Q.B. - QUERO BEIJAR A NOIVA! - PARTE 12

XVI - QUERO BEIJAR A NOIVA!

And when the preacher said: “Is there anyone here

Gotta reason why they shouldn’t wed?”

“Kiss the bride” – (Álbum Too Low For Zero – 1983)

Abril foi o início da continuação da legendária turnê de Elton pela Europa. Gdanski, Ostrowice e Katowice, na Polônia foram as primeiras cidades que ele visitou com sua música. Em Gdanski não só cantou e tocou, mas fez mais um fã, Lech Walesa, o presidente do partido polonês Solidariedade. Lech conversou com ele por muito tempo e ficou lisonjeado por ter sido convidado a assistir a um show de Elton. Foi, viu, ouviu tudo apoiado na beira do palco e gostou da música de Elton. Foi uma emoção diferente para ambos.

A música conseguia e consegue unir povos de todo mundo, mesmo os de diferentes pontos de vista político e religioso. Elton provou isso!

Depois ele foi para Budapeste, na Hungria; Sarajevo, na Iugoslávia e esteve também na Tchecoslováquia.

Em maio, encontrou-se novamente com Renate e esteve com ela no Festival de Montreux, na Suíça, onde interpretou “Sad Songs” e “I’m Still Standing” que havia ganhado o prêmio de melhor vídeo do ano de 1983.

A turnê continuou: Koln, na Suécia, e depois Alemanha, país natal de sua esposa, onde visitou cerca de dez cidades, inclusive fazendo shows em Bad Segeber e Ludwigshafen, no dia 02 de junho.

Elton foi à França que recebeu de volta o velho amigo.

O compacto “Sad Songs”/“A Single Man” foi lançado simultaneamente na Inglaterra e nos Estados Unidos e “Sad Songs” já invadia as paradas de sucesso.

Nessa ocasião, ele deu uma entrevista na TV francesa a Milton Blay no início do mês de junho.

- Como os países do Leste europeu reagem à sua música, Elton? – o repórter perguntou.

- Não dá pra analisar ou generalizar. As reações são bem imprevisíveis a tal ponto que chega a sentir medo antes de entrar em cena. Na Inglaterra, por exemplo, as cidades do sul aplaudem de maneira calorosa, porém contida; nos centros industriais, como Liverpool e Manchester, as pessoas ficam histéricas. Exatamente como aconteceu em Ostrowiec e Katowice, duas cidades mineiras da Polônia. Tenho grandes surpresas. Em Sarajevo, na Iugoslávia, o show ia correndo normalmente e de repente milhares de velas e isqueiros se acenderam enquanto eu cantava “Benny and the Jets”. Já tinham me falado que um cantor de lá havia gravado essa música, mas eu ignorava até que ponto ela era popular. Eu conheci pessoas maravilhosas, descubro coisas sem parar. Diga-se de passagem, que comecei pela Rússia em 79 e não parei mais.

- Há um risco nisso, não há? Você não tem medo de perder seu prestígio no ocidente por isso?

- Quando eu comecei a estender meus horizontes pro Leste era justamente isso que eu queria. Eu tinha... necessidade de ter medo, de correr riscos. E foi bom conhecer outros países, novas situações, reações inesperadas, tremer ao entrar num palco... Valeu a pena. Não é rentável fazer show nesses países, mas tenho dinheiro suficiente pra me permitir esse tipo de fantasia. Preciso, eu tenho sede de descobertas.

- A Iugoslávia é uma exceção ou os jovens do Leste conhecem bem Elton John?

- Bem, na Polônia, eu fui o primeiro a dar um concerto de rock desde que os Rolling Stones se apresentaram lá em 67. Mas, além da inegável curiosidade que eles têm, há uma vontade muito grande de conhecer a música ocidental. Numa outra excursão, eu pude constatar que sou conhecido também na União Soviética. Em Leningrado cerca de trezentas pessoas me cercaram e me seguiram por todo canto, o tempo todo. Muitos deles sabiam mais de mim do que eu mesmo. Lá, um álbum meu custa meio salário! E mesmo assim, constatei que muito do que se diz na Europa Ocidental sobre os países socialistas não é verdade. Os poloneses, por exemplo, não passam fome; ao contrário, comem muito bem até. Há muita coisa que eu mesmo pensava que descobri estar totalmente enganado.

- Dá pra dar exemplos?

- Ah, coisas como... descobri que Chopin era polonês! – ele riu. – Nunca consegui associar Chopin com a Polônia. Sempre o considerei francês e mesmo agora, vou continuar considerando. Dvorak é tcheco! Pra mim ele era dinamarquês. Sabe, é como... voltar à escola da forma mais divertida possível.

