QUEBRANDO BARREIRAS - OLHOS AZUIS - PARTE 2

XV - OLHOS AZUIS

Blue eyes, baby’s got blues eyes

(Olhos azuis, meu bem tem olhos azuis)

Like a deep blue sea on a blue, blue day…

(Como um mar muito profundo num dia muito, muito azul…)

“Blue eyes” – do Álbum Jump Up! – 1982*

Naquele momento, no estúdio, Elton ouvia, sozinho, os tapes feitos do ensaio de cinco outras canções: “Burning Buildings”, “Passengers”, “Who wears these shoes”, “Restless” e “Sad Songs”.

Sentado diante da mesa, ele ouvia essa última com a mão direita sobre o fone de ouvido e os olhos fechados. Renate apareceu na porta e o viu. Aproximou-se devagar, hesitando tirar sua concentração, e perguntou, tocando seu ombro.

- Elton?... Atrapalho?

Ele ergueu os olhos e olhou para ela, tirando o fone do ouvido.

- Oi! O que foi?

- Perguntei se atrapalho. Você achou alguma coisa errada nas gravações?

- Não, claro que não. Eu estava só... curtindo. Adoro “Sad Songs”.

- Posso... falar com você?

Ele demorou um pouco para responder. Os olhos azuis dela tinham o dom de deixá-lo hipnotizado cada vez que olhava para eles. Só conseguiu balançar a cabeça, confirmando.

Renate sentou-se ao lado dele. Elton desligou o tape e voltou-se totalmente para ela.

- Não, não desligue. Eu gosto de “Sad Songs”. Deixa.

Ela mesma religou o aparelho e deixou a canção tocando baixinho.

- Eu só queria dizer que...

- Renate... ele interrompeu… quem tinha que já ter começado essa conversa era eu. Na verdade, depois daquele... depois daquele beijo, eu... fico com medo até de pensar o que você está pensando de mim.

- Por quê?

- Porque… Porque… Porque eu não sou exatamente o cara que uma mulher possa querer pra...

Ela aproximou-se mais dele e o beijou.

- Pra se apaixonar?

Elton ficou olhando para ela com a respiração alterada.

- É... Eu nunca tive jeito pra essas coisas e... não vai ser em um ou dois dias ou meses que eu vou aprender. Mas eu não aguento mais ficar nesse estúdio com você e fingir que não está acontecendo nada... ainda mais... depois disso.

- Eu também não. Mas se está acontecendo alguma coisa... o que é? Se aquilo foi um beijo amigável da sua parte, eu posso até enten...

- Não, não, não foi! Eu... não beijaria meu engenheiro de som na boca só porque ele é competente. Não sou tão vulgar assim... embora as más línguas e a imprensa digam o contrário.

Ela sorriu levemente.

- E você… não é meu engenheiro de som... Você... é mulher e de uma certa forma... seus olhos... mexem comigo... de vez em quando. “Blue Eyes” poderia ter sido feita pra você.

- E pra quem foi?

- Isso não vem ao caso...

- Pro Vance Buck... Eu sei de tudo, ela disse, sorrindo.

Elton ficou olhando para ela. Renate não sabia o que dizer, embora tivesse ido até ele para dizer tudo que pensava.

- Eu estou me sentindo um... bobo! Um idiota que aos trinta e seis anos não sabe dizer pra uma mulher que... que quer ser feliz do jeito convencional com ela.

- Do que você tem medo? Que eu diga não?

- Acho… que sim. Eu tenho... uma admiração enorme por você.

- Então o que eu sinto é mais forte. Nunca me peguei nervosa diante de um homem... só porque o admiro muito. Tem que ser muito mais pra isso acontecer... E você... consegue... me deixar sem palavras...

- É o que acontece comigo.

- E você chama isso só de admiração? É como... se aproximar de Marilyn Monroe ou Marlene Dietrich por exemplo? Eu não tenho nem o talento nem a beleza delas.

Ele sorriu.

- Acho que é isso que me assusta. Ficaria nervoso se pudesse me aproximar delas também, mas... eu estou sentindo isso por uma pessoa normal. É um sentimento que há algum tempo eu não experimentava... por uma mulher. Você invadiu um lugar dentro de mim que eu não deixava ninguém entrar a muito tempo. Vivia dizendo que queria me casar, que queria encontrar alguém pra viver comigo e dividir comigo a minha vida, mas... no fundo, eu não estava preparado pra isso. Aí você apareceu... me faz tropeçar nos meus próprios pés e me sentir um idiota como... como se estivesse entrando no palco pra cantar e tocar músicas... do Michael Jackson, tocando guitarra!

Ela riu.

- Imagine o desastre! – ele continuou, rindo também.

- Você quer dar um tempo pra ter certeza do que está sentindo?

- Não, eu não tenho dúvidas... tenho medo.

- Eu também tenho, mas sinto a mesma coisa, ela disse. – Acho que... me apaixonei por você...

Elton sentiu o coração disparar no peito.

XV – OLHOS AZUIS - PARTE 2

OBRIGADA, SENHOR, PELOS OLHOS VERDES DE BERNIE...

E PELOS OLHOS TRISTES E DOCES DE ELTON!

QUE ESTÃO FELIZES AGORA

GRAÇAS ÀS BARREIRAS QUE ELE CONTINUA QUEBRANDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!