QUEBRANDO BARREIRAS - DIAMOND JIMS - PARTE 18

XII - DIAMOND JIMS

“While others climb reaching dizzy heights

The world’s in front of me in black in white

I’m on the bottom line”

(Gotta get a) MEAL TICKET – CFBDC* - 1975

*Captain Fantastic and Brown Dirt Cowboy

Pretendendo esticar a noite, mesmo com o frio que fazia em Londres, Rod Stewart, Bernie e as respectivas esposas foram curtir a noite de Natal londrina, pretendendo varar a madrugada.

Num restaurante/bar no centro da cidade, eles continuaram o que havia sido interrompido no final da festa de Elton.

- É como criança. O humor do Elton muda muito. De repente ele está emburrado, triste, que ninguém consegue entender o motivo; num outro instante, está brincando com todo mundo e logo em seguida, age como o mais irresponsável dos homens. É um camaleão, falou Rod, já um pouco alto.

Bernie, sentando ao lado de Toni, apenas sorriu, diante de um copo de scotch, o único que havia tomado a noite inteira.

- Acho melhor irmos para casa, falou Alana. - Tem gente começando a falar bobagem demais.

- Quem é que está falando bobagem? – Rod perguntou. – Estou tão lúcido quanto você, benzinho.

Ele olhou para Bernie e perguntou:

- O Elton falou dos nossos planos pra 83, Bernie?

- Planos? Quais deles?

- Vamos cantar em Sun City, fazer shows lá.

- Sério? Ouvi dizer que anda meio perigoso cantar por lá.

- Que nada! Quem é que pode proibir a gente de cantar onde quiser? Se os caras lá querem, a gente vai mesmo assim. Não temos nada a ver com os conflitos raciais que eles arrumaram por lá. De minha parte, estou muito bem protegido. Não me chamam de branco de voz negra?

Todos riram.

- E quanto ao Elton? – Toni perguntou.

- O mundo inteiro gosta dele. Quem é que não gosta daquela cara de bebê? Ele faz um beicinho ou dá aquele sorriso besta dele e todo mundo coloca ele no colo.

- Rod, vamos embora! – insistiu Alana, vendo a expressão de Bernie que parecia não estar gostando muito do rumo da conversa, apenas ouvindo Rod por educação.

- Mas não são nem cinco e meia, ainda! – ele falou.

- Cinco em ponto, informou Bernie, olhando no relógio.

- Quando você volta para Los Angeles?

- Sei lá... ele falou, olhando para Toni, como a pedir resposta.

- A gente podia voltar junto. Eu não fico aqui mais nenhum dia, Rod falou. – Vou virar o ano em Beverly Hills. Frio por frio, lá pelo menos não é tão cinzento.

- Quando você vai?

- Hoje, meu amigo!

- Acho que vou passar o Ano em casa, na casa dos meus velhos.

- É, também é uma boa... casa de mãe e outra coisa... Você está escrevendo outro livro, não está? O Elton comentou comigo. Publica logo?

- Não, tem chão ainda. Com o lançamento do novo álbum, a gente vai ter muito que trabalhar esse ano. Divulgação e o resto... você sabe.

- Pra quando é?

- Maio, 23. Nos oito anos do “Captain Fantastic”. Ele foi lançado no mesmo dia, coincidentemente, Bernie disse com um sorriso orgulhoso e saudoso.

- Ei, vai dar sorte! Esse álbum foi maravilhoso! Foi não, é! Seu aniversário é na véspera, não é?

- Mera coincidência. 22 é domingo e o disco será lançado na segunda-feira. Mera coincidência.

- O “Captain” foi lançado numa... quinta-feira?

- Sexta.

- Pois é. Mera coincidência.

Bernie riu, sem entender.

- Não fui eu quem inventou a data do lançamento. Não me interrogue, Rod. Se esse álbum fizer o estardalhaço que o “Captain” fez... meu Deus! Realmente eu vou acreditar que nós dois nascemos pra isso! Não peço mais nada a Papai Noel.

- Você ainda tem dúvidas? – Alana perguntou.

- Esse aí nunca acreditou em si mesmo, Rod falou.

