Q.B. - NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 13

VII - NOS CALCANHARES DO VENTO

”I’m a page on the end of a story

No closer to my hope and glory

Just a kick away from the heels of the wind”

“Heels of the wind” – Álbum THE FOX - 1981

Bernie apoiou os braços nas costas do sofá para se refazer.

- E é por isso que eu vou continuar me afastando de idiotas como você que entram na minha casa pra me dizer o que você me disse agora! Eu não vou admitir isso mais, entendeu?! Não vou!

Bernie estava tão nervoso que sua respiração havia ficado difícil. John, surpreendido com tudo aquilo, aproximou-se dele e sorriu.

- Foi a coisa mais bonita que eu já ouvi de você, moleque. Eu imaginei que tivesse sido difícil pra você passar por tudo aquilo, mas... eu também estava passando por uma pressão muito grande naquela época...

- Não sou mais moleque... ele disse, baixinho, com as lágrimas rolando pelo rosto. – Também cansei de ser chamado assim. Já disse que o cowboy morreu... O garoto está morto também e faz tempo... Acho que ele nunca existiu. Com dezessete anos eu tinha mais bagagem que o Reg aos vinte e três e você conseguiu acabar com aquele Reg doce e puro em menos de um segundo. Eu nunca fui um garoto, mas ele era. E se você estiver disposto a me engolir ainda vai ser como Taupin mesmo, Bernard Taupin.

John balançou a cabeça, aceitando aquela decisão.

- Se... você está tão seguro agora, como era aos vinte anos, se... todas aquelas barreiras que te jogaram pra longe dele... caíram... com certeza tem condições de voltar a uma parceira novamente com ele... Estou enganado?

- Você não para de ser empresário nem dormindo, não é, Reid?

- Só responda!

Bernie foi apanhar a pasta que havia colocado sobre o sofá e jogou nos braços de John.

- Amanhã, se ele quiser, desde que não me faça sair de Los Angeles. Isso aí é pra ele. Esqueceu aqui.

John abriu um largo sorriso e abriu a pasta, vendo, dentro dela, as letras e disse:

- Fico muito feliz por... ter recebido essa calorosa... bronca! Mas fique sabendo... Não me arrependo de nada do que eu fiz. Hoje eu poderia até fechar todas as filiais da Rocket Records do mundo inteiro e começar tudo outra vez... pelo Elton! Nós não estamos mais juntos, mas eu ainda o amo muito, disso você pode até reclamar, mas eu ficaria feliz até em... levar um soco na cara de você... por causa dele.

- Não me dê ideias... disse Bernie, com vontade de rir, mas não o fez.

- Não... não... disse o empresário, indo para a porta, lembrou-se de algo e voltou para perguntar:

- Você já viu o “The Fox” depois de pronto e mixado?

Bernie balançou a cabeça, negando.

- Claro que não, foi lançado hoje, disse John quase que para si mesmo. - Mas é que tem uma canção nele... Engraçado... Não foi você que fez a letra...

- Quê?

- Gary escreveu a letra que poderia muito bem ter saído da sua cabeça. Eu gosto muito da melodia...

- Qual?

John respirou fundo e ergueu as sobrancelhas.

- Vão te mandar uma cópia dele, com certeza. Ouça e me diga depois. Há algo lá que fala mais ou menos do que você acabou de me dizer agora... Se você não concordar... pelo menos eu não vou ganhar um olho roxo. Há também uma... “Elton’s Song”, feita por Tom Robinson, muito corajoso. É linda! Essa não sairia da sua cabeça, mas combina com... Parece muito com a sua “Your Song”. Tem a mesma temática.

- Essa eu ouvi. É praticamente uma canção gay. Eu conheço o Tom.

John sorriu, mordendo o lábio inferior.

- Nós dois sabemos de longa data que “Your song” não foi feita para uma garota... Tchau... Taupin.

Ele deu as costas e quando abriu a porta, deu de encontrou com Toni que ia entrando.

- Oi, John! - ela disse, sorrindo.

- Como vai, Toni!

- Bem, acabei de levar o Elton até o aeroporto. Ele pediu pra lhe dizer que está bem e que espera o senhor em Londres. Resolveu não ir direto para a Alemanha porque achou que deveria chegar lá com o senhor e pede desculpas pelo transtorno.

- Ah, fico feliz em saber que ele pensou em mim. Obrigado, Toni. Até logo, eu já estava de saída.

- Até... ela falou.

John saiu e Toni fechou a porta atrás dele. Olhou para Bernie e o viu olhando para o chão com as mãos nos bolsos do roupão, parecendo estar longe dali. Aproximou-se dele e viu que ele tinha o rosto molhado.

- Ei!... ela fez, segurando o rosto dele entre as mãos, fazendo-o erguer a cabeça. - Que foi, amor? Você está chorando...

Ele apenas balançou a cabeça e sorriu.

- Nada... Não é nada... Bernie disse, abraçando-se a ela.

Toni tocou seu rosto com o indicador e mostrou a ele o dedo molhado.

- Então o que é isso?

- Eu... Estava tentando fazer... um sanduíche de bacon com ovos e... cebola...

Bernie abraçou-se a ela e começou a chorar. Ficaram uns segundos abraçados e ela insistiu:

- Não vai me dizer o que foi que houve?

- É que faz muito, muito tempo que eu... não me sinto tão bem. Sabe há quanto tempo eu não choro assim, com vontade? Anos... Anos, meu Deus, anos!...

- E não vai me explicar por quê?

- Vou, claro que vou, mas depois que a senhora me explicar por que saiu sem me avisar, ele falou, pegando-a pela mão e subindo com ela para o quarto.

- O Elton me pediu para levá-lo até Beverly Hills... começou ela a contar o que tinha acontecido.

Terminou a explicação já no quarto, sentada diante dele na cama.

- E aí o deixei no aeroporto e ele foi para Londres.

- Ele estava bem? Estava nervoso, irritado...?

- Não! Estava bem. Ele fica uma gracinha sem as lentes, comentou ela, sorrindo.

- Não vejo qual a diferença...

- Porque ele aperta os olhos pra enxergar e fica com o ar de... criança indefesa... Sei lá...

Bernie riu.

- Ele é um homem bonito quando quer, ela disse pensativa.

- Ah, é? Que mais?

- Ciúmes, benzinho?

- Não, senhora, defendeu-se ele. - Continua contando, vai.

- Ele também estava preocupado com o John, que é um pouco nervoso e com certeza ia ficar muito zangado, mas... fora isso, estava bem.

- Ele quase me tira do sério hoje aqui. Faltou pouco pra eu quebrar a cara dele.

- Ele é o empresário do Elton!

- Ele pode ser até o rei da Inglaterra ou rainha, sei lá... mas, se vier agindo comigo como faz com todo mundo, eu quebro a cara dele... Ele me desperta isso, sempre despertou. Desde que eu descobri...

- O quê?

- Que ele é mais gay que o Elton e se esconde atrás daquele terno...

Toni o fez calar-se com um beijo.

- Não fala mais nada... Eu já te desejei feliz aniversário?...

- E você acha que eu vou querer só esse beijo?...

NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 13

CONTINUA...

SEJAMOS SEMPRE REFLEXO DA GRAÇA DIVINA. OBRIGADA!

BOM DIA E QUE DEUS ABENÇOE A TODOS

FELIZ DIA DOS PROFESSORES!

PRA MIM TAMBÉM! RSRSRSRSRSRSRS

Velucy
Enviado por Velucy em 15/10/2019
Código do texto: T6769893
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.