DANÚBIO AZUL”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!
CONTINUE NOS PROTEGENDO
COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!
BOA TARDE E OBRIGADA!