Q.B. - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM - PARTE 16
XVII - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM!
(Tell me what the papers say - Ice On Fire – 1985)
…de Your Song a Sad Songs…
...o tempo que leva pra contar os passos de um Superstar.
Na manhã seguinte, pouco antes das onze, Martin Page, músico, produtor e arranjador, amigo de Bernie, estava entrando na mansão de San Fernando Valley, a chamado dele.
- Vim o mais rápido que pude. O que foi?
- Preciso de você pra musicar uma... letra minha.
Martin ficou olhando para ele, sem entender nada.
- Acho que vou precisar me sentar, posso?
- Claro! Desculpe... falou Bernie, apontando a cadeira diante da mesa onde tomava seu café.
- Você... não se desligou do Elton novamente... desligou?
- Não! Não, claro que não! Estamos mais unidos que antes. É que... o Mickey do Starship me propôs escrever alguma coisa pra eles gravarem e eu escrevi...
- E é lógico que Elton não poderia ser o músico pra essa letra...
- Não tem nada a ver com o trabalho dele ou mesmo com ele. É coisa minha.
- Você está nervoso ou eu estou vendo coisas?
- Eu estou... confuso...
- Não vou nem perguntar o motivo, mas... posso ver a letra?
Bernie foi até o estúdio e Martin o seguiu. Bernie lhe entregou uma folha de papel que ele leu com atenção, sentado no banco no piano. Ao terminar a leitura, Page olhou para ele e perguntou:
- Você brigou com a Toni?
Bernie balançou a cabeça, negando.
- Tem jeito de Toni, isso aí?
- Não, tem jeito de... Maxine Fiebelman. Por isso mesmo eu estou perguntando.
Bernie fechou os olhos e foi sentar-se numa poltrona, colocando a cabeça entre as mãos.
- Você acha que daria pra colocar essa letra no repertório do Elton? Ou mesmo no do Starship?
- Você tem visto ela?
- Vi... ontem... ou melhor... vi hoje de madrugada.
- Cara, você não...
- Não, não! Pelo amor de Deus, eu não seria capaz de trair a Toni com ela! Seria ridículo! Retrocesso total!
- Não digo que seja pra tanto, mas...
- É ridículo simplesmente pensar nisso, Martin! – falou ele, erguendo-se novamente e começando a andar pelo lugar.
- Então, você se viu tentado pelo menos...
Bernie parou e olhou para ele com ar perdido.
- Dá pra crer? Eu cheguei a sentir saudades do tempo em que a gente ficou casado, cara... Era tão... bom...
Martin riu gostoso.
- É a coisa mais normal do mundo, BT. Você viveu com ela quatro anos e meio. Maxine é uma mulher bonita, uma das loiras mais bonitas que eu conheço que não é atriz de cinema nem cantora pop. Se você não me dissesse que ficou doido pra dormir com ela, eu começaria a acreditar naqueles boatozinhos do final da década que diziam que você e o Elton...
- Droga, Martin! Me ajude! Eu não estou brincando!
- Mas o que, afinal de contas, aconteceu de tão extraordinário?
- Nada! Só descobri que... ela ainda me ama!
- E só agora você descobriu isso? – Martin perguntou calmamente.
- Ah, cara, ela pulou rapidinho pros braços do Passarelli, quando nosso casamento entrou em crise e acabou!
- Pra te fazer raiva! Pra te fazer ciúmes!
- Ela quase me matou, Page! Já te contei o que aconteceu! Foi o pior período da minha vida! Que amor torto é esse?
- Você também não estava muito centrado naquela época pra que ela agisse com todo seu bom senso, Bernie. Ela também sofreu um bocado e está sozinha de novo até agora. Nem com ele ela ficou! E você acha que foi por amor a quem ou a quê?
- É, talvez você tenha razão... mas me chocou de qualquer forma.
- Vai querer voltar?
- Você está doido, cara? Eu amo minha Toni!
- Então por que esse desespero todo?
- Martin, eu estou só passando pra você uma sensação que me perseguiu o resto da madrugada. Foi a primeira vez, depois de oito anos, que eu senti algo diferente de... carinho... pela minha ex-mulher. Eu já a odiei um dia, já quis vê-la morta, quase morri por ela, quase... destruí minha vida por não me aceitar sem ela e o Elton cantou toda essa minha revolta no “Blue Moves” em 76 e... ontem... todo esse 76 voltou inteirinho na minha cabeça. Deus sabe como eu odeio lembrar disso. Eu fico ouvindo a letra de “Tonight”... “Between seventy and twenty” na minha cabeça cada vez que penso nisso, caramba!
- A Toni está aqui? - Martin perguntou em voz baixa.
- Claro que não!
- Bem, se foi só uma sensação passageira... É uma sensação normal de um homem saudável que ainda está vivo e ama sua mulher linda, mas que amou demais sua ex-mulher e se sentiu tentado em transar com ela de novo depois de anos... Você tem seu coração na boca, nas mãos... e nas partes certas do seu corpo, Bernie!
- Para, Martin! Não me faz me arrepender de ter escrito essa letra!
Bernie quis pegar o papel da mão dele, que Martin escondeu nas costas, evitando que ele pegasse.
XVII – “CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM” – PARTE 16
VAMOS ESPERAR QUE SEJAM NOTÍCIAS BOAS!
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
VAMOS SAIR DESSA MELHORES!
SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
BOM DIA!