Q.B. - NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 9
VII - NOS CALCANHARES DO VENTO
”I’m a page on the end of a story
(“Sou uma página no final de uma estória)
No closer to my hope and glory
(Nada perto da minha esperança e glória)
Just a kick away from the heels of the wind”
(Só a um pontapé distância dos calcanhares do vento”)
“Heels of the wind” – Álbum THE FOX - 1981
Bernie sorriu ouvindo Elton cantar “Parabéns a você” para ele e balançou a cabeça, começando a tirar o terno dele. Cantou junto e ao final da canção, Elton falou:
- Você canta bem, Bern...
- É, já me disseram isso, disse ele, virando-o para tirar paletó.
- A gente podia fazer um álbum juntos...
- É, não seria má ideia, brincou Bernie, começando a desabotoar a camisa de cetim pastel. - Está disposto a dividir seus fãs comigo?
- Meus fãs?... Nossos fãs amam a gente... Amam...
- Acredito...
- Você não tem um pouco de coca aí. Eu fico bom logo com ela... Tenho que ir pra casa.
Bernie olhou para ele com tristeza.
- Não tenho não... nem é disso que você precisa agora, garoto. Fica quietinho.
Elton continuou falando bobagens, mas de modo tranquilo. Nunca perdia a linha quando falava com Bernie como se ele fosse três anos mais velho e não o contrário.
E durante um bate papo sem o menor sentido, Bernie conseguiu tirar a roupa de Elton e colocá-lo debaixo das cobertas. Elton caiu num sono profundo logo depois. O letrista ficou em pé, ao lado da cama, olhando para ele por algum tempo, sentindo um misto de pena, carinho e apreensão. Sentiu vontade de chorar.
Ele conhecia Elton melhor do que muita gente que já havia convivido com ele e sentia um desejo enorme de poder fazer alguma coisa por ele, para ajudá-lo a sair daquele período tão difícil. Mas o que fazer para solucionar um problema tão polêmico, se ele mesmo já tinha sido parte desse problema?
Ajeitou as cobertas sobre Elton e acendeu o abajur; olhou para ele mais uma vez, acariciou seu rosto e foi para a porta, apagando a luz e saindo.
No corredor, enxugou o rosto e entrou em seu quarto, que ficava ao lado, e Toni já estava lá.
- Ele está bem? - ela perguntou.
- Dormiu. Não estava enxergando mais nada, em todos os sentidos, disse ele, tirando o relógio de pulso.
- Me desculpe a festinha surpresa...
Ele olhou para ela e sorriu, indo sentar-se ao seu lado, na cama.
- Valeu, gatinha. Eu é que sou chato demais. Foi legal, embora não estivesse nos meus planos deixar Elton John bêbado na minha casa...
- Sinto por isso...
- Tudo bem, mas se tiver outra no ano que vem, eu mato você... ele aproximou-se dela, beijando-a.
- Feliz Aniversário, amor!
Toni acariciou seu rosto e o viu molhado.
- Você chorou?
- Não... ele disse, abraçando-a forte.
Na manhã seguinte, Toni foi a primeira a acordar. Era quase onze e meia e ela começou providenciar uma refeição para eles.
Imaginando que Elton fosse acordar com uma ressaca de dar gosto e que talvez não estivesse muito bem para descer e comer com eles à mesa, arrumou alguma coisa bem leve numa bandeja, sem esquecer do comprimido contra ressaca e levou até o quarto onde ele estava. Não precisou abrir, porque Bernie havia deixado a porta entreaberta, mas bateu, antes de entrar.
- Elton!
Não houve resposta imediata. Ela empurrou a porta devagarzinho e em meio à penumbra do quarto, percebeu-o sentado numa poltrona, ao lado da cama, já vestido.
- Oi! - ela falou, baixinho. - Posso entrar?
- Oi... Entra, ele falou com um sorriso dolorido e colocando a mão na cabeça.
- Não me ouviu chamar? - ela perguntou, colocando a bandeja sobre um móvel.
- Ouvi, mas até o som da minha voz está me irritando, hoje, por isso não respondi. Desculpe.
- Onde você pensa que vai, vestido assim? Devia estar na cama.
- Tenho vôo marcado pra hoje, às sete da noite.
- Mas não é nem meio-dia!
- Tenho que ir até em casa, tomar um banho, trocar... de roupa... Maldita hora em que eu fui chegar perto daquela garrafa, droga!
Ele apertou a cabeça com as duas mãos.
NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 9
CONTINUA...
SEJAMOS SEMPRE REFLEXOS DA GRAÇA DIVINA. OBRIGADA!
BOM DIA E QUE DEUS e NOSSA SENHORA APARECIDA
ABENÇOEM A TODOS