SERTÃO 2

Era o dia 25 de abril, mim lembro bem pois era o dia do meu aniversário, eu fazia 19 anos e sentia uma saudade danada da minha mãe, com certeza estava preocupada comigo, nunca tinha passado um dia de aniversario longe dela, ela sempre fazia algum mimo para mim, por menor que fosse sempre fazia. Acordei naquela manhã na praça, acordei bem cedo, ao amanhecer, devia ser umas cinco horas, não tinha ninguém, só um mendigo dormia perto de mim, todo enrolado em papéis, tentei um banheiro e não via, tive que fazer minhas necessidades atrás da estátua de alguém, foi o pior momento da viagem. Estava com fome é sede, resolvi ir atrás de trabalho, e sai em direção ao sol, sabia que lá ia encontrar o mar, o sol sempre nascia no mar ou na serra, em algum lugar bonito, ele nascia. Com uma hora de caminhada começou a surgir gente de todos os lados, carros e bicicletas, o mundo tinha se acordado. Passei numa lanchonete, estavam tomando café, fiquei com vontade de pedir um pouco, mais o orgulho do sertanejo falou mais alto, e segui em rumo ao sol. Senti o cheiro do mar de longe, era gostoso, tinha cheiro de mato molhado com açúcar, foi o que pensei na hora, depois veio o som, ele gritava alto vez por outra, eu consegui sentir na alma o mar, e por último a visão, a areia era branca e o mar era imenso, O maior açude que tinha visto, era muito maior que o açude do sinhorzinho, e olha que o açude do Sinhozinho nunca tinha secado, era o maior da região e na seca abastecia até municípios visinhos. Quando vi o mar de perto não resisti, deixei a mala na areia, tirei a roupa, fiquei só de cueca e mergulhei no mar, era muito salgada a água do mar, e muito fria também, nunca me esqueço daquele momento, sempre sonho com o mar, onde estiver nunca vou esquecer daquele momento. Depois que tomei banho de mar, me vesti e fui atrás de emprego, passei três dias andando pela cidade de Fortaleza, andava e dormia na praça, estava com muita fome, só bebia água que pedia nas casas, tinha comido uma banana que achei no lixo, mais tentei disfarçar para ninguém perceber tal gesto, com certeza meu pai ia reclamar muito daquela minha situação atual, comendo banana de lixo, isso não era coisa para um homem fazer. No quarto dia parei em frente a um prédio em construção, tinha muito movimentação de homens trabalhando, e resolvi pedir um emprego, falei com um trabalhador que empurrava um carro de mão, perguntei se não tinha emprego, que eu estava procurando emprego, ele falou pra mim que eu procurasse o Mestre António, apontando para o mesmo. Eu fui até o Mestre, levantei a mão, as duas mãos, olhei nos olhos dele e pedi para trabalhar, o Mestre olhou para os meus olhos e parou um pouco, veio em minha direção e eu continueimcom as mãos para o céu, ele olhou nas minhas mãos, olhou nos meus olhos e falou....

-você está com fome?

- estou sim senhor

Ele chamou um operário, pediu para dar comida para mim na cantina, depois fosse ao vestuário trocar de roupa, que eu ia trabalhar lá. Depois lá na frente, quando era muito amigo do Mestre António, eu perguntei por que ele tinha me contratado, ele sorriu e disse

- era muito calo na mão de um menino.........rindo

SERTÃO 2

FRED COELHO 2019

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 20/10/2019
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