Q.B. - NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 11

VII - NOS CALCANHARES DO VENTO

”I’m a page on the end of a story

No closer to my hope and glory

Just a kick away from the heels of the wind”

“Heels of the wind” – Álbum THE FOX - 1981

Às três e meia da tarde, Bernie acordou, levantou-se, tomou um banho, vestiu um roupão e desceu.

- Toni! - chamou, procurando-a pela casa, sem receber resposta. Só Vodca apareceu mais festivo do que nunca. - Bom dia... ou melhor, boa tarde, garoto.

O cão latiu.

- Ah, obrigado, é muito gentil da sua parte, disse Bernie, segurando uma das patas do animal. - Onde está a mamãe? Você a viu?

Ele foi ao estúdio e viu vários arranjos de flores em toda parte, no chão inclusive.

- Poxa vida! Quem morreu? - perguntou, rindo. - Pelo menos eu já posso ter certeza de que quando eu morrer, as floriculturas terão um lucro fantástico!

Leu alguns cartões de amigos desejando felicidades e sobre o piano havia uma placa de prata num suporte que tinha as palavras: “Ao meu amigo e grande letrista, parabéns pelo aniversário e por todo sucesso que ainda vai ter nessa vida! Obrigado por tudo!” Dennis Tufano.

Bernie sorriu.

- Obrigado você, amigo...

Ele olhou na direção de sua máquina de escrever e viu uma caixa de veludo azul marinho sobre ela. Aproximou-se e apanhou. Havia um cartão e ele abriu. Era a letra de Elton que dizia: “Felicidade, amor e muito sucesso. Feliz aniversário! Seu amigo e irmão, Elton.”.

Bernie sorriu e colocou o cartão sobre a máquina, começando a abrir a caixa. Ao levantar a tampa, viu, dentro dela, uma linda Winchester prateada que o fez ficar boquiaberto. Retirou-a da caixa e a segurou como se segurasse a própria vida. No corpo da arma estavam gravadas as suas iniciais: B.J.T.

- Deus do céu! Esse cara é maluco!

Girou a arma na mão e apertou o gatilho para experimentá-la. Para sua surpresa de dentro do cano saiu uma bandeira vermelha onde estavam escritas as palavras: “Não atire em mim, sou apenas seu melhor amigo!”, que lembrava o nome do álbum lançado em 1974: “Don’t shoot me, I’m only the piano player”. Bernie começou a rir.

- Não acredito! Esse cara tem cada ideia!

Voltou os olhos para a mesa onde estava a máquina e viu a pasta com as letras que tinha feito para ele com as quais estava compondo no dia anterior.

- Aquele tonto esqueceu da pasta!

A campainha soou. Ele pegou a pasta e foi atender. Recebeu John Reid, na porta, muito nervoso.

- Boa tarde, Bernie! - disse ele, passando por Bernie e entrando na casa. - O Elton está aqui?

Bernie fechou a porta calmamente e respondeu:

- Boa tarde, John. Acho que está sim...

- Acha?

- É... ele dormiu aqui. Deve estar dormindo ainda.

- Ele tem um vôo às sete!

- Eu sei...

- São três e quarenta!

- Você tomaria o chá das cinco às três e quarenta?

- Quer chamá-lo, por favor?

- Não... Bernie falou, calmamente.

- Mas...

Bernie colocou o indicador sobre os lábios, pedindo silêncio. John olhou para ele boquiaberto. Bernie foi pegar um cigarro na carteira sobre a mesa de centro, acendeu um, tragou e jogou a fumaça no ar, tudo isso diante dos olhos perplexos de John Reid. Em seguida falou:

- Ele bebeu demais ontem. Não estava muito legal.

- Eu não acredito! E você o deixou beber. Sabe como ele...

- Acredite... eu tive que carregá-lo lá pra...

- Eu sei o que deve ter acontecido! - exaltou-se John, assustando Bernie.

- John Reid, você está na minha casa! Calma! O Elton deve estar bem. Daqui a pouco ele desce e você o coloca na sua valise e o leva embora, tá?

John acalmou-se e tentou desculpar-se:

- Sinto muito... Você não quer ir chamá-lo pra mim?

Bernie deu um suspiro, colocou o cigarro na mão de John, foi para o pé da escada e começou subir devagar. John olhou para o cigarro e fez uma careta.

- Já que você não vai fumar, coloque no cinzeiro pra mim e fique no pé da escada, caso eu precise de alguém pra me segurar na queda. Não sei como está o humor dele... brincou o letrista, enquanto subia.

Ao chegar ao quarto, não encontrou ninguém. Voltou a descer.

- E ele? - perguntou John.

- Não está no quarto.

- Como não está?

- Não está! Deve ter ido embora, enquanto eu dormia.

- Mas...

- Espera um pouco...

Bernie pegou o interfone e chamou um criado, que chegou logo em seguida.

- Você viu a senhora Taupin sair?

- Vi, sim. Ela foi levar o senhor John até Beverly Hills.

- Obrigado, pode ir.

Olhou para John e disse:

- Pronto, seu amado está com a minha mulher.

John olhou para ele, fuzilando-o com os olhos, mas respirou fundo e pediu:

- Posso usar seu telefone?

- Claro, eu nem cobro taxa pros amigos! - ironizou Bernie.

Enquanto John ia para o telefone e ligava para Elton em Beverly Hills, Bernie sentou-se em uma poltrona e acendeu mais um cigarro. Minutos depois, John desligou o telefone, mais irritado que antes.

NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 11

CONTINUA...

SEJAMOS SEMPRE REFLEXO DA GRAÇA DIVINA. OBRIGADA!

BOM DIA E QUE DEUS ABENÇOE A TODOS

Velucy
Enviado por Velucy em 13/10/2019
Código do texto: T6768143
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.