Q.B. - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM - PARTE 10

XVII - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM!

(Tell me what the papers say - Ice On Fire – 1985)

…de Your Song a Sad Songs…

...o tempo que leva pra contar os passos de um Superstar.

O médico veio, examinou Elton e o colocou a par do que todo mundo já sabia: nada de turnê, ele precisava descansar. O diagnóstico definitivamente não era gravidez! Nosso herói só estava exagerando em sua dedicação ao trabalho. Elton, mesmo assim, fez o show no Spectrum.

No dia seguinte, um domingo, ele não estava muito melhor, mas não quis dizer nada a Renate, quando ela ligou de Nova Yorque, para onde ele iria no dia seguinte, fazer mais seis shows. Conversou com ela normalmente e não disse nada. Os rapazes o repreenderam.

- Que você não falasse para sua mãe, naquele tempo, ainda dava pra entender, Elton, mas a Renate?! Ela era a primeira pessoa que tinha que saber que você está doente, cara! Ela é sua mulher! – bronqueou Nigel.

- Eu não estou doente! – ele falou, deitado no sofá, com uma bolsa de água quente na cabeça.

- Como não está!?

- É só reflexo... ele disse com um leve sorriso.

- Reflexo do quê? – Davey perguntou.

- Ela está sentindo a mesma coisa lá...

Fred, Nigel, Dee e Davey olharam-se ressabiados.

- Como é? – Dee perguntou. – A Renate está doente também?

- Não necessariamente doente... Ela anda... sentindo... enjôos também...

Nenhum deles disse nada. Apenas ficaram olhando para Elton, como se ele fosse um extraterrestre. Elton riu fraquinho e fechou os olhos, enrolando-se ainda mais no lençol que o cobria.

Nigel perdeu a paciência e afastou-se, colocando as mãos no rosto, nervoso.

Mas o estômago de Elton não tinha piedade dele. Subitamente sentiu tudo girar e virar dentro dele e teve que sair correndo novamente para o banheiro com a mão na boca.

Os quatro rapazes olharam-se atarantados.

- Eu não acredito... falou Davey. – Cadê o John?!

- Será que a Renate... começou Fred. – Será que ela...

- Se ela está... Ah, pelo amor de Deus, eu já ouvi falar de maridos que sentem desejos durante a gravidez de um filho, mas isso... isso é ridículo! Ele está agindo como se ele estivesse grávido!

- Não vamos nos precipitar, aconselhou Dee. – Ninguém tem certeza de que a mulher dele está realmente grávida. Ele já está assim há algum tempo. Enjoo não é só sinal de gravidez. Pelo menos... não no caso dele, o médico disse. Não vamos perder o foco, pessoal.

- O Dee está certo, concordou Nigel. – Ele tinha que estar num hospital!

Davey começou a rir gostoso, desabando sentando no sofá onde Elton estava deitado.

- Ia ser engraçado...

- O que ia ser engraçado? - Elton perguntou, aparecendo na porta do banheiro, meio verde, com uma toalha na boca.

- Se você estivesse grávido! – Davey respondeu.

Elton aproximou-se deles novamente, puxou Davey do sofá e deitou-se de novo.

- Vá pro inferno, Davey Johnstone!

- É só brincadeira. Desculpa. Você acha que a Renate está mesmo grávida?

- Eu não acho nada. Não quero ficar colocando ilusões na minha cabeça. Pode ser... Nós dois queremos muito. Eu mais do que ela talvez... Minha cabeça está rodando... Bob!

Bob apareceu com um copo de água e um comprimido.

- Era isso que eu ia pedir. Você é meu anjo da guarda, já te disse isso?

- Várias vezes e... se eu fosse você, cancelaria esse show de terça-feira no Madison.

Elton tomou o comprimido e devolveu o copo.

- Você é só meu anjo da guarda, não é Elton John. Eu melhoro até amanhã...

Mas não melhorou. Elton foi para Nova York no dia 23 de manhã e quando chegou a seu apartamento no prédio do Dakota, ainda estava passando mal. Renate não deixou de ficar aborrecida com ele, com John e até com Bob, por não terem lhe contado que o marido não estava bem. E ainda mais zangada ficou com Elton e graças a sua pressão, o show foi cancelado.

À noite, deitada ao lado dele na cama, Renate ainda se queixava.

- Você não confia em mim, não é?

- Eu já falei que não queria deixar você preocupada... ele falou, de olhos fechados e segurando a mão dela junto ao peito.

- Eu sou sua mulher, Elton. É minha obrigação me preocupar com você! Você devia ter-me dito!

- Pra me redimir, prometo não morrer, ele disse sorrindo, ainda de olhos fechados.

- Não brinque com essas coisas! – ela falou, apertando a mão dele.

- Já passei por isso várias vezes. Não dá pra morrer. Não vou morrer tão cedo, acredite. Só lamento que meu primeiro show no Madison tenha que ter sido cancelado.

- Primeiro você, depois sua música. Ela não existe sem você. Por mim, cancelaria todos. Do jeito que você está, precisaria de mais alguns dias pra ficar bom o suficiente.

Ele abriu os olhos.

- Não, amanhã eu preciso estar lá. Mas vamos parar de falar de mim. Como você está? Ainda está sentindo aqueles enjôos?

Ela balançou a cabeça confirmando.

- Será?... ele perguntou ansioso.

- Não sei... Quero pensar que estou nervosa e preocupada com você e meu corpo está reagindo a isso.

- Se você não estiver... eu estou. Ando botando pra fora tudo que nem tenho no estômago...

- Essa função é minha, mocinho! – ela ralhou.

- Claro, ele disse, sorrindo e beijando sua mão.

Passou a mão sobre o estômago e sentiu um mal estar.

- Droga!

- O que foi? – ela perguntou, preocupada.

- Nada, ele falou, suspirando longamente para fazer passar a sensação ruim.

Ela abraçou-se a ele e Elton fechou os olhos, tentando relaxar e dormir, mas antes falou:

- A gente pode ter esse bebê no meio do ano que vem, não pode?

- Não é impossível, Elton, mas eu não posso te prometer nada...

- Por favor...

Renate beijou sua testa e respondeu, só para deixá-lo tranquilo:

- Se dependesse só de mim, amor... mas não depende. Durma agora.

XVII – “CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM” – PARTE 10

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