QUEBRANDO BARREIRAS - INQUIETO - PARTE 15

XIV - INQUIETO

Everybody is restless, everybody is scared

Everybody is looking for something that just ain’t there

Everyboby is restless!

“Restless” – do Álbum Breaking Hearts – 1984

Elton ficou olhando para Renate, com admiração misturada com preocupação.

- Falou como uma verdadeira filha da Alemanha. Eu também sou seu inimigo?

Ela também ficou olhando para ele com seus grandes olhos azuis e disse:

- Sim... até me dizer o que te obriga a vir correndo atrás de mim pra me pedir desculpas de uma coisa da qual não teve culpa. A ideia foi do Chris e eu já conheço as brincadeiras dele. Não cabia a você pedir desculpas.

Elton ficou vermelho e sorriu sem jeito.

- Não quero que você se zangue... comigo.

- Não estou zangada, acredite.

- Ainda bem... Imagine o trabalho que eu teria pra trazer Bill Price de volta da Nova Zelândia pra gravar o álbum, ele brincou.

Renate sorriu.

- Acho que vou mudar de ideia quanto a minha zanga, foi a vez dela brincar.

Ele riu.

- Volte pro estúdio, ela aconselhou. – Você tem muito que fazer. Tchau.

- Renate...

Ela ficou olhando para ele que hesitante e desajeitadamente segurou sua mão e aproximou seu rosto do dela, beijando sutilmente sua boca. Renate olhou para ele surpresa por um momento e afastou-se, sem dizer coisa alguma.

Elton ficou parado no corredor com o coração aos pulos e colocou as pontas dos dedos sobre os lábios, mal acreditando no que havia feito. Olhou em volta para certificar-se de que não tinha sido visto por ninguém e voltou para o estúdio com as pernas moles feito manteiga.

Quando ele entrou no estúdio, Davey percebeu que ele estava nervoso e vermelho.

- Tudo bem, chefe? – perguntou, sentado na banqueta do piano.

- Tudo ótimo, ele falou, voltando a sentar-se ao piano, ao lado de Davey na banqueta.

- Vamos tentar terminar aquele arranjo de “Passengers”? Você tinha tido uma ideia, Davey...

Chris também havia notado o ar diferente de Elton e resolveu tirar informações. Ia saindo do estúdio e Elton chamou:

- Aonde você vai?

- Tomar um café? Pode?

- Pode, tanto pode que você podia providenciar alguma coisa pra gente também.

- Boa! – falou Nigel, rufando a bateria.

- Tudo bem. Até já.

Elton ficou olhando para a porta, preocupado.

- Posso começar? – Davey perguntou.

- Claro...

- Você conversou com a Renate? – Dee perguntou.

- É... Conversei sim, Dee. Ela... não ficou zangada não. Vá em frente, Davey.

Davey deu a introdução da canção, a única que tinha dividido a parceria com Elton e Bernie.

Enquanto isso, Chris procurou e achou Renate no refeitório do prédio tomando também um café. Ele sentou-se ao lado dela no balcão e viu que ela estava muito séria. Mais do que o normal.

- Oi, senhorita Blauel! A senhorita vem sempre aqui?

- Quando quero ficar sozinha... ela respondeu, meio tensa.

- Zangada comigo?

- Por que estaria, Chris?

- A brincadeira de mau gosto lá no estúdio...

- Não foi de mau gosto, foi infantil até, mas eu não estou mais pensando nisso. Esqueça.

- Sério?

- Claro!

- Então, por que essa carinha?

- Que carinha? Estou tomando meu café. Quer que eu fique rindo pra xícara?

- Ora essa, eu te conheço, menina! Eu sei que não é da minha conta, mas... o que foi que você falou com o Elton? Vocês brigaram?

- Chris, você acabou de falar: não é da sua conta.

- Ui! Essa doeu, gata! É que eu me preocupo, sabia?

- Com o quê?

- Com você e com ele. Eu gosto de vocês dois um bocado, viu?

Ela sorriu. Tomou um gole do café e tocou a mão dele sobre o balcão.

- Nós não brigamos, não. Elton é uma pessoa muito especial. Tem o coração muito leve como o de uma criança. Não tem porque brigar com ele. Você está imaginando coisas.

- Tudo bem, acredito em você.

