Q.B. - CHOC ICE GOES MENTAL - PARTE 9

XIII - CHOC ICE GOES MENTAL

(Lord Choc Ice... fica maluco!)

David e Robert também riram. Bernie ficou impassível.

- Você acha que isso ameaçaria sua carreira, Bernie? – David perguntou.

- Ameaçar é uma palavra muito forte, ele respondeu. – Falando muito honestamente, é gratificante pra mim trabalhar com esse cara em todos os sentidos, financeiro, profissional... emocional... sentimental, pessoal, em todos os sentidos.

- Uau! – disse Terry, rindo.

- Não tenho mais receio nenhum de algo não dar certo. Fiquei apavorado em 75, como todo mundo já sabe de cor, mas agora não. Nós chegamos a um estágio de criação em que tudo que um faz está... basicamente de acordo com o que o outro pensa ou... pretende fazer, mesmo um estando há quilômetros de distância do outro. A gente cresceu. Eu aprendi muito de música com ele e ampliei meus limites em cima do trabalho dele, como ele também interpreta minhas letras sabendo o que eu quis dizer. Eu escrevo mais pensando nele do que em mim.

- Você escrevia no início da década passada as suas próprias emoções, seu sentimentos, sobre coisas que você vivia, certo?

Bernie balançou a cabeça, confirmando.

- Isso parou de acontecer, com essa... troca de conhecimentos, com esse novo entrosamento, com essa afinidade quase que telepática entre vocês dois? Você compõe também as ideias dele?

- Minhas letras continuam sendo minhas ideias, mas muitas vezes eu escrevo coisas que eu sei que estão na mente dele. Escrevi “Chloe” pra ele cantar pro namorado dele, Charlie, como Osborne escreveu “Blue Eyes” pro Vance. Vêm muito da experiência que a gente tem, juntos ou não. Da... troca de informações. Hoje em dia eu procuro prestar mais atenção ao que ele diz ou pensa pra poder fazer as minhas composições pra ele. É um meio de ele passar pra frente o que ele sente, porque, afinal de contas, o intérprete é ele. Ele passa a mensagem quando canta e então fica mais fácil pra ele dizer ou... cantar coisas que ele sente. A coisa sai mais espontânea, mais inteira, mais honesta.

- Você escreveria “Elton’s Song”? – Dennis perguntou, referindo-se à polêmica canção gravada por Elton com letra de Tim Robinson que revelou musicalmente, embora veladamente, a homossexualidade dele.

Elton olhou para o parceiro, mais interessado na resposta que os outros.

- Não, Bernie respondeu simplesmente.

- Sem comentários? – Robert perguntou, sorrindo.

O letrista pensou um pouco, umedeceu os lábios e disse, sem olhar para Elton:

- Eu não tenho e não posso ter nada contra o mundo gay, isso é óbvio, não preciso explicar por que. Minha vida inteira, já escrevi sobre ladrões, criminosos, lésbicas, alienígenas, prostitutas, amo escrever sobre elas, tem uma no meu próprio disco lançado em 80, “The Whores of Paris”... e escreveria alguma coisa ligada a homossexualidade também, agora... se isso me inspirasse...

- Mas não envolveria o Elton...

- Não é questão de envolvê-lo ou não... Eu fiz uma letra pra ele em 79 que falava de um viciado em cocaína... Esse viciado era eu mesmo, era um assunto meu, uma coisa que estava dentro de mim e que me fez um dia pegar a caneta e escrever a respeito. Mas aí era eu me expondo.

Bernie parou um instante e pensou para continuar falando.

- Escrever sobre o Elton nesse aspecto, pra mim... seria como... escrever sobre uma irmã lésbica, que eu não tenho, claro... – ele riu - ...um pai assassino, uma mãe prostituta, seria expor um lado muito delicado meu, porque o Elton é parte da minha família desde 67... Ele me conheceu moleque, a gente dormia no mesmo beliche, no mesmo quarto... A gente morou junto, tinha praticamente a mesma mãe desde então... Ele era e é um irmão pra mim e embora eu saiba que, se eu fizesse uma letra falando disso... ele é tão desligado da complexidade que isso significaria que... ele faria a música e cantaria essa letra sem nenhum problema, como cantou a do Tim, mas... eu não me realizaria de jeito nenhum. Se ele canta essas coisas, é problema dele, mas eu não sei se me sairia bem sendo veículo de um fato assim... porque eu não sou... apaixonado por ele dessa forma... se é que você me entende...

- Nem sob encomenda? – Elton perguntou, com um leve sorriso.

XIII – CHOC ICE GOES MENTAL - PARTE 9

VOCÊ JÁ PERDEU A CABEÇA ALGUMA VEZ...

QUANDO AS COISAS NÃO CORREM COMO VOCÊ ESPERA?

QUEM NÃO, NÃO É?

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO QUE CORRE BEM EM MINHA VIDA!

E PELO QUE NÃO CORRE TAMBÉM!

Velucy
Enviado por Velucy em 24/01/2020
Código do texto: T6849220
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