QUEBRANDO BARREIRAS - GELO NO FOGO - PARTE 4
XVIII - GELO NO FOGO (ICE ON FIRE)
“You can’t shoot down the moon, some things never change…
“Você não pode atirar na lua, algumas coisas nunca mudam…
...You can build a bridge between us, but the empty space remains.”
...Você pode construir uma ponte entre nós, mas o espaço vazio
permanece.”
“Shoot down the moon” – do Álbum “Ice on Fire” de 1985
Elton passou aquele final de manhã e grande parte da tarde conversando com Clive Franks, Gus Dudgeon e Steve Brown, os três amigos de longa data. Praticamente desde o início de sua carreira
- Vai voltar a Montserrat esse ano? – Clive perguntou.
- Não. Não há mais porque ir tão longe. Há grandes estúdios aqui mesmo na Europa. Quero ficar o mais tempo em casa possível. Só não gravo aqui em casa porque não estou sozinho, ele falou, rindo.
- Como vai indo o casamento? – Steve perguntou.
- Bem. Segui o seu conselho um pouco tarde demais, mas acho que por enquanto... está valendo a pena.
- Meu conselho?
- Você me falou, logo que eu comprei Hercules, que eu já tinha dinheiro, uma casa, fama e estava faltando uma mulher e filhos pra completar o pacote, lembra?
- Eu lembro, falou Gus, interferindo.
- Mas eu sabia que você não seguiria, falei brincando, disse Steve. – Naquela época você estava morando com o Reid e... sei lá... A vida dá tanta volta... Mas antes tarde do que nunca, né?
Elton ficou em silêncio, não tinha muito que falar sobre aquilo naquele momento.
- Essa estória do bebê é verdade? – Gus perguntou para quebrar o gelo da situação.
- Não, ainda, Elton respondeu com um sorriso sem graça. – Esperamos que ele venha esse ano.
- Não consigo imaginar você como pai, falou Clive.
- Nem eu! – Elton respondeu, rindo. – Mas é por isso mesmo que eu quero que ele venha logo. Daqui algum tempo vou ser é avô do meu filho!
- Sempre é tempo. Lennon tinha mais ou menos sua idade quando Sean nasceu, disse Gus.
- É... respondeu ele, com um jeito triste, ao lembrar-se do amigo morto em 80. – Mas eu tenho medo de já estar longe demais dele quando ele tiver idade de precisar de mim realmente como pai. Daqui dez anos eu vou estar com quarenta e sete e ele com nove ou dez...
- Ótima idade. Você vai estar saindo da adolescência, brincou Clive. – Vai ter muito que ensinar.
Gus e Steve riram. Elton fez uma careta para ele, mas riu também.
- Muito engraçado, Franks. Talvez você tenha razão, mas eu não sei se quero ensinar pro meu filho o que eu aprendi na minha adolescência. Eu não aprendi nada de bom nela. Nem a respeito de moral, nem a respeito de sexo, nem a respeito de nada...
A última frase foi dita de um jeito amargo que todos os três ali naquela sala entendiam bem o motivo.
- Talvez por isso você será um pai tão bom quanto qualquer um de nós poderia ser. Os ensinamentos serão novos.
- Espero...
- Só que... pra se ter um filho, a gente tem que fazer um primeiro. Eles não podem estar só no nosso pensamento...
- O que você quer dizer com isso? - Elton perguntou.
- Oras, Elton, todos nós sabemos que você e Renate dormem em quartos separados...
- E daí?
Clive ficou em silêncio. Steve, que tinha entendido seu pensamento e não tinha medo da reação de Elton, perguntou:
- Você transa regularmente com sua mulher pra poder fazer esse filho?
Elton olhou para os três e respondeu com um cinismo forçado, ajeitando-se no sofá.
- Claro, isso não significa nada! Somos um casal moderno. Nossos quartos são separados, mas... há uma conexão entre eles. Vocês sabem disso, caramba!
- Desculpe a indiscrição, Elton, mas felizmente não dormimos com você... nem com ela pra...
Os três riram.
- Vocês são tão... Vão... tomar no... banho!
Ele se levantou e disfarçou, indo ligar o estéreo.
No domingo, Elton e Renate partiam de férias para a Flórida, onde visitaram a Disneylândia.
Voltaram a Londres do mês seguinte e Elton assistiu a uma partida do Watford contra o Everton, o mesmo que havia derrotado seu time no final do campeonato inglês no ano anterior. E a decepção se repetiu. O Everton bateu o Watford de dois a zero. Gols de Graeme Sharp e Andy Grey.
Mesmo assim, Elton estava satisfeito. Quando o juiz apitou no final ele estava chorando, mas considerou aquele “Um dos dias mais felizes de sua vida”.
XVIII – “GELO NO FOGO” – PARTE 4
É OUTONO AINDA, MAS ELE VAI SER AMENO...
SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
BOM DIA!