Q.B. - EU AINDA ESTOU DE PÉ - PARTE 1

IX - EU AINDA ESTOU DE PÉ

See the changes here on every street

(Veja as mudanças aqui em cada rua)

As time goes marching to a different beat

(Enquanto o tempo vai marchando para uma batida diferente)

Moving on into the restless age

(Se movendo dentro de uma idade impaciente)

As the kids today find their feet

(Conforme as crianças de hoje encontram seu caminho)

“Where have all the good times gonne?” – Jump Up! - 1982

No dia 4 de janeiro, Elton recebeu a visita da banda na mansão. Depois de longa espera, Dee, Nigel e Davey estavam novamente junto dele, conversando sobre passado e futuro e fazendo planos.

Vestido num pulôver laranja, sobre calças de veludo marinho, botas de couro cinza e o inseparável boné na cabeça, sobre os cabelos, agora, bem curtos, ele relembrou:

- Outro dia, eu estava lembrando daquele show que fizemos na França, em 69, 70, sei lá... Que desespero ver tanta gente vaiando a gente. Vocês lembram?

Nigel e Dee riram. Os dois que estavam lá com ele.

- Nunca suei tanto no frio como naquele dia, disse Nigel.

- Depois daquilo, eu queria me enfiar debaixo do piano e morrer, continuou Elton. - Não dava nem pra pensar em tocar bem... Foi desesperador, meu Deus! Como as coisas eram difíceis... Nós éramos muito ruins...

- Mas as coisas ainda são difíceis, falou Davey. - Mesmo que se tenha nome, nunca se sabe o público que se vai enfrentar. São sempre... cabeças diferentes, gostos diferentes... Você mesmo enfrentou os russos há alguns anos...

- É verdade... Eu me senti começando de novo, ali. Eu e o Ray, tentando fazer a cabeça daquela gente que ficava olhando pra gente parecendo cubos de gelo.

- Mas ali era diferente, falou Dee. - O povo era muito reprimido. Pelos relatos que eu ouvi, o povo gostava de você, mas não podia demonstrar.

- Isso é verdade... De qualquer forma, estaremos começando tudo de novo, meninos.

- Dá um friozinho na espinha, sorriu Nigel.

- Sempre ficaram os calos, falou Dee, olhando para as pontas dos dedos.

Elton sorriu.

- E a experiência. E eu é que vou sofrer pra me adaptar a um Dee Murray, um Nigel Olsson e um Davey Johnstone que não tocam comigo há não sei quantos anos! Três instrumentistas fabulosos que saíram por aí aprendendo coisas que eu nem imagino de onde vieram!

- Pra depois acabarem tocando novamente com certo pianista que aprendeu tanto ou mais do que nós juntos, disse Davey. - O James me contou tudinho!

- Não, o que aconteceu comigo foi diferente, ele disse sério. - Foi começar de onde eu parei, mudando uma porção de coisas erradas, aperfeiçoando coisas certas, me adaptando a noções que nem eu mesmo conhecia... Voou parafuso por todo canto, acreditem! Foi como entrar na Real Academia novamente.

- Mas com o mestre dos mestres: James Newton-Howard não é qualquer professor. O cara é um gênio! - declarou Davey.

- Isso é verdade... Aprendi muito com ele, disse Elton, coçando a nuca e suspirando. - Vai ser bom voltar, com vocês do meu lado. Eu sei que vou me sentir mais seguro, mais confiante com meu trabalho. Vou poder novamente cantar as minhas coisas com Bernie com caras que sabem como e porque eu as faço. Caras que sabem como eu respiro e que respiram no mesmo ritmo que eu. Vai haver dificuldades, eu sei. Também não quero fazer meu público de cobaias de uma nova experiência minha, mas, se eu os conheço bem, e eu sei que conheço, vamos chegar lá.

- Depois da gravação do novo álbum, qual o tempo que teremos pra ensaiar, conversar sobre a turnê e essas coisas? - perguntou Nigel.

- Tenho que estar em Sidney no dia 19 de março, de modo que o álbum está previsto para ser gravado em... duas ou três semanas...

- Três semanas? - Davey perguntou, apreensivo.

- Bernie já me passou parte das letras, digamos... quase todas. Ele me disse que vai com a gente pra ilha e quer fazer outras lá. Sei que posso contar com você, não posso? - perguntou a Davey.

- Claro, mas...

- Não se preocupe, Davey. A minha cabeça está tão leve, que não acredito que tenhamos problemas nesse sentido. Vocês têm pé quente.

Sheila entrou no salão com um carrinho com uma bandeja de biscoitos e chocolate quente para servir para todos.

- Boa tarde, meninos! Querem fazer uma boquinha? Trouxe uns biscoitos pra vocês irem comendo enquanto conversam. Como está nevando, hoje, não?

- É a Inglaterra, mãe, disse Elton.

Ela começou a servir a todos.

- Você é fantástica, Sheila! - disse Davey, já de olhos gulosos sobre os biscoitos.

Elton levantou-se para ajudá-la e falou:

- Eu não preciso dizer que isso aqui deve estar divino, não é, meninos! - ele disse, no mesmo tom que ela em falsete.

- Não zombe de mim, moleque! - ela falou calmamente, enquanto servia Nigel com uma xícara de chocolate.

- Não estou zombando, ele defendeu-se, comendo um biscoito, enquanto estendia a bandeja para que eles apanhassem o seu.

Quando todos estavam servidos, ela disse:

- Vou deixar o carrinho aqui. Se precisarem de alguma coisa, é só chamar. Vou levar os do Fred

- Obrigado, querida, disse Elton, beijando sua mão.

Ela se foi. Elton pegou uma xícara para si e voltou a sentar-se onde estava.

- Quero uma dessa pra mim, falou Nigel.

- Não dou, não vendo, não empresto... quer dizer, empresto, só pra vocês, disse Elton.

Os quatro riram.

EU AINDA ESTOU DE PÉ - PARTE 1

SER CONSCIENTES DO QUE NOS TROUXE AQUI...

É ISSO QUE NOS MOVE E NOS MANTÉM EM PÉ!

BOM DIA E QUE DEUS ILUMINE NOSSAS VIDAS

OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 04/11/2019
Reeditado em 05/11/2019
Código do texto: T6786721
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