QUEBRANDO BARREIRAS - INQUIETO - PARTE 14

XIV - INQUIETO

Everybody is restless, everybody is scared

Everybody is looking for something that just ain’t there

Everyboby is restless!

“Restless” – do Álbum Breaking Hearts – 1984

Renate Blauel sentou-se ao lado de Tim e cruzou os braços sobre a mesa de som. Nigel e Dee trocaram um olhar bem sutil; Davey passou os dedos devagar pelas cordas da guitarra e olhou para Elton que respirou fundo e disse:

- Tudo bem. Você tem tempo para ouvir todas?

- Quantas são?

- Sete... Já com arranjo, sete.

- Acho que sim.

- Ok, ele disse, esfregando as mãos e olhando para Nigel. – “Did he shoot her”, Nigel?

- Você manda! – falou o baterista, colocando um chiclete na boca e ajeitando os fones no ouvido.

Girou a baqueta na mão e deu o sinal de que a música começasse.

Eles tocaram sete canções já prontas e Renate as ouviu todas com atenção, sem mover um músculo do rosto, mas não tirando quase os olhos do rosto de Elton, que, levando a sério o que estava fazendo, já não olhava para ela e sim para o teclado do piano e sentindo cada canção.

“Did he shoot her”, “In neon”, “Li’l refrigerator”, “Slow down George”, “Breaking Hearts”, “Lonely Boy” e “A Simple Man” foram tocadas. Essas duas últimas tinham letra de Gary Osborne.

Quando a lenta “A Simple Man” terminou, Elton e os rapazes pararam e olharam para ela que tirou os fones e disse simplesmente:

- Muito bom! Vou adorar gravar com vocês.

Deu um leve sorriso, acenou e saiu do estúdio. Tim foi com ela.

Elton olhou para Chris que riu e deu de ombros, começando a cantar baixinho o refrão de “Li’l refrigerator”. Elton gostou da ideia e o acompanhou ao piano, sendo prontamente acompanhado pelos rapazes a todo vapor.

Sem que eles percebessem, Renate voltou ao estúdio e ficou ouvindo tudo. Nigel foi o primeiro a perceber a presença da moça e parou de tocar, tossindo. Dee fez o mesmo, indo para trás do piano para que Elton o notasse e parasse de tocar, mas ele não o fez. Davey a viu também, mas continuou tocando, começando a rir. Com ele, quando mais gozação melhor.

- Elton! – chamou ele, musicando o nome.

Quando o cantor olhou para a direção em que ela estava, ficou verde, parando de tocar imediatamente.

Chris fazia o possível para não rir. Renate, não se importando com a brincadeira, falou sorrindo:

- Adorei a homenagem. Continuem! É um rock e eu gostei demais dele. Fico feliz por saber que um rock tão vibrante possa ser meu tema de hoje em diante. Você queria elogios, Elton? Pois aí vai um: você foi, é e vai ser sempre um grande roqueiro e um expert no que se trata de animação. Só que quem escreveu a letra foi Bernie Taupin... E ele sabe o que diz. Seja lá quem for que ele tenha... homenageado... ou querido atacar... se é ligado a ele ou ao você... deve se sentir bem ofendido.

- Foi ideia do Chris, ele falou. – Nem tive a ideia...

- Você não, mas ele teve.

Ela olhou para Chris que sorriu para ela com ar de garoto travesso. Renate saiu novamente.

- Ah, eu mato você, Chris Thomas! – ameaçou Elton, baixinho, erguendo a mão fechada em punho para ele. - Que ideia foi essa?

- Você gostou, não gostou?

- Mas eu toquei como tocaria qualquer outra! Não estava pensando em chamá-la de... fria! Você me fez ficar mal com a moça.

- Eu não! Como ela mesma disse: a letra é do Taupin. Vá atrás dela e desculpe-se!

- Mas a culpa não foi minha!

- Nem minha! Culpe o seu parceiro, bolas! Você fez uma música bárbara em cima dos pensamentos dele, caramba! – disse Chris, rindo.

Elton levantou-se do piano e saiu do estúdio.

- Aonde você vai, cara!? – exclamou Davey.

- Volto em dez minutos! – gritou ele já no corredor.

Chris esfregou as mãos como quem tivesse conseguido realizar alguma façanha. Nigel, Dee e Davey não entenderam nada, mas faziam uma pequena ideia e riram também.

Elton apressou-se no corredor atrás de Renate e a alcançou, fazendo-a parar, segurando seu braço.

- Renate, espera!

Ela parou e voltou-se; não parecia zangada.

- Me desculpe, eu não tinha intenção de ofender você...

- Tudo bem, não ofendeu. Era só uma música.

- Não... também não é assim... Era uma música muito boa. Era não, é!

- Não quis dizer que não era. Agora não me entenda mal você. Quero dizer que não fiquei ofendida. Acontece que eu só ouvi as músicas que você cantou como músicas, com o senso crítico de uma engenheira de som. Se não elogiei é porque, como eu disse a você depois do seu convite para gravar seu álbum, ele é um desafio pra mim e quero pensar nele só como... um desafio, com responsabilidade, não com emoção. Você não quer que seu engenheiro de som chore quando você estiver gravando uma balada tocante como... “Breaking Hearts”, por exemplo, ou saia dançando a cada rock sem prestar atenção no que está fazendo, quer?

- Claro que não!

- Não ligue para a minha frieza, Elton. É muito difícil ser levada a sério no meu campo, como mulher. Eu não vou dizer que isso aconteça com você e sua banda, mas eu já suportei muita coisa num estúdio de gravação e ainda não tenho muita certeza de como vou trabalhar com a sua equipe...

- Minha equipe nesse álbum são só Davey Johnstone, Nigel Olsson, Dee Murray. Você não precisa ter medo deles, ele disse, sorrindo. – São minha primeira banda e os caras mais incríveis que já trabalharam comigo. O resto do pessoal você já conhece... Chris, Tim...

- Eu sei e quero confiar na sua confiança neles. Mas eles são homens e homens reagem de modo diferente a cada situação nova, então... eu prefiro não abrir as viseiras, antes de conhecer bem o inimigo.

Elton ficou olhando para ela, com admiração misturada com preocupação.

XIV – INQUIETO - PARTE 14

OBRIGADA, SENHOR, PELAS MINHAS INQUIETAÇÕES...

E PELAS MINHAS CERTEZAS!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS

Velucy
Enviado por Velucy em 21/02/2020
Código do texto: T6870929
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