QUEBRANDO BARREIRAS - OLHOS AZUIS - PARTE 18
XV - OLHOS AZUIS
Blue eyes, baby’s got blues eyes
Like a deep blue sea on a blue, blue day…
“Blue eyes” – do Álbum Jump Up! – 1982*
Todos, Dee, Nigel e Fred Mandel, se acomodaram e a conversa continuou animada.
- Mas por que piano e guitarra? Do que você gosta mais? – Elton perguntou, interessado.
- Não sei. Me sinto bem fazendo as duas coisas. Comecei com o piano aos quatro...
- Como eu, disse Elton. – Só espero que não tenha começado por birra também.
- Não, não foi bem assim. Eu gostava, ou acho que gostava, é aquela coisa que pai e mãe querem, sabe?
- Sei... Meus pais eram músicos e não deu pra escapar, no meu caso... Tinha um piano na sala...
- Aí, descobri a guitarra com sete e com o tempo não sabia do que gostava mais. Quando estava no piano, queria tocar guitarra; quando estava na guitarra, queria sentar no piano... e aí...
- Você é inglês também?
- Não, sou de Toronto.
- Canadense! Gosto muito de lá. Como você conheceu esses malucos?
- Tocamos juntos na turnê do Alice Cooper, falou Dee. – Eu, o Davey e ele.
- Ah, eu lembro. É de lá que você conhece o Bernie.
- Isso.
Bernie apenas confirmou balançando a cabeça. Aquelas não eram recordações que ele gostava de ter.
- É você o Fred Mandel do “Starfleet” do Brian May.
- Espero que não tenha outro, Fred falou, sorrindo.
- Acho que conheço você mesmo antes de te encontrar.
- É ele o Fred Mandel do “The Wall” do Pink Floyd, do “The Works” do Queen e por aí afora, completou Davey.
- Pronto, já me deram a ficha completa, falou Elton.
Fred sorriu, corando levemente.
- Falta falar ainda que ele esteve com o Supertramp na turnê do ano passado, ajudou Dee.
- Fred, quando você precisar de dinheiro, já tem três ótimos avalistas para qualquer empréstimo, disse Bernie.
Todos riram.
- Falando sério agora, o que você veio fazer realmente em Montserrat? – Elton perguntou.
- Quer que eu seja sincero?
- Por favor.
- Você é um dos meus mestres do piano que ainda estão na ativa. Eu vim, como eu já disse, xeretar na gravação do seu novo álbum e... puxar o saco.
Elton ficou sem graça.
- Eu não sou mestre de ninguém, mas... agradeço e... posso saber quais são os outros mestres que você teve?
- Jerry Lee Lewis e Little Richard.
Muito emocionado, Elton disse:
- Eram meus mestres também. Obrigado pela minha parte nessa homenagem, mas não pensei que fosse mestre de ninguém já profissional no ramo.
- Esqueceu do Billy Joel? – Bernie perguntou.
- Mas se fui, ele não admite.
- Não é caso de se admitir, é o caso de se ouvir o que ele fazia no início da carreira. Aquilo era Elton John.
Os rapazes concordaram.
- Olha, Fred, eu não costumo testar os músicos que escolho para trabalharem comigo e estou precisando de alguém que entenda de teclados. Quer vir com a gente na turnê de 84?
Fred ficou olhando para ele surpreso.
- Você está brincando?
- Não, não estou. Você tem aqui três avalistas da minha maior confiança que me garantem seu talento. Eu tive por um tempo o James Newton-Howard, mas ele anda metido com seus próprios projetos. Eu nunca posso ter a banda inteira comigo porque eles já são grandinhos demais e me abandonam quando vêem um lenço de alguém maior que eu acenando ao longe...
Ele olhou feio para Nigel, Dee e Davey, que riram.
- ...e vão embora, depois eu imploro novamente e eles voltam e assim vamos levando. Esse ano eu consegui agarrar esses três gênios aqui, mas meu tecladista...
- Quem faz teclados no seu álbum novo?
- Eu mesmo, mas em estúdio eu me viro. É outra história, você deve saber. No palco não dá. Eu tenho que ter alguém pra executar essa parte comigo. Você conhece meu repertório, não?
- Conheço claro, pelo menos oitenta por cento.
- Então eu acho que não há problemas. Você faz teclados quando precisar e dá uma ajudazinha ao Davey na guitarra nos números mais... pesados, digamos assim. Vamos fazer “Hercules”, “The bitch is back”... “Saturday Night’s”, lembra delas?
- Claro! – Fred falou rindo. - Quem não se lembra?
- Eu! Erro a letra quase sempre quando não ensaio antes, Elton falou rindo, também. – Vou levar o Bernie dessa vez pra me soprar tudo dos bastidores.
- Só se for… Vai contando com isso… Bernie ironizou calmamente, tomando um gole de café.
- Bom, mas em resumo é isso. O resto é basicamente tudo teclado pra você. O Davey já sabe como se virar com as garotas de seis cordas dele.
- Vai cantar coisas do álbum novo?
- Ah, claro! É a turnê dele, não é? A gente mostra tudo pra você durante o tempo em que estivermos aqui. Você pode ficar?
- Acho que posso.
- Eu pago tudo.
- Me dê só um tempo pra me acostumar com a ideia. Você tira o oxigênio da gente e já quer que a gente saia correndo três léguas? Daqui a pouco estou quase pagando pra você ir comigo nessa turnê.
Todos riram.
XV – OLHOS AZUIS - PARTE 18
OBRIGADA, SENHOR, PELOS OLHOS VERDES DE BERNIE...
E PELOS OLHOS GRANDES, TRISTES E DOCES DE ELTON!
QUE ESTÃO FELIZES AGORA
GRAÇAS ÀS BARREIRAS QUE ELE CONTINUA QUEBRANDO!
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
BOM DIA!