Q.B. - MUITO... ABAIXO... DE... ZERO - PARTE 8

X - MUITO... ABAIXO... DE... ZERO

Ei, Toni, esta é de mim pra você!

Amor, Bernie!

“Too low for zero” - 1983

John Reid saiu. Elton juntou os joelhos, cruzou as mãos sobre eles e apertou os lábios, com ar de quem esperava um pito. Bernie sorriu.

- Que cara é essa?

- Não é uma conversinha? Suas conversinhas me arrepiam. Estou pronto. Que foi que eu fiz?

- Para com essa mania de pensar em mim como se eu fosse um vilão, Reg. Não tenho mais idade pra isso.

- O que foi então? – disse Elton, relaxando. - Algum problema?

- Não, nada muito sério. Gosto de cortar a onda do Reid. Essa mania de pensar que ainda namora com você e te trata feito marido possessivo me dá nos nervos.

- Não acredito, Bern...

Bernie riu gostoso.

- Não, não é só isso. É que... eu queria te perguntar até que ponto as coisas entre nós serão exclusivas.

Elton não entendeu a pergunta e sorriu.

- Como... exclusivas?

- Estou recebendo propostas de trabalho com uma porção de gente. Colaborar com outros músicos... você sabe...

- Sério? Isso sempre aconteceu, você foi quem nunca quis ser letrista de mais ninguém. Eu nunca impedi... ou impedi?

- Não...

- Você quer trabalhar com outros caras?

- É... de repente...se não conseguir fazer tanta grana com você... brincou ele, com um sorriso cínico no rosto.

- Cachorro! – zangou-se Elton, jogando sobre ele a primeira almofada que encontrou na frente.

Bernie riu, defendendo-se.

- Agora pare você de pensar em mim como se eu fosse um vilão, falou Elton. – O que nós somos afinal de contas, escravos um do outro? Para com isso, irmãozinho! Acho até que é bom você colaborar com outros caras pra eles pararem de te chamar de “menina dos olhos de Elton John”.

- Teve uma época que isso me aborrecia... falou Bernie pensativo, acariciando o pequeno brinco de argola dourada na orelha direita.

- Não aborrece mais?

- Não, até me diverte. Eu sou o único cara que eles não conseguem envolver sentimentalmente com você... pelo menos não ultimamente. Sinto falta às vezes...

Elton riu, sabendo que aquilo era mentira.

- Considerando-se nossas ideias e nossa relação... seria quase... incesto.

Bernie fez uma careta de nojo.

- Acho melhor parar por aí. Esse treco por si só já é um problema, misturado com homossexualismo então... uau! Dá um nó na minha cabeça. – Bernie esfrega os braços, parecendo se arrepiar. – Por falar nisso, esse ano faz quinze anos que a gente se conhece, não é?

- É... Estive pensando nisso, falou Elton, esticando o corpo e apanhando o controle remoto do circuito fechado de televisão, ligando-o.

- Onde você vai estar em dezembro? – perguntou Bernie, observando o modo como o amigo começou a brincar com o aparelho.

- Excursionando pela Inglaterra, como sempre, depois de uma turnê mundial. Sempre gostei de terminar os shows lá.

- Até o Natal?

Elton balançou a cabeça, confirmando. Apertava mil botões que mostravam imagens de várias partes da casa de Bernie, tanto fora quanto dentro.

- Que bárbaro! Esse negócio é fantástico! Preciso instalar um desses em Crimphill.

- Você tem segurança pra todo lado!

- Quero me livrar deles! E não são tantos assim. Isso aqui é bem mais prático e tem uma grande vantagem: não dorme à noite, não se mete na sua vida, não exige aumento de salário no fim do mês...

Bernie riu.

- Pra mim tem até mais uma.

- Qual?

- Não paquera minha mulher.

Elton riu também. Apertou o canal que mostrava o portão de entrada e viu um carro parado lá.

- Tem um carro chegando aí...

Bernie olhou para o vídeo e disse:

- Conheço esse carro... mas não sei... de quem é.

- Parece o carro do Chris.

- Chris Thomas?

- É.

O telefone interno tocou. Bernie atendeu.

- Que é?

- Senhor Chris Thomas chegando, Bernie.

- Tudo bem, eu já vi.

Bernie desligou o aparelho e levantou-se.

- É o próprio.

- E não está sozinho.

- Não?

- Ei, é aquela garota... Aquela garota do AIR!

Bernie voltou a olhar para a televisão, mas não reconheceu a garota.

- Nunca vi mais gorda.

- Claro que já viu. A engenheira de som dos Estúdios AIR, que assistenciou o Chris e o Bill nas gravações do JUMP.

- A alemãzinha de olhos azuis?

- Alemãzinha? Aquilo era, como você diria; mais do que Cary Grant poderia esperar.

- Você acha?

- Você não?

- É... Ela é simpática, jeitosinha...

- Jeitosinha? Nunca ouvi você falar assim de uma mulher.

- Você nunca me perguntou o que eu acho da Thatcher, disse ele cínico, indo para a porta.

Elton riu, desligou o aparelho e foi atrás dele, levando consigo a taça de champanhe.

X - MUITO ABAIXO DE ZERO - PARTE 8

SE SEU CORAÇÃO ESTÁ FRIO...

PENSE EM DEUS... OU NO MÍNIMO EM QUEM TE AMA

ISSO VAI TE ESQUENTAR RAPINHO!

BOM DIA E QUE DEUS ILUMINE NOSSAS VIDAS

OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/11/2019
Reeditado em 01/12/2019
Código do texto: T6807160
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