QUEBRANDO BARREIRAS - DIAMOND JIMS - PARTE 17

XII - DIAMOND JIMS

“While others climb reaching dizzy heights

The world’s in front of me in black in white

I’m on the bottom line”

(Gotta get a) MEAL TICKET – CFBDC* - 1975

*Captain Fantastic and Brown Dirt Cowboy

No final da festa, quando maioria dos convidados já tinha ido embora, um rapaz aproximou-se de Elton no vestíbulo onde ele conversava com um segurança e chamou:

- Elton...

Elton olhou para ele e sorriu.

- Oi?

- Posso... falar com você um minutinho?

Elton ficou olhando para ele, não achando estranho aquele rosto. Um rosto diferente, lindo e exótico. Era um garoto de mais ou menos vinte anos, de um loiro quase amarelo nos cabelos longos e cheios. Sorriu, dispensou o segurança e se prontificou a ouvi-lo.

- Eu já o conheço de algum lugar...?

- Sou George Michael, ele disse, estendendo a mão.

- George Michael! Claro, George Michael, do grupo... Wham!, não é?

- Só Wham! Não somos um grupo.

- É, vocês são dois, não são?

- Isso, eu e o Andrew.

- Acredite que eu o vi na festa o tempo inteiro, sabia que o conhecia de algum lugar, mas não lembrava exatamente de onde? Venha até um lugar mais tranquilo comigo. Tenho um lugarzinho gostoso aqui. Não gosto de ficar muito visível em finais de festas em casa por que sempre aparece um jornalista mais ávido e me pega o resto da madrugada, justamente quando eu estou querendo mais é não ser ninguém sobre a terra.

George e ele riram e foram juntos para o jardim de inverno. Elton apontou um enorme e confortável sofá, onde George sentou-se; Elton sentou-se ao lado dele e apoiou o braço no encosto do sofá, virado para ele.

- Eu imagino que você deva estar bastante cansado, não quero tomar seu tempo... Eu fui ao show no Hammersmith e sou um admirador seu há muitos anos...

- Obrigado, George. Você está começando sua carreira também, não é?

- É... Tentando pelo menos. Você sabe como é difícil começar...

- Mais ou menos... Mas eu já ouvi um tape seu. Você mesmo compõe as suas canções? Eu ouvi alguma coisa a respeito...

George balançou a cabeça, confirmando.

- É um som bastante cativante, gostoso. Não acho que vá ser muito difícil, se você encontrar as pessoas certas pra te ajudar. Se eu puder ser útil em alguma coisa...

- Não, não vim aqui pra te pedir nada. Só estou aqui como fã mesmo. Só queria... chegar perto de você. É aquela... coisa que dá na gente quando... tem a oportunidade de falar com um ídolo. Você é um mito pra mim, Elton.

Elton ficou emocionado e vermelho. Sorriu sem jeito e agradeceu.

- Muito obrigado...

- Parabéns pelos seus quinze anos com Bernie Taupin, também. Vocês formam um time de primeira e espero que fiquem juntos ainda por mais quinze anos.

- Eu também.

George levantou-se e estendeu a mão.

- Eu vou indo. Não quero mais tomar seu tempo.

- Já?

- Obrigado por me ouvir.

- Apareça sempre que quiser, falou Elton, erguendo-se e apertando sua mão. – Não perca contato. Deixa seu telefone com o Bob Halley, meu assistente pessoal. Eu ainda vou te procurar...

- Será um trazer... disse George mal contendo a emoção.

George saiu. Elton ficou sozinho. Os olhos cor de mel de George ficaram em sua mente. Sentou-se ao piano armário que tinha ali por perto e começou a tocar “Curtains”, a última faixa do lado B do álbum biográfico de 1975, “CAPTAIN FANTASTIC AND THE BROWN DIRT COWBOY”.

Sheila entrou no local e foi para perto dele, colocando os braços sobre os ombros do filho e abraçando-o.

Esperou a música terminar, cantando com ele o estribilho final cada vez mais baixinho, sorrindo e beijando sua mão.

- Adoro essa canção... É uma das coisas mais linda que Bernie escreveu pra você. E ele ainda fica zangado com a gente quando o chamamos de poeta... Se isso não é poesia pura, não sei mais o que é...

Elton sorriu, concordando com ela, mas não fez comentário. A junção de “We all fall in love sometimes/Curtains” era a música que ele particularmente mais gostava de tudo que já havia composto com Bernie até ali.

- Oi, mamãe...

- Você não vai descansar? Todo mundo já foi embora.

- Você e o Derf vão dormir aqui, mãe? – ele perguntou sem parar de tocar.

- Se você quiser...

- Quero... Está muito tarde pra ir embora...

Ela sorriu e lhe beijou a testa.

- Não tem mais ninguém na casa?

- Convidados não. Só a Kiki ficou pra pousar a meu pedido. Ela veio sozinha e estava muito frio pra ir embora, então ela ficou. Mas já foi dormir num dos quartos lá de cima. Ela já é da casa e já se recolheu. Bernie e Toni deixaram um beijo pra você. Eles saíram com Rod e a esposa.

- Então já vou pra cama também. Pode ir você. Vou só fechar tudo aqui. Acredito que o Halley já tenha ido também. Ele ia ver a família...

- Foi sim... Boa noite, filho.

- Boa noite, mãe.

Ela o beijou e saiu. Elton parou de tocar, fechou o piano, levantou-se, foi para a porta e saiu. Subiu, entrou em seu quarto, tirou a farda, tomou um banho quente; vestiu o robe vermelho, deitou-se debaixo das cobertas e dormindo logo, exausto, mas feliz.

XI – DIAMOND JIMS - PARTE 17

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!