QUEBRANDO BARREIRAS - OLHOS AZUIS - PARTE 3

XV - OLHOS AZUIS

Blue eyes, baby’s got blues eyes

(Olhos azuis, meu bem tem olhos azuis)

Like a deep blue sea on a blue, blue day…

(Como um mar muito profundo num dia muito, muito azul…)

“Blue eyes” – do Álbum Jump Up! – 1982*

Elton sentiu o coração disparar no peito. Renate continuou:

- Mas eu não quero precipitar as coisas pra você. Somos os dois bem crescidinhos já pra saber que não é só dizer: “Estou apaixonada ou apaixonado por você” e... correr pra um cartório e legalizar tudo. Conheço gente que fez isso e se arrependeu no mês seguinte.

Eles riram. Ela continuou:

- Você tem muito que deixar de lado se quiser dar uma guinada tão grande assim na sua vida, e eu também. Por isso, não faria mal nenhum deixar isso amadurecer e ver até onde nos leva essa... tremedeira que cada um sente quando está perto do outro.

- Você deve me achar um idiota, não?

- Não, eu entendo você. Você nem imagina o quanto. Chamo de idiotice a precipitação e sei que você não começou a sentir isso ontem, começou?

Ele balançou a cabeça, negando.

- Nem eu. Depois daquele beijo, eu não consigo pensar em outra coisa senão nisso. Tenho te observado com mais atenção cada vez que a gente está no mesmo ambiente. Não sou mais uma adolescente, Elton, não estou deslumbrada pelo meu ídolo. Você já foi um ídolo pra mim, mas isso foi há muito tempo. Vim trabalhar com sua equipe e você passou a ser amigo; depois se transformou no homem que me contratou pra trabalhar com ele e agora... uma palavra sua... pode mudar minha vida inteira. Eu não tenho dúvidas, mas vamos dar um tempo pra você. Você tem muito que pesar na sua decisão final. Eu não me importo de esperar. Enquanto isso, quero continuar pesando dentro de mim tudo o que aconteceu e o que pode acontecer com a gente daqui pra frente.

Ele aproximou o rosto do dela e a beijou, desta vez, mais demoradamente. Ela correspondeu. Quando afastaram-se, ela sorriu:

- Considere-se comprometido, moço, ela falou, baixinho, acariciando seu rosto.

Elton segurou a mão dela, aliviado, embora ainda tremendo. Sorriu também.

Davey ia entrando no estúdio, mas, ao ver os dois ali, saiu rapidamente, assustando Nigel e Dee que vinham atrás dele.

- Que foi, cara? – Dee bronqueou.

- Eles estão aí dentro!

- Eles quem? – ele perguntou.

- O Elton e a Renate!

- E daí? A porta está aberta. Não acho que deva ser nenhum segredo o que eles estão fazendo num estúdio de gravação.

- Ele está segurando a mão dela!

Nigel olhou para Dee e estendeu a mão aberta. Dee bateu nela.

- Aconteceu! – gritaram os dois, em voz moderada, rindo em seguida.

- Calem a boca! – Davey disse. – Vocês querem que o estúdio inteiro saiba?

- Ora, e por que não? Eles não estão cometendo nenhum crime! - falou Nigel. - Crime é esse seu ciúme dele. Ainda que fosse o Reid... Eu hein! Se apruma, DJ. Você tem filhos em casa.

O baterista entrou no estúdio seguido por Dee. Davey foi atrás deles, resmungando.

- Quem é que está com ciúme de...

Ele nem terminou a reclamação. Entrou também.

Dentro do estúdio, eles já encontraram Elton sentado ao piano e Renate repassando o tape.

- Oba! – disse Nigel, normalmente como se nada tivesse acontecido.

Ela sorriu apenas. Estava nervosa demais para dizer qualquer coisa. Ninguém se importou com isso e foram direto para os seus lugares. Nigel apossou-se das baquetas e rufou os tambores, fazendo barulho propositalmente. Elton olhou para ele, estranhando.

- Você não saiu? – o baterista perguntou, ajeitando-se na banqueta.

- Não, fiquei ouvindo os tapes. Acho bom a gente repassar tudo pra verificar qualquer falha.

- Viu alguma? – Dee perguntou, encostado ao piano.

- Sempre há alguma coisa. Davey, vamos dar uma revisada geral nos seus solos?

- Você manda, Capitão, falou ele, já colocando os fones e apanhando a guitarra . – O que vai? “Restless”?

- Pode ser, Elton falou, coçando a nuca e ajeitando o banco, olhando sutilmente para o lado, na direção em que Renate estava.

Ela, muito séria, desligou o tape e olhou para ele.

- Querem ajuda? Eu preciso dar um telefonema...

- Não, agora não. Qualquer coisa, nos viramos. Pode ir.

- Até já.

- Até…

Ela saiu. Elton olhou por um segundo enquanto ela saia, depois abriu os braços, fechou os olhos e as mãos e cruzou-as atrás da cabeça, suspirando longamente. Nigel, Dee e Davey ficaram olhando para ele. Quando abriu os olhos, Elton percebeu-se observado e colocou as mãos sobre o teclado, pigarreando.

- Estava só... me preparando.

- Vamos fazer de conta que acreditamos, Davey falou.

Elton ergueu as sobrancelhas e achou melhor não discutir.

- “Restless”... Dá a partida, Johnstone?

Davey praticamente quis quebrar as cordas na guitarra quando deu o primeiro acorde que iniciava a canção e não se falou mais no assunto.

XV – OLHOS AZUIS - PARTE 3

OBRIGADA, SENHOR, PELOS OLHOS VERDES DE BERNIE...

E PELOS OLHOS GRANDES, TRISTES E DOCES DE ELTON!

QUE ESTÃO FELIZES AGORA

GRAÇAS ÀS BARREIRAS QUE ELE CONTINUA QUEBRANDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 25/02/2020
Código do texto: T6873706
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