- Mas por que você pensou nisso? Que interesse todo é esse?

- É que ele voltou todo esquisito pro estúdio depois de conversar com você que eu...

- Esquisito?

- É, nervoso, vermelho feito um pimentão...

Renate sorriu e tomou mais um gole de café.

- Ele teve motivos pra estar assim?

- Não que eu saiba... ela disfarçou.

- Hum... Sei... Bom, eu vou pedir pra alguém providenciar um lanche pros garotos lá no estúdio. Não fuja, hein? O Elton pode querer você por perto a qualquer momento. A gente vai começar a gravar daqui a pouco.

Ele afastou-se. Renate suspirou fundo e fechou os olhos, pensando ainda naquele beijo tímido que tinha feito tanta coisa dentro dela. Tratou de tentar tirar aquelas ideias da cabeça porque, afinal de contas, o que um superstar tão diferente podia estar querendo de uma simples engenheira de som?

Naquele final de ano, já em vias da elaboração do novo trabalho de Elton, outros compactos foram lançados do mais bem sucedido álbum do cantor em oito anos, desde “Captain Fantastic”, em 1975: “Ice on Fire”.

Em outubro, “I guess that’s why they call it the blues”/“Choc Ice Goes Mental”, nos Estados Unidos; “Kiss the bride”/ “Dreamboat”, na Grã-Bretanha.

Em novembro, “Cold as Christmas”/”Cristal”, nos Estados Unidos. Este mesmo compacto foi lançado na Inglaterra no mês seguinte.

Elton estava novamente nas paradas com força total, disputando o trono com astros de peso do momento como Michael Jackson e Prince, ambos negros, ambos magos do movimento pop/funk romântico e muito competentes do que faziam.

Os dois eram páreo duro, mas não eram imbatíveis, pois os fãs de Elton, sempre fieis, não o haviam abandonado em nenhum momento, não os verdadeiros, e ele, com talento, profissionalismo e energia, estava de volta e ainda de pé, para qualquer batalha, como dizia a letra de Bernie Taupin “I’m still standing”.

RESTLESS

It's a hot summer night in the blackboard jungle

Crime sits heavy on the city shoulder

Can't get no work, I can't get a job

I just sit and play my radio in the parking lot

Well they're breaking down doors in foreign countries

Everybody thinks somebody's hiding something

There's talk on the street and the nation is worried

But you can't talk back when you're dead, when you're dead and

buried

And Everybody's restless

Everybody's scared

Everybody's looking for something that just ain't there

Everybody's restless

Everybody's scared, they think we're all in danger

Everyone's taking cover from someone else's anger

The walls have ears, Big Brother's watching

They tell us that we're poisoned from everything that we're

touching

Well we could be children from the way we're acting

We feed ourselves lies and then we scream for action

We just breed and we lose our nerve

And there's bombs going off in every corner of the world

(Tradução) INQUIETO

É uma noite de verão na selva de quadrados

O crime senta pesadamente nos ombros da cidade

Não acho trabalho, não consigo um emprego

Só me sento e ouço meu rádio no estacionamento

Bem, estão derrubando portas em países estrangeiros

Todo mundo acha que alguém esconde algo

Há vários papos pelas ruas e o país está preocupado

Mas você não consegue responder quando está morto,

quando está morto e enterrado

E todos estão inquietos

Tá todo mundo com medo

Todos procuram algo que não existe

Todos estão inquietos

Todos estão com medo, acham que estamos todos em perigo

Todos se previnem contra o ódio de outra pessoa

As paredes têm ouvidos, o Grande Irmão está olhando

Eles nos dizem que estamos nos envenenando em tudo que tocamos

Nós parecemos ser crianças pelo jeito que agimos

Nos alimentamos de mentiras e berramos por ações

Nós apenas nos procriamos e perdemos a cabeça

E há bombas caindo em todos os cantos do mundo

XIV – INQUIETO - PARTE 15

AMANHÃ... NOVO CAPÍTULO

“OLHOS AZUIS”

BOM DIA!

OBRIGADA, SENHOR, PELOS OLHOS VERDES DE BERNIE...

E PELOS OLHOS GRANDES, TRISTES E DOCES DE ELTON!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS

Velucy
Enviado por Velucy em 22/02/2020
Código do texto: T6871640
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.