- Não é bem isso, Rod. É só uma questão de... estar sempre preparado pra cair, como quando se está numa corda bamba. Você sabe melhor do que eu. Sucesso é isso. Uma corda onde você anda e tanto pode cair e se espatifar feio, como pode se equilibrar nela a vida inteira se tiver quem te segure. Eu já caí dela uma vez, por isso sei do que estou falando. O tombo dói pra caramba.

- Você cresceu, moleque! - disse Rod, olhando de modo diferente para ele.

- Não teve outro jeito... Bernie disse.

- 83 vai ser um ano bom pra vocês dois. Afinal, pelo que o Elton tem conversado comigo, esse álbum está na geladeira... ou no forno há... quanto tempo?

- Um ano, foi gravado em... fevereiro.

- Eu já ouvi duas faixas dele.

- Mesmo? Quais?

- O Reg não me disse o nome delas. Sei que eram uma balada e um rock... Ouvi pelo telefone.

- Balada?... “Cold as Christmas”?

- Canta.

Bernie tentou lembrar a letra e a canção.

- O diabo é que eu nunca consigo lembrar a letra... Deixa eu ver... “We still sit at separate tables...”

- Não… Essa tem introdução de piano?

- Tem, linda.

- A que ele mostrou não tinha.

- “One more arrow”... “Saint”...

- “Saint”! É essa! “Saint”. Linda!

- Eu gosto mais de “Cold as Christmas”.

- Questão de gosto, meu caro.

- E o rock?

- É uma que eu chamei de “grito de guerra” dele. Uma que eu acho que vai emplacar fácil se for bem divulgada. Tem um refrãozinho gostoso... com um yeah, yeah, yeah! Você foi muito feliz com a letra, garoto.

- “I’m still standing”, Bernie cantou.

- Exatamente! Cara, você sabe retratar o baixinho melhor que Terry O’Neil. Eu amei a letra! Você esconde o ouro quando diz que não é apaixonado pelo Elton.

Bernie riu.

- Mas eu sou! Não conta pra ninguém, mas sou. E não sei se posso descrever o Elton numa letra. Ele é indescritível. Mas apesar de tudo... está sempre de pé, apesar dos porres e da branquinha... Eu amo essa resiliência dele.

- Puxa saco! – Rod disse, com um ar de despeito. – Mas eu que o diga! Invejo essa ligação de vocês... Muita gente na música inveja.

Bernie apenas sorriu, intimamente concordando com ele. Alana havia encostado a cabeça no ombro do marido e cochilava.

- Você não acha melhor ir pra casa, Rod? – Toni perguntou, penalizada, olhando para ela.

Rod, então, se deu conta do fato. Alana levantou o rosto e pediu mais uma vez:

- Vamos embora, Roderick! Eu estou morta! Quero minha cama! São quase seis da manhã...

- Ok, vamos sim, minha branquinha... ele disse, beijando sua testa e levantando-se, ajudando a mulher a se levantar também. – Mas você vai dormir na poltrona do avião, honey.

Bernie e Toni sorriam da situação, discretamente.

- Nos vemos na América, cowboy do asfalto?

- Já que temos a infelicidade de morar no continente... falou Bernie, brincando.

- Inglesinho metido! Você mora na reluzente e pacata San Fernando! Mas eu cheguei na América primeiro, calhorda! Tchau!

- Tchau, disseram os dois.

Rod e Alana foram embora, um se apoiando no outro, abraçados.

Bernie olhou para Toni, olhando para o casal que se afastava, com o queixo apoiado no ombro dele e beijou sua boca docemente.

- Está com sono também?

- Estou com frio... ela respondeu, encolhendo-se agarrada no braço dele.

Ele a beijou de novo e abraçou-a, envolvendo-a com o próprio casaco.

- Já te desejei Feliz Natal?

Ela negou e sorriu.

- Feliz Natal, meu amor!

Beijou-a várias vezes.

- Está com vontade de fazer o que eu estou pensando? – ela perguntou. – Além de dormir...

Ele suspirou e beijou sua testa.

- Faz tempo... vamos pra casa...

XI – DIAMOND JIMS - PARTE 18

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/01/2020
Código do texto: T6839091
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