QUEBRANDO BARREIRAS - INQUIETO - PARTE 10

XIV - INQUIETO

Everybody is restless, everybody is scared

Everybody is looking for something that just ain’t there

Everyboby is restless!

“Restless” – do Álbum Breaking Hearts – 1984

Dick James não ligou, não apareceu e não deu satisfação de sua ausência em relação ao problema que Elton queria discutir com ele.

Elton ainda fez várias tentativas de contactar o empresário, mas em vão. O dono da DJM estava irredutível assim como os diretores da empresa, incluindo Stephen James. Não havia diálogo e não haveria conversação alguma sobre o fato. A única forma de resolver a situação era Elton abrir efetivamente uma ação legal contra Dick James, mas ele continuava temeroso de que sua situação, agora já mais equilibrada e estável, pudesse sofrer mudança com um novo escândalo. Elton não queria ser manchete novamente. Deixou passar, mais uma vez, o que deixava John Reid e a Frank Pressland inquietos.

No mês de julho, dois novos lançamentos, dois outros singles lançados: “I’m still standing”/“Earn while you Learn”, na Inglaterra e “Kiss the Bride”/“Dreamboat” nos Estados Unidos. Esta última era o resultado de uma parceria diferente de Elton com o guitarrista Tim Renwick, que havia feito com ele a turnê que promoveu o álbum “21 at 33”, em 1980.

O compacto “I’m still standing”/“Earn while you Learn”, lançado na América em abril, chegava ao 12º. lugar nas paradas. “Earn while you Learn” era um instrumental muito louco que Elton assinou como Lord Choc Ice.

Ainda em julho, Elton deu uma pequena entrevista à repórter brasileira, Beth Lima, que lhe fez perguntas convencionais, não muito difíceis de responder, quase perguntas de fãs, o que amenizava a situação de Elton.

Beth começou com a pergunta básica de todo repórter que o entrevistava pela primeira vez ou depois de algum tempo.

- Fale de Reginald Kenneth Dwight. Como ou quem ele é?

- Bem, Reg era um garoto tímido que se escondia atrás dos óculos e tinha um grande complexo de inferioridade. Isso continuou até eu me transformar em Elton John. Em 76 eu parei de usar os óculos e encarei o mundo.

Ele tirou os óculos e riu. Ela também.

- E Elton John, como você vê o Elton John, astro pop?

- Ah, Deus! Eu estava tão cansado da vida artística que em 76 mesmo parei de gravar e de excursionar com minha banda. Felizmente tive a sorte de me tornar presidente do Watford Futebol Clube e isso me deu coisas pra fazer durante dois anos, completamente diferente de ser Elton John. Fui à China com eles recentemente, não como Elton John, mas como presidente do meu time de futebol e foi muito bom.

- Sua mãe parece ser a sua melhor amiga, fale sobre ela.

- Mãe é mãe. A minha sabe o que eu estou fazendo mesmo quando eu estou a dez mil quilômetros de distância. Ela tem esse sexto sentido que as mães têm. É uma mulher muito forte e tanto ela como meu padrasto me apoiaram sempre em todos os momentos difíceis da minha vida. Minha mãe é a pessoa mais irritante que eu conheço, porque ela está sempre certa.

Ele sorriu, ajeitando os óculos.

- Como começou sua paixão por óculos? Quantos você tem?

- Não era paixão. Quando eu era garoto, precisava usar óculos; depois, quando virei Elton John transformei essa necessidade em brincadeira, comprando óculos com as armações mais estranhas. Hoje eu tenho... mil óculos... ele riu. – Estou brincando, tenho 175 pares de óculos, o que é ridículo da mesma forma.

- Como você compara o futebol brasileiro com o futebol do Watford?

- São um pouco diferentes porque a habilidade dos jogadores brasileiros é muito diferente da dos jogadores ingleses. Nós temos um jogador muito bom, chamado John Barnes, que tem um estilo semelhante. Quando os brasileiros estavam aqui na Europa para a Copa do Mundo, eles disseram que o único jogador inglês que viram jogando como um brasileiro era o John Barnes, do Watford, e Barnes é a melhor revelação do futebol inglês.

- Há algum jogador brasileiro que você gostaria de ver jogando no Watford?

Elton riu.

- Se eu tivesse que escolher... escolheria o Sócrates.

- Por quê?

- Ah, ele inspira... temor e respeito no campo. Ele tem uma presença grande, vai ao gol, defende bem e está em todos os lugares no campo. Na minha opinião é o jogador mais incrível do futebol brasileiro.

- Ok. Elton, essa entrevista está sendo dada para um programa da televisão brasileira, chamado Fantástico, que está fazendo dez anos este ano. Você poderia mandar uma mensagem de parabéns ao Fantástico por estes dez anos?

- Como é o nome do programa?

- Fantástico.

- Fantástico, ele repetiu em português, com uma risada tímida. – Parabéns ao Fantástico então.

- Dava pra dizer isso tudo em Português? – ela pediu.

Elton riu, nervoso.

- Eles vão me ver falando lá no Brasil?!

- Vão sim.

- Meu Deus! – ele disse, coçando a testa. – Bem, se você me disser bem devagar como se fala e se não for muito difícil...

Beth falou a frase bem lentamente e ele apontou para a câmera.

- Não transmita por enquanto. Não grave isso. Repita, por favor.

Ela repetiu e ele falou timidamente.

- Parabéns... Fantástico.

Repetiu mais umas duas vezes e quando se sentiu seguro, disse ao cameraman.

- Pode filmar agora.

Falou a frase outra vez e olhou para Beth que aprovou, sorrindo.

- Ficou ótimo, obrigada.

- Espero que sim.

- Você tem alguma previsão de ida ao Brasil?

- Não, previsão ainda não, mas não está fora dos meus planos. Eu estive lá em 78, já faz cinco anos, e seria bom voltar. Pretendo voltar... Mas quando, eu não sei, mas... a gente pode ser ver em breve lá, outra vez, ele terminou com um sorriso amável.

*DEUS ABENÇOE O ELTON QUE SAIU DO PALCO ONTEM NA NOVA ZELÂNDIA COM SUSPEITA DE PNEUMONIA. REZEMOS PARA QUE ELE FIQUE E ESTEJA BEM AGORA! AMÉM!

XIV – INQUIETO - PARTE 10

OBRIGADA, SENHOR, PELAS MINHAS INQUIETAÇÕES...

E PELAS MINHAS CERTEZAS!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS