QUEBRANDO BARREIRAS - GELO NO FOGO - PARTE 5

XVIII - GELO NO FOGO (ICE ON FIRE)

“You can’t shoot down the moon, some things never change…

“Você não pode atirar na lua, algumas coisas nunca mudam…

...You can build a bridge between us, but the empty space remains.”

...Você pode construir uma ponte entre nós, mas o espaço vazio

permanece.”

“Shoot down the moon” – do Álbum “Ice on Fire” de 1985

Enquanto isso, Bernie já começava a trabalhar nas letras para o próximo álbum e o letrista nunca mais havia se sentido tão inspirado como na elaboração do álbum de 1973 “GOODBYE YELLOW BRICK ROAD” que foi lançado duplo na época.

Todo grande talento tem fases de “branco total” e fases em que a criação superava a realidade. Era assim que Bernie se sentia nesse momento.

Certa noite, pouco antes da meia noite, Toni acordou e não o viu na cama. Levantou-se e foi procurar o marido pela casa.

Entrou no estúdio e ele ainda estava lá, sentando diante da máquina de escrever elétrica, mas com as mãos cruzadas atrás da nuca e a cabeça baixa. Preocupada, ela aproximou-se dele devagar. Colocou a mão sobre seu ombro e chamou:

- Tigre...

Ele ergueu a cabeça rapidamente e olhou para ela.

- Oi...

- Você está bem?

Bernie esticou o corpo e esfregou o rosto com as mãos.

- Pensei que você estivesse dormindo.

- Estava, mas acordei e não vi você na cama... Você não acha que já está um pouco tarde, amor?

- Eu já vou.

- Algum problema?

- Não... ele respondeu.

O tom seco da resposta dele fez Toni até se surpreender e ela olhou para as várias folhas datilografas sobre a mesa. Apanhou duas delas e viu os títulos: “Soot down the moon” e “Nikita”.

- Quem Nikita? – ela perguntou.

Ele olhou para as folhas na mão dela e respondeu:

- Você não conhece...

- Nikita é nome de homem... na Rússia, não?

- É... ele respondeu, ainda seco, pegando as folhas da mão dela. – Meu bem, eu preciso trabalhar. Vai dormir, vai.

- Você vai demorar?

- Não sei... ele disse, com um sorriso forçado.

Toni acariciou e beijou o alto de sua cabeça.

- Não demora...

- Não... ele disse, segurando e beijando sua mão.

Toni afastou-se, saindo. Já conhecia o marido o suficiente para perceber que ele precisava ficar sozinho. Era como se ele estivesse em um transe e necessitasse de solidão para criar.

Ele colocou as duas folhas no lugar em que estavam, levantou-se, foi trancar a porta e voltou a sentar-se na escrivaninha. Respirou fundo, colocou outra folha de papel na máquina e voltou a escrever. Começou pelo título como sempre fazia: “Satellite”.

Era um pouco mais de uma da manhã quando ele entrou no quarto. Fechou a porta e foi sentar-se na cama em silêncio, para não acordar Toni. Acendeu o abajur perto dele e depois um cigarro sempre estrategicamente colocado em seu criado; ajeitou e apoiou-se no travesseiro e ficou assim, soprando a fumaça para longe deles. Não tinha sono.

- Que é que você tem? – Toni perguntou.

Ele olhou outra vez assustado para ela.

- Caramba, você não vai dormir hoje?

- E você, vai?

- Perdi o sono...

- Eu perdi o sono por sua causa! Você não perdeu, nem deitou pra dormir! Posso saber pelo menos o motivo?

- Uma cabeça cheia de ideias que querem sair todas ao mesmo tempo. Satisfeita?

- Muito. Vamos ter um álbum duplo este ano? Quem sabe um “Brick Road”... ou um “Blue Moves”?

Ele sorriu e deu mais uma tragada.

- Durma.

Ela teimou e sentou-se na cama com ele ao invés disso e cruzou os braços. Bernie olhou para ela e balançou a cabeça.

- Vai me fazer companhia?

- É pra isso que servem as esposas, não?

- Nunca impus isso a você.

- Gosto de representar. Minha irmã é atriz e me ensinou alguma coisa.

Ele apagou o cigarro no cinzeiro e levantou-se.

- Lamento, mas não estou a fim de discutir, Toni. Estou cansado demais. Não quero aborrecer você, mas estou tentando dar um álbum de sucesso pra um cara que está tentando se manter vivo na música, apesar de não admitir isso e eu tenho, queira ou não, uma grande responsabilidade nisso tudo. Não me peça pra explicar pela milésima vez porque eu fico desligado do mundo nesses momentos. Ele precisa desse material.

- Já li sobre isso. A lenda conta que aconteceu algo assim quando vocês estavam preparando o álbum de 73 e os de 75 e 76. E você não estava bem naquela época.

- Como você disse... é lenda...

- Eu li e sei que você estava querendo se afastar dele em 73 e estava se afastando dela em 75...

- Dela quem, Toni?

- Maxine Fiebelman, Bernie!

O nome dito por ela doeu nos ouvidos dele. Não disse nada.

XVIII – “GELO NO FOGO” – PARTE 5

É OUTONO AINDA, MAS ELE VAI SER AMENO...

SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 07/05/2020
Código do texto: T6939859
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