- Você esteve na China, no ano passado. A receptividade deles é a mesma, ou...

- Bem, eu não estive na China como Elton John, estive como presidente do Watford, em visita protocolar, mas achei que lá ainda não era lugar pra mim e minha música ainda.

- Por quê?

- Eles não conhecem nada de rock! Mas eu acredito que as coisas vão mudar por lá. Um dia tudo entra nos eixos e aí eu volto. Como vou voltar à África.

- Apesar das ameaças.

- Apesar de qualquer ameaça. Quero me apresentar para os negros de Soweto. Se eu posso dar prazer às pessoas por duas horas, por que me privar disso? Eu não sou político, sou músico. Onde eu conseguir chegar, eu canto.

- Mudando um pouco de tema, Elton, quando você escolheu o rock, lá no início da sua carreira, você abandonou de vez a música clássica e o estudo de piano?

- Deixa eu lembrar... faz tanto tempo... ele falou, rindo em seguida. – Mesmo no tempo em que eu estudava da Real Academia de Música, em Londres, meu coração batia ao lado do rock. Sempre me neguei a tocar exclusivamente músicas de terceiros e jamais consegui compor uma música clássica ou contemporânea erudita. Piano pra mim, ultimamente, só no palco. Fora das turnês nem chego perto dele. Em casa eu trabalho num estúdio de oito pistas e descobri há pouco tempo um sintetizador Yamaha G.S., que me permite compor como se fosse na guitarra. Eu o usei pela primeira vez para compor as canções do álbum “Too Low For Zero”, do ano passado.

- Qual sua fase preferida para compor? Há uma... um momento especial ou quando a oportunidade ou a inspiração vem, você senta no piano e compõe?

- Não, há uma... disciplina pra isso. Eu gosto de compor em intervalos de oito meses.

- Sua carreira foi cheia de idas e vindas, altos e baixos. Como você resumiria seu trabalho como músico, ao lado de Bernie Taupin, a pausa em 76/77... Você se considerava tão bom no início quanto é agora? Alguma coisa mudou?

- Tudo mudou e nada ao mesmo tempo. No início eu e Bernie éramos excessivamente esnobes, sofisticados e, sobretudo, muito ruins, ele riu. – Depois mudamos e acusaram a nós dois de sermos deliberadamente comerciais, o que era ridículo, porque não éramos. Eu e ele tentamos mesmo ser comerciais compondo “Snokeroo” para Ringo Starr, que foi um desastre. Fizemos “Let me be your car” para Rod Stewart, uma verdadeira catástrofe. Acho que a única coisa realmente comercial que fizemos e que deu certo, que vendeu bem, foi “Philadelphia Freedom”, dedicada a Billy Jean King e “Don’t go breaking my heart” para Kiki Dee. Depois eu me senti deprimido e pensei que estivesse acabado quando vi que não conseguia voltar ao sucesso estrondoso de 75. Minha música era boa, a banda era ótima, mas eu não sabia ser mais nada a não ser Elton John. Era hora de provocar um corte, parar tudo e parei. Fiz outras coisas, me dediquei ao futebol e quando pensei que não fosse mais pisar num palco, voltei e a cabeça já estava no lugar. Hoje em dia, as coisas já estão no lugar. Tenho minha vida e minha carreira em ordem. Encontrei um equilíbrio entre o trabalho, minha vida e meu time de futebol. Estou consciente de que foi bom sair e me sinto feliz agora.

- Você se considera feliz, mas várias de suas músicas tem por tema a morte, como “I think I’m gonna kill myself”... Por que isso? A morte o preocupa?

- Claro que me preocupa. Não que eu pense nela vinte e quatro horas por dia ou que fique pensando no que vá fazer pra não morrer, mas me preocupa sim. Mas não é só isso que me faz cantar músicas tristes, melancólicas. As letras de Bernie me ajudam a compor coisas assim. Já compus coisas que gostaria de ouvir no meu funeral! – ele concluiu rindo. – Mas muitas vezes não tem nada a ver com morte. Quanto a ser bom quanto no início, sei lá... pesquise as vendas dos ingressos para os meus shows...

Milton sorriu e arriscou uma última pergunta que fecharia a entrevista:

- Você é muito popular no Brasil há mais de dez anos... Nesses tempos cheios de apresentações fantásticas, você tem planos de se apresentar no Brasil nos próximos anos?

Elton sorriu e respondeu simplesmente:

- Por que não?

XVI - QUERO BEIJAR A NOIVA – PARTE 12

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

VAMOS SAIR DESSA MAIS FORTES!

SAÚDE E PAZ AO MUNDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/04/2020
Código do texto: T6904093
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