Q.B. - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM - PARTE 14
XVII - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM!
(Tell me what the papers say - Ice On Fire – 1985)
…de Your Song a Sad Songs…
...o tempo que leva pra contar os passos de um Superstar.
Bernie riu, tomando um gole de vinho e baixou os olhos. Quando os ergueu, fixou o olhar nos olhos azuis dela. Maxine fez o mesmo e olhou com mais atenção em seus olhos verdes.
- Por que a senhora Taupin não veio? – ela perguntou, para quebrar aquele instante, ajeitando os cabelos loiros.
- Ela não está no país. Está fotografando para uma revista francesa em Paris.
- Que bom... Ela é muito bonita...
- É rotina.
- Enquanto isso, você se diverte aqui, na América, sozinho.
- É... Paquerando minhas ex-mulheres, ele falou quase que para provocá-la, olhando-a nos olhos.
- Não brinque assim... Maxine disse a sério.
- Você também está tão bonita... ele disse também a serio.
- Pare com isso, ela insistiu.
- Com o quê? Você elogiou a minha mulher e eu não posso elogiar você? Isso não te toca mais... ou toca?
- Claro que não!... ela disse, rapidamente. – Mas esse tipo de coisa já não cabe mais entre nós. Chega até a me ofender.
Ele sorriu.
- Ofende? Uma mulher de trinta e três anos que se ofende quando um homem diz que ela está bonita. Isso me faz pensar que só eu enxergo você nesse mundo. Você não costuma receber elogios?
- Não é isso. Você parece fazer questão de me provocar.
- Tudo bem, não falo mais nada. Só queria ser gentil. Não quis te ofender. Nunca quis... entendeu?
Ela baixou os olhos e olhou para o copo. Bernie apoiou o rosto na mão e ficou batendo com a unha do indicador na beira do copo, olhando para ela. Maxine sentiu-se nua diante do olhar dele.
- Você... não fuma mais?
- Feito um doido, mas estou tentando parar... como parei de beber. Dizem que faz mal à saúde, ele disse, rindo cínico. – E estamos num restaurante. Dizem também que é falta de respeito... contra a lei... aquelas coisas. Estou tentando me comportar. Sabe como é... país novo, mulher nova... Minha saúde vem em primeiro, agora... por ela.
Maxine sentiu-se mal com o jeito provocativo de ele falar.
- Acho melhor a gente ir andando. Já é tarde.
- Não é tarde. É cedo. Não são nem quatro da manhã...
Maxine, aborrecida, levantou-se e saiu do restaurante. Bernie, calmamente, como tudo que fazia, pagou a conta e a seguiu. Ela estava parada perto do carro quando ele se aproximou.
- Eu noto que você fica sempre vulnerável quando eu ameaço tocar no que já aconteceu um dia com a gente... e como tudo mudou, ele disse. – Dá até a impressão de que se eu dissesse que ainda te amo, você desmaiaria.
Ela juntou todo o orgulho que tinha e o encarou.
- Para com isso! Você não me ama...
- Não, não mais... como antes... Você e eu nunca conversamos sobre isso, mas... tem tanta coisa engasgada na minha garganta que eu sinto que vou explodir cada vez que te vejo.
Ela começou a chorar.
- Por favor, Bernie... para!
- Você tem ideia do que fez comigo naqueles dois anos depois que me deixou e passou a viver com o Kenny sem ao menos pensar em mim? Eu estava trabalhando com o cara na mesma época.
- O que você queria que eu fizesse?
- Não sei... Saísse da cidade, do país, fosse pra longe de mim de uma vez! Era como se... nós três estivéssemos dormindo na mesma casa, na mesma cama...
- Não sei como esse seu casamento ainda dura seis anos. Como você pode dormir com ela pensando desse jeito ainda sobre mim? Ela deve aguentar muito mais do que eu aguentei. Você também me trocou pela sua música, lembra?!
Bernie sentiu-se quase ofendido, a verdade era bem outra, mas não se abalou. Continuou tranquilo. Retribuiu a frase cruel com outra.
- E ela vai aguentar muito mais e ser muito feliz comigo. Porque eu não era e não sou esse monstro que você pintava. Eu não te troquei por nada! Você só não teve paciência e não percebeu que eu estava perdido, cansado, com medo do que ainda podia me acontecer se eu não me afastasse do Elton. Você não me apoiou em nenhum segundo. Preferiu se afastar do cara que bebia demais pra esquecer que era quase uma relíquia caríssima de Elton John. Um dos vasos caros que ele mantinha fechado no cofre dele a sete chaves e do qual não abria mão por nada. Que eu era um dos vícios dele. Ele quase... me plantou na cobertura dele, como dizia a música... Mas você preferiu se afastar de mim quando eu me perdi, no momento em que eu mais precisei de você!
- Eu era muito jovem, não sabia o que fazer! Mas eu te amava...
- Mas me trocou pela Passarelli sem olhar pra trás! Você amava estar ao lado de alguém que estivesse ligado ao Elton. Você não me amou nem quando nos casamos, Maxine. Depois de algum tempo, você não gostava nem do Elton mais porque ele ficou insuportável pra todo mundo. Você gostava da sensação de ser a costureira da banda ainda, agora de qualquer integrante. Quem foi o próximo depois do Kenny? O Caleb?
- Chega! – ela gritou, colocando as duas mãos nos ouvidos. – Para com isso. Você não tem o direito de falar assim comigo!
Bernie abriu a porta do carro dela e depois ia dar as costas para ir para o seu, mas Maxine o chamou:
- Bernie!
Ele parou.
- Me desculpe...
Ele sorriu ainda sem olhar para ela.
- Desculpar você? Eu não tenho mais o que desculpar. Acho que quem tem que me desculpar é você pela minha infantilidade e por ter tirado você da sua linha de vida. – Ele se voltou para ela. – Aconteceu tanta coisa desde o tempo em que eu tinha vinte anos e você dezessete... Lamento por tudo... A gente se vê.
Bernie entrou no próprio carro e se afastou dali. Ela fechou os olhos não acreditando no que ela mesma havia feito. Entrou em seu carro e deu a partida, chorando, zangada consigo mesma. Pegou a avenida.
XVII – “CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM” – PARTE 14
VAMOS ESPERAR QUE SEJAM NOTÍCIAS BOAS!
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
VAMOS SAIR DESSA MELHORES!
SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
BOM DIA!