QUEBRANDO BARREIRAS - DIAMOND JIMS - PARTE 2

XII - DIAMOND JIMS

“While others climb reaching dizzy heights

(Enquanto outros ascendem, alcançando alturas vertiginosas)

The world’s in front of me in black in white

(O mundo está na minha frente em preto e branco)

I’m on the bottom line”

(Eu estou do fundo do poço!)

(Gotta get a) MEAL TICKET – CFBDC* - 1975

*Captain Fantastic and Brown Dirt Cowboy

Elton olhou feio para ele. Bernie, até ali em silêncio, sentado numa poltrona, do lado direito de Elton, disfarçou um sorriso.

- Você não diz nada? – Elton perguntou a ele, ao perceber o sorriso.

- Ninguém me perguntou nada, mas eu digo sim. Claro que digo. Na época eu era mesmo um moleque e só sabia que ia receber cinquenta por cento da quantia que ele nos pagaria pelas canções que fazíamos. Nem tinha ideia do que isso seria realmente, mas era mais do que tinha imaginado ganhar na vida. Não entendia absolutamente nada de finanças e não vou dizer que entendo muito agora, mas eu acho que embora não estejamos catando papéis na rua... ele está usufruindo de uma coisa que não é mais dele há muito tempo. Só pra lembrar, cada vez que tocam “Your Song” nostalgicamente nas rádios, nos elevadores e nos motéis da Califórnia, caem algumas libras na conta dele, parceiro. Particularmente, não tenho nada contra ele, mas não acho que você deva ficar com pena de um cara que enriqueceu no início dos anos setenta às suas custas.

- Ele não enriqueceu só às minhas custas, Bernie.

- Ah, não? Tinha mais gente na parada, no nosso tempo, mas bem que o nome Elton John ajudou, não ajudou? De vez em quando, quando venho chegando da América ao Heathrow, dou de cara com o Stephen James saindo de uma limusine prateada, entrando no aeroporto de nariz empinado. Quando me vê, dá um sorrisinho amarelo, acena de longe e passa como se fosse o camareiro da rainha.

Frank e John riram. John ironizou:

- Ele quase não fala, mas quando fala...

- Quer que eu pare? – Bernie perguntou, zangado. - É só falar. Se eu não sou importante aqui, como não era antes...

- Não, não pare, claro que você é e sempre foi importante, Bernie. Não seja bobo! - interrompeu Elton. – Só não coloque Sua Majestade no meio, por favor! – falou Elton, cobrindo o rosto com a mão.

- Olha, por mim tudo bem. Se você não se sente bem processando o James, eu particularmente não faço questão nenhuma, mas acho que a gente deveria pelo menos pedir de volta as matrizes gravadas de 67 a 75 e ficar em poder delas. Não é pouca coisa e são nossas, bolas! A gente fazia um disco por ano na década de setenta. O “Brick Road” foi duplo, o “Blue Moves” também, só pra constar, e apesar de todos os pesares, da gente quase ter morrido trabalhando neles, fizeram sucesso e muito sucesso. Sem contar o “Captain Fantastic”! Peça as matrizes de volta, caramba!

- Ele não abriria mão delas facilmente, Bernie. Tem muito em jogo nisso, disse John.

- Ah, claro, nosso dinheiro está em jogo! – disse Bernie, cruzando as pernas, indignado e retirando o pacote de cigarros do bolso da camisa, acendendo um.

- Eu vou conversar com ele, Elton falou, percebendo que o parceiro tinha razão no que dizia. – Vou tentar entrar num acordo com ele amigavelmente.

- Você vai tentar fazer um acordo de cavalheiros com Dick James? – Bernie perguntou, meio incrédulo.

- Vou. Ainda quero agir à minha maneira. Quero saber o que ele pensa a respeito e quero... falar com o Stephen também... Ir a alta Corte Britânica agora seria um desastre pra mim. Não quero voltar às manchetes de jornais outra vez, meu Deus! – ele disse aflito.

- Não vão ser contra você dessa vez, se isso vier a acontecer, Elton, falou John. – Você está no seu direito jurídico. É uma causa ganha. Como o Bernie disse, é muito material. São 169 canções das quais ele tirou cerca de 60% dos lucros e tudo está registrado e pode ser provado. Ninguém vai atrás disso sem base, sem provas. Ninguém aqui é mais criança.

- John, Frank, eu não estou com pena do Dick... Estou com pena... da minha tranquilidade que há cerca de seis anos não consegue nem chegar perto de mim!

Elton ergueu-se nervoso e foi para perto de uma janela de onde ficou olhando lá embaixo a Holland Street. John e Frank trocaram um olhar preocupado e Frank perguntou em voz baixa:

- O que eu faço agora, então?

- Eu já disse: vou entrar em contato com ele e conversar. Se eu não obtiver sucesso... entro em contato com você.

- Tudo bem, falou Frank, erguendo-se.

Apertou as mãos dos três, despediu-se e saiu.

John também se levantou, colocou alguns papéis numa valise, fechou-a e falou:

- Não se sinta culpado pelo crime dos outros, Elton. Você é maior que isso.

Elton olhou para ele e não disse nada.

- Se precisar de mim, estou na minha sala, falou o empresário, saindo.

Imóvel, Elton permaneceu olhando fixo para a janela. Bernie brincava com uma caneta, girando-a no ar entre os dedos e batendo com a ponta dela na mesa.

Elton voltou a sentar-se e ficou um tempo olhando para o telefone, enquanto mordia a ponta da unha do polegar; depois apanhou o telefone e começou a discar. Bernie colocou a caneta sobre o aparelho e impediu que ele fizesse a ligação.

- Que é? – Elton perguntou.

- Espera. Sem advogados e empresários por perto é mais fácil pensar. Dá um tempo.

Pegou o aparelho da mão dele e o colocou sobre o gancho de novo.

- Do que você tem medo, cara? Não é de tirar a grana do Dick que eu sei. Você não é mais tão idiota como no final da década de setenta que eu também sei. Toma e cheira umas exageradamente de vez em quando, mas ainda não está rasgando dinheiro, felizmente. Você pode ter ficado rico estando debaixo das asas dele, mas de 76 pra cá não vem vivendo de renda só que eu também sei. Elton, você sabe o que é produzir e sabe o que é ser produzido. Você faz as duas coisas. Do que você receia?

XI – DIAMOND JIMS - PARTE 2

BOM DIA!

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

Velucy
Enviado por Velucy em 26/12/2019
Reeditado em 27/12/2019
Código do texto: T6827018
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.