Q.B. - CHOC ICE GOES MENTAL - PARTE 1
XIII - CHOC ICE GOES MENTAL
(Lord Choc Ice... fica maluco!)
- Eu fico maluco qualquer dia desses! – esbravejou Elton, numa das salas da John Reid Enterprises, com sede em Los Angeles. – É só eu dar as costas e as coisas acontecem! O que aquele idiota tinha que fazer no seu apartamento em plenas vésperas de Ano Novo?
- Conversar... respondeu Bernie, sentando na ponta da mesa, brincando com a miniatura de uma guitarra que enfeitava a mesa de John. – Não pensei que você o achasse um idiota. Você ama o pai dele...
- Não estou com ânimo pra gracinhas, Bernie, falou Elton, olhando sério para ele. – Você disse que eu estava aqui?
- Claro que não!
- Disse o quê?
- Que você tinha ido... visitar sua vó Ivy e a tia Winnie por causa do Ano Novo... sei lá. Inventei!
- O que ele queria conversar com você?
- Posso falar? – Bernie perguntou, ressabiado, porque Elton estava muito nervoso.
- Claro que pode! Quem foi que te impediu? Se eu estou perguntando...
- Não quero ouvir sermão seu. Eu estou do seu lado, esqueceu? Baixa a bola e prende a franga. Não tenho mais dezessete anos, caramba!
Bernie jogou com força a guitarrinha na mesa e desceu dela nervoso. John previu tempestade, intercalando seu olhar entre Bernie e Elton. Já havia visto discussões homéricas dos dois em outros tempos naquela sala, com Elton berrando e Bernie respondendo em sua voz sempre calma que chegava a irritar.
- Fala, Bernie, John pediu, calmamente, tentando colocar panos quentes.
O letrista respirou fundo e continuou:
- Eu acho que ele imaginava que eu ainda fosse tão cretino quando era naquela época. Cheguei a dividir bons porres com ele na Denmark Street, sabia? A gente tem quase a mesma idade. Ele pensou que com suborno emocional pudesse me fazer sentir o mesmo que o Elton sente e me usar pra influenciá-lo e... esquecer o assunto.
- Stephen não é tão burro assim, Bernie, disse John, sentado atrás de sua mesa.
- Justamente por não ser é que eu imagino isso.
- E ele chegou a fazer isso, tentou te subornar? – Elton perguntou.
- Não, eu não deixei nem ele começar.
- Você não foi indelicado com ele, foi?
Bernie sorriu, cínico.
- É... Não fui um exemplo de polidez, você me conhece...
- Bernie, por favor!...
- Bernie, por favor, vírgula, Elton! Ele conseguiu me tirar do sério... Me jogou na cara coisas do passado e... até citou meus problemas no final da década com a bebida. Citou até Maxine... com a minha mulher por perto, imagine... Não fui eu que fui procurá-lo. Ele foi ao meu apartamento. Eu não ia ficar de orelha murcha ouvindo aquele palhaço dizer no meu nariz que eu era um banana que não entendia nada de nada e que me deixei enrolar por aquela rapina que era o pai dele na época!
- Mas foi isso que aconteceu! – Elton disse em voz alta. – Nós éramos mesmo dois bananas!
Bernie engoliu um palavrão e calmamente disse, olhando fixo para o parceiro:
- Tudo bem... Elton John! Mas me lembre de na próxima encarnação jogar fora a primeira carta sua pedindo mais letras, ok? Não quero nem ler o New Musical Express. Eu não era tão banana até conhecer Reg Dwight!
Bernie afastou-se dele, jogou o cigarro na lata de lixo próxima e saiu do escritório, batendo a porta.
- Bernie! Eu ainda não acabei! – Elton gritou.
John balançou a cabeça e disse:
- Lá vamos nós de novo... Depois sou eu que tenho cabeça quente...
- Vá buscá-lo.
- Eu?!
- É, você mesmo. Você não é meu empresário? Vá buscar aquele... gato selvagem de olhos verdes. Eu preciso dele aqui!
John virou os olhos e foi, mas voltou pouco depois... sem Bernie.
- Disseram na portaria que ele foi embora, quase acabando com os freios do carro.
Elton, sentado na cadeira giratória de John, voltou-se para a janela de onde se via uma vista lindíssima de Los Angeles e falou baixinho:
- Merda!
Levantou-se e decidiu:
- Eu vou até a casa dele...
- Vai nada! Você está louco? Tem a gravação do comercial do Grammy, hoje às duas!
- Ah, meu Deus, é claro!...
Ele colocou as duas mãos no rosto, imaginando ter feito besteira de novo por ter sido injusto com o parceiro.
XIII – CHOC ICE GOES MENTAL - PARTE 1
VOCÊ JÁ PERDEU A CABEÇA ALGUMA VEZ...
QUANDO AS COISAS NÃO CORREM COMO VOCÊ ESPERA?
QUEM NÃO, NÃO É?
DEUS NOS ABENÇOE A TODOS
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO QUE CORRE BEM EM MINHA VIDA!
E PELO QUE NÃO CORRE TAMBÉM!