QUEBRANDO BARREIRAS - DIAMOND JIMS - PARTE 3

XII - DIAMOND JIMS

“While others climb reaching dizzy heights

(Enquanto outros ascendem, alcançando alturas vertiginosas)

The world’s in front of me in black in white

(O mundo está na minha frente em preto e branco)

I’m on the bottom line”

(Eu estou do fundo do poço!)

(Gotta get a) MEAL TICKET – CFBDC* - 1975

*Captain Fantastic and Brown Dirt Cowboy

Bernie pegou o telefone da mão de Elton e o colocou sobre o gancho de novo.

- Do que você tem medo, cara? Não é de tirar a grana do Dick que eu sei. Você não é mais tão idiota como no final da década passada que eu também sei.

Elton olhou feio para ele e ia falar algo, mas Bernie continuou:

- Toma e cheira umas exageradamente de vez em quando, mas ainda não está rasgando dinheiro, felizmente. Você pode ter ficado rico estando debaixo das asas dele, mas de 76 pra cá não vem vivendo de renda só que eu também sei. Elton, você sabe o que é produzir e sabe o que é ser produzido. Você faz as duas coisas. Do que você receia?

- Na verdade... nem eu sei. Eu sou amigo da família James agora. Almocei com o Steve Brown na casa do Dick há alguns meses e ele me trata muito bem sempre. Eu sei que estou no meu direito, Bernie, mas... eu sinto como se... apunhalasse Dick pelas costas.

Bernie apoiou as costas na poltrona, respirou fundo e disse:

- Olha, eu não quero ser maldoso, quero muito menos influenciar você nem jogar pedras em ninguém; se há alguém a quem eu agradeço muito por tudo que nos aconteceu é a Ray Williams. Esse fez diferença na minha vida de forma gigantesca por ter colocado aquele anúncio na New Musical Express ao qual eu respondi, mas... não estou mais na Inglaterra o bastante pra conviver o suficiente com ele e agradecer todo dia. Ele foi teu primeiro empresário antes do Reid, já pensou nisso?

Elton meneou sutilmente com a cabeça, concordando pensativo.

- Se eu devo alguma coisa a alguém é a Ray Williams. Ele agiu de boa fé com a gente o tempo todo e foi descartado de forma bem... estranha... estou errado?

- Não...

- Mas... eu passei quase oito anos circulando os corredores da DJM, vendo Dick olhar a gente de cima e ouvindo os sermões homéricos dele; eu o conheci bem e não sei se acredito que ele tenha mudado muito...

- Você mudou, eu mudei...

- Mas a minha essência e a sua são as mesmas. Não somos monges tibetanos agora e Deus sabe que não. A gente envelheceu, é diferente. Mais experientes e mais safos talvez, mas a essência continua a mesma. Estou errado?

Elton não respondeu, mas seu silêncio dizia que ele concordava com o amigo.

- Ele é publicador da Northern Songs, agora, além de ainda presidir a Dick James Music Organization ou... This Music, como o Stephen quer chamar aquela... merda; portanto, ainda é um cara envolvidíssimo com novos talentos como nós fomos há quinze anos. Ele está no mesmo ramo que você e continua enriquecendo. Não ficou menos inteligente nem mais honesto de lá pra cá. E sem querer envenenar essa sua cabecinha maravilhosa, parceiro... alguma vez te passou pela cabeça que não seria nada lucrativo pro DJ ser... antipático com o Elton John que ele fez? É de bom alvitre pra ele manter boas relações com você e... com todo respeito, continuar mamando nas suas tetas milionárias.

Elton fez uma careta, apoiou o rosto na mão e balançou a cabeça afirmativamente, esfregando o rosto em seguida.

- Ele não deve estar sentindo pena de botar a mão no seu dinheiro, Reg.

Elton olhou sério para ele.

- Não me chame de Reg.

- Estou conversando com ele agora, amigo. Elton John não teria dúvidas em cobrar o que é seu por direito. Você está agindo com o coração maravilhoso que o Reg Dwight tinha.

Elton permaneceu em silêncio.

- Não faça nada que possa fazê-lo se arrepender depois, nem deixe de fazer o que deve fazer, disse Bernie.

- Ele ganhou uma grama apostando em mim, não foi? – Elton perguntou.

Bernie apenas sorriu.

- Mas eu deixei, Bernie. Esses caras só se aproveitam de idiotas...

- Pelo menos é o boato que corre, brincou Bernie.

- Ainda assim... quero falar com ele pessoalmente. Quero que ele me entregue o que é meu amigavelmente. Não quero apunhalar ninguém pelas costas nem pegar ninguém de surpresa. Se não der certo...

- Se não der certo...?

- A gente parte pra Corte.

- Mas você vai ter que falar com os dois. O Stephen é o cérebro disso tudo agora. E fique você esperto porque ele é tão esperto ou mais que o pai dele em 69/70. O Dick já está dobrando o cabo.

- Até eu estaria, se tivesse todos os astros da música inglesa batendo na minha porta pra me cobrar. Paul, Sting, Gilbert O’Sullivan, Sedaka... Todo mundo resolveu cobrar o homem ao mesmo tempo.

- Não se preocupe. Ele já deve estar acostumado, ironizou Bernie, rindo.

- Bern!

- Tá certo. Desculpa. Não quis ser tão ferino. Mas isso só ajuda. Diminui seu sentimento de culpa. Pense que você não é único. Se está todo mundo prensando o cara é porque ele deve!

- Deve estar sendo uma barra pra ele, na idade em que ele está...

- É isso que está te fazendo hesitar?

- Um pouco.

- Tudo bem. Faça o que você quiser. Eu lavo minhas mãos. Endosso todo e qualquer ato seu. Eu não fiquei rico às suas custas; tinha o meu trabalho naquilo também, mas acho que você não vai querer me processar, vai? – ele perguntou com um sorriso cínico. – Com a gente sempre foi 50/50... não foi?

Elton nem se dignou a responder. Bernie riu uma risada safada e levantou-se batendo no ombro do amigo.

XI – DIAMOND JIMS - PARTE 3

BOM DIA!

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!