QUEBRANDO BARREIRAS - QUINZE ANOS - PARTE 16

XI - QUINZE ANOS...

We don’t regret a single day, you see?

Some of it was fun…

Elton e Bernie

Elton sorriu e concordou com Bernie quando pediu que ele não agisse como seu empresário estressado em relação a seu trabalho.

- Vou me lembrar disso. Bem, garotada, por enquanto é só. Cada um pra sua casa e... bom descanso. Beijem e transem muito com suas namoradas e mulheres. Vocês merecem.

Dee, Nigel, Richie e Tim despediram-se dele e de Bernie e saíram. Davey ficou, a pedido de Elton.

- Que era que você queria falar comigo? – o guitarrista perguntou.

- Já falei com o Nigel e o Dee e eles aceitaram. Vamos gravar um clipe de “Ball and Chain” em estúdio de TV. Topa?

- Só nós quatro?

- Isso.

- Oba! Pode contar comigo. Mas... não vai ser dublado como nos tempos de BBC, vai? Acho que não aguento mais aquilo não.

- Não, cara, ao vivo e a cores. Cantado mesmo.

- Tô dentro. Vou adorar.

- Maravilhoso.

- Mas por que esse sigilo todo?

- Questão de ética. Coisas boas a gente só conta pros amigos que entendem a gente.

Davey olhou para ele sem entender.

- Acho que não peguei essa...

- Esquece. Só curte... Elton falou, misterioso.

Davey olhou para Bernie que tinha um quase imperceptível sorriso nos lábios e fumava tranquilamente, sem dizer nada.

- Eu, hein! Vou embora, enigmas não são comigo. Tô liberado? Quando eu te vejo?

- Eu ligo. Onde você vai estar?

- Hoje, na rua até... sei lá até quando. Preciso... desenferrujar... abraçar coisas... maiores que a minha garota de seis cordas. Amanhã, eu volto pra casa, quando me curar da ressaca. Vou ver meu filhote. Se eu não estiver, ele está. Liga pra ele. Ele adora ouvir sua voz, principalmente quando a guitarra do pai dele está atrás dela.

Elton sorriu. Davey apertou as mãos dos dois e saiu.

Elton sentou-se, jogou a cabeça para trás, encostando-se no espaldar do sofá e fechou os olhos. Bernie ficou ainda apoiado no braço do sofá, pernas cruzadas, fumando e olhando para ele em silêncio.

- Diga alguma coisa, falou Elton, na mesma posição. – Zangado comigo?

- Eu não, porque estaria?

- “Empty Garden”...

Bernie sorriu, jogando a fumaça no ar e passando a mão pelo rosto.

- Eu já sabia.

Elton ergueu a cabeça e olhou para ele.

- Você sempre sabe de tudo. Isso me deixa puto, às vezes, sabia? Eu não acredito em você.

- Problema seu. Você é que foi desonesto em não me dizer logo no início. Pensava que eu fosse ficar zangado?

- Pensava que você fosse ficar magoado.

- Magoado por quê? Você não é e nunca foi obrigado a gostar de tudo que eu escrevo. Aliás... você nem lê direito o que eu escrevo pra você. Só joga a sua música pra cima de qualquer texto meu, mesmo que ele te mande às favas e pronto. Sempre foi assim.

- Mas “Empty Garden” é especial pra você...

- E daí? Sabe, o James uma vez me disse que não sabe como um cara com tanto talento pra fazer música pode ser tão mesquinho consigo mesmo...

Elton aprumou a cabeça e olhou para ele, franzindo as sobrancelhas.

- Mesquinho? Eu?

Bernie deu outra tragada no cigarro e apoiou os cotovelos nos joelhos, olhando firme para ele. Jogou toda fumaça no rosto de Elton que tossiu e abanou a mão em frente ao rosto para afastar a fumaça.

- Pra onde foram os planos de fazer um álbum instrumental com o Jim? Por que você não começa a colocar suas ideias nas suas composições? Você trabalhou assim com Gary Orborne. Ele me contou que o chute inicial para cada canção quem dava era você, que ele era apenas quem colocava palavras nas suas musicas, diferente do jeito que você trabalha comigo.

- Não gostaria de trabalhar com você desse jeito.

- Por que não? A gente já fez isso. A gente fez “Ego” assim.

Elton demorou um pouco a responder. Deu de ombros e falou:

- Naquele tempo era outra situação...

- Porque a gente estava meio de bico um com o outro?

- Sei lá... Parece estranho... Você é muito... independente naquilo que faz e eu gosto disso. Gosto de escrever minhas músicas em cima daquilo que você pensa. Você viu que eu disse isso ao Dan. Não tem nada de errado com isso, tem? Você trabalhou assim com o Dennis também, no “Tiger”.

- Não, não tem nada errado, mas eu não sei fazer música como você.

- Suas letras já vêm com a música impressa nelas, Bernie! Não tenho culpa disso...

- Isso é outro assunto. É questão de eu conhecer você do avesso, Elton... Tudo que eu sei de música, eu aprendi com você...

- Isso não é verdade. Você já sabia muito sobre música quando a gente se encontrou...

- Não estamos falando de mim. Nós estamos falando de você. Você... apesar dessa genialidade toda, parece se esconder, se acomodar atrás dessa nossa rotina de criação. Você mesmo reconhece que é um dos melhores compositores de instrumentais que existem e eu concordo. Você parece ter um piano dentro da cabeça e é capaz de tirar música até... do texto da Constituição Americana, caramba! Provou isso a pouco tempo, fazendo música do texto do Joe Doe, “Nenhum Homem é uma ilha” que o Gambaccini deu pra você diante de todo mundo. Você faz isso com a mesma facilidade que eu fumo meu cigarro! E tem coisas lindas escritas que eu já ouvi que não tiveram nada a ver com minhas letras! Por que as pessoas não podem ouvir essas coisas também?

XI – QUINZE ANOS - PARTE 16

JÁ COMEMOROU QUINZE ANOS DE ALGUMA COISA?

BOM DIA E QUE DEUS ILUMINE NOSSAS VIDAS

OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 22/12/2019
Código do texto: T6824403
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