QUEBRANDO BARREIRAS - GELO NO FOGO - PARTE 7

XVIII - GELO NO FOGO (ICE ON FIRE)

“You can’t shoot down the moon, some things never change…

“Você não pode atirar na lua, algumas coisas nunca mudam…

...You can build a bridge between us, but the empty space remains.”

...Você pode construir uma ponte entre nós, mas o espaço vazio

permanece.”

“Shoot down the moon” – do Álbum “Ice on Fire” de 1985

- Poxa, cara, vinte e três?! – Elton exclamou, falando com Bernie ao telefone. – E desde quando você tem esse material pronto?

- Desde antes do Natal.

- Antes do Natal? E só agora me fala disso?

- Antes de você começar a gritar, lembre-se de que você estava na Alemanha e eu na Califórnia.

- Podia ter passado por fax ou até me trazido tudo isso no Natal como a gente sempre faz. Eu sei que você passou as festas na casa dos seus pais em Lincolnshire.

- Sei muito bem que a Renate ia querer privacidade com você. Você fez alguma festa?

- Não, só vieram a Sheila e o Derf, minha tia Winnie, minha vó e alguns amigos deles. O pessoal da casa... Família!

- Está vendo?

- Está vendo o quê, Bernie? Você é meu irmão. Você é minha família há anos! O que você fez janeiro inteiro?

Bernie riu debochado.

- O que eu fiz janeiro inteiro... Continuei descansando, lendo, pintando, escrevendo meu livro... transando com minha mulher, o que não pode deixar de acontecer... – Elton riu alto do outro lado da linha. - Eu não vivo mais só pra você, amiguinho. Escrevi também, pra você, eu lembro de você, de vez em quando...

- De vez em quando... cachorro pequenez!

- Ah, quando as cifras da minha conta bancária aumentam, eu sou obrigado a pensar que o motivo deve ser você, mas... vai dizer que você pensa em mim sempre. Deve estar maluco, se isso é verdade. Eu já estou bem longe pra isso não acontecer mais e agora você está casado, cara! Me arrepio só de pensar nisso.

Elton riu mais ainda. O parceiro estava de bom humor e isso era muito bom.

- Mas não escrevi as vinte e três em uma semana, continuou Bernie. - Queria te dar a chance de escolha e aproveitei o embalo. Você vai ter muito com o que trabalhar. Não vamos discutir como ou porque eu não entreguei antes as letras, o importante é que elas estão prontas pra você.

- Traz pra mim quando puder. E quero uma coisa bem forte pra colocar alguma coisa mais forte ainda em termos de música em cima dela.

- Encomenda?

- É.

- Hum... Forte como?

- Como... “Madness”.

- Peça ao Gary... Eu não compus “Madness”.

- Como... “Breaking down Barriers”!

Bernie pigarreou e ficou em silêncio.

- Também não é sua, não é? – Elton perguntou, propositalmente, querendo brincar com o parceiro.

- Está com saudade dele? Chama de volta. Pra mim tanto faz. Sua memória anda um pouquinho fraca demais, não acha?

Elton deu uma risadinha sem vergonha.

- Como... “Chasing the crown” então. Como “Restless”.

- Uma letra agressiva.

- É.

- Algum propósito especial? Está querendo atacar alguém? Manda a música e eu faço a letra pra ela, como em “Ego” então. Foi tão bom falar mal de você naquela época...

Elton ficou em silêncio. Aquela não tinha sido uma fase muito feliz para os dois. Bernie viu que tinha exagerado.

- Desculpa... Mas eu falo sério: manda a música. É meio... complicado, mas eu dou conta.

- Não quero trabalhar com você daquele jeito mais. Eu... só quero pegar alguém de assalto. Alguém que eu amo muito.

Bernie não estava entendendo nada e passou a entender menos ainda.

- Quer tomar de assalto alguém que você ama? Com uma letra agressiva? Você não acha que isso é um pouco incoerente? Se bem que isso faz parte da sua essência. Coerência não é o seu forte, mas até aí...

- Não, não é incoerência minha, palhaço. Quero uma letra agressiva porque a música vai ser agressiva.

- Essa pessoa é um... homem?

- Conhece alguém que eu ame tanto a ponto de te pedir uma letra especialmente?

Bernie pensou e respondeu rindo:

- Chloe... Gary Clarke... Eu...

- Vá pro inferno, Taupin! Mas você não está entendendo nada.

- Como você quer que eu entenda se você não explica?

- É uma mulher e provavelmente vai cantar comigo essa música.

- Mulher... cantora?

- Óbvio, toupeirinha.

- Eu vou desligar o telefone na sua cara... ameaçou Bernie já ficando nervoso.

- Não, desculpa. É sério, Bern. Como “Don’t go breaking my heart”.

- Kiki?

- Não. Kiki não é tão agressiva. Aliás, não é nada agressiva.

- Conta logo, vai! Não estou a fim de adivinhar.

- Não, você anda muito blasé ultimamente. Vai ter que adivinhar. Eu quero alguma coisa como... uma briga de casal. Todo mundo anda mesmo brigando por aí e como eu sei que a imprensa está doida pra que eu apareça com alguma coisa bem diferente no meu casamento, quero dar a eles o gostinho.

- Você quer dar a impressão de estar brigando com a Renate?

- Não, quero que eles pensem que eu quero.

- Ela vai cantar com você? – Bernie brincou.

- Não, cara! Você comeu sua inteligência no café hoje, é? Quem é você e o que fez com meu parceiro? É uma cantora que tem um estilo bem forte, agressivo, sensual, passional...

- Grace Jones?

- Não.

- Kim Carnes?

- Errou de novo, Elton disse, rindo, divertindo-se com a brincadeira.

- Vou matar você. Se eu passar o dia nisso, eu te mato e você vai ver quem é o burro!

- Vai, continua, moleque, está chegando perto. Vai valer a pena. Faz tanto tempo que a gente não brinca assim.

Bernie sentou-se numa cadeira e arriscou novamente, depois de um suspiro de impaciência.

- Pat Benatar...

XVIII – “GELO NO FOGO” – PARTE 7

É OUTONO AINDA, MAS ELE VAI SER AMENO...

SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 09/05/2020
Código do texto: T6941816
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