Q.B. - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM - PARTE 4

XVII - CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM!

(Tell me what the papers say - Ice On Fire – 1985)

…de Your Song a Sad Songs…

... o tempo que leva pra contar os passos de um Superstar.

Bernie foi para perto de um espelho grande na parede e ajeitou os cabelos, amarrando-os num rabo de cavalo atrás da nuca. John o observava e comentou.

- Seu cabelo evidencia as entradas quando você prende assim. Fica muito charmoso...

Bernie ficou olhando para si mesmo no espelho e sorriu.

- Obrigado.

- Mas você vai ficar careca quando ficar mais velho, John acrescentou sem nunca perder a vontade de sutilmente aborrecer Bernie.

- Você acha? – Bernie perguntou, tranquilo, passando os dedos nas entradas na testa. – Meu irmão também já me falou isso.

- Não tem medo?

- Não... Não tenho essa neurose como o Elton.

- Há tratamentos modernos muito eficazes nesses casos mais leves. O Elton judiou demais do cabelo dele. Pintava no lugar errado, de tudo quanto era cor e com a tintura errada e deu no que deu... Você podia...

- De jeito nenhum. Não vou fazer nada. Meu caso é hereditário. Se começar a ficar... eu corto tudo. E ainda vai demorar. Quer dar uma olhada no roteiro do clipe? – ele disse, voltando-se.

- Leva tudo lá pra casa e vemos junto com ele. Vocês têm uma entrevista com a Rockline, amanhã, você sabe, não sabe?

- Sei, você já me falou. Vamos descer?

Os dois desceram e Bernie foi ao estúdio apanhar suas anotações. John aproximou-se de sua escrivaninha e apanhou uma das folhas escritas sobre a máquina de escrever, começando a ler o que parecia ser uma nova letra. O título: “Paris”.

John leu toda a letra e, quando terminou, olhou para Bernie que estava também olhando para ele.

- Linda...

- Obrigado.

- Pra quem é?

- Não leu o título?

- Li, claro, dedicada a Paris, mas... por quê? Você esteve lá ultimamente?

- Não preciso estar lá pra gostar e escrever sobre a cidade. Amo Paris. Adoro a França inteira. Meu “Taupin” é francês. A família do meu pai é francesa. Meus genes são metade de lá, cherry.

- Eu sei...

- Mas... eu estive lá sim.

- Vai entregar pro Elton?

- Por que não?

- Pra quem crê na parada definitiva dele...

- Não acho que ele vá parar de compor... Vai parar de excursionar. E essa letra pode não ser pra ele, pode ser pra mim, John. Eu não escrevo só pra ele. Desta vez, se ele parar, eu não vou ficar “chorando” a falta dele, como apregoaram em 76. O cordão umbilical foi cortado há anos. Já te falei isso. Eu ando explorando meu próprio talento. Ando vendendo meu trabalho a quem pagar mais e me promovendo em cima da promoção que ele me dá o direito de usufruir. Meu universo é bem vasto agora, bem vasto mesmo. E não pretendo ficar só com a música. Vou produzir e colaborar com gente nova que me procure na América... Vou publicar minha autobiografia...

- Quando?

- Não sei... Não estou com pressa... Minha vida correu demais depois dos dezessete anos pra eu correr pra escrevê-la antes deles. Tudo foi muito intenso e bucólico dos meus dez anos até eu pegar aquele trem da estação de São Marcos pra King’s Cross em Londres. Vai ser tudo bem explicado e eu quero deixar as pessoas bem esclarecidas sobre quem foi Bernard John Patchett Taupin antes de tudo... mas pra isso, elas vão ter que comprar meu livro...

Os olhos de Bernie brilhavam olhando para si mesmo no espelho como se visse outra pessoa. Depois, saindo do êxtase, continuou:

- ...mas também, pretendo criar vacas e cavalos na minha fazenda, me dedicar mais a isso. Vou me dedicar às artes plásticas. Pintar mais... Há vida além da “estrada de tijolos amarelos”, amigo. Quero ter meu nome no meu currículo por mim... Fazer meu dinheiro render por mim. Eu sou mais do que... “o cara que escreve as palavras para Elton John cantar”.

John demorou o olhar sobre ele e disse:

- Quem te viu e quem te vê...

Bernie não disse nada. Ficou olhando para ele, sério. O rosto fino e moreno do sol da Califórnia mostrava uma firmeza de aço, bem diferente de anos atrás quando ele era apenas um garoto sonhador. E era a isso que John se referia com sua frase feita.

- Você mudou tanto! Às vezes você me dá medo...

XVII – “CONTE-ME O QUE OS JORNAIS DIZEM” – PARTE 4

VAMOS ESPERAR QUE SEJAM NOTÍCIAS BOAS!

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

VAMOS SAIR DESSA MELHORES!

SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 17/04/2020
Reeditado em 08/06/2020
Código do texto: T6919636
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