Imaginável Rebeca (CAP 2)
Ana iniciou o trabalho no novo emprego. Ser vendedora
de um sex shop não era mais vergonha para si. Vida
nova, ainda mais perto daquele que a fazia feliz por um simples bom dia.
Ana, a partir daquele dia, seria a auxiliar de Justino no
consultório odontológico que ele abriu, deixando a vida de
Uber para trás.
A primeira semana foi bem sucedida, e melhor do que o
planejado. Esse fato surpreendeu Justino, o fazendo festejar
com Ana em um almoço especial. Sheila ficou sabendo do almoço e não se agradou.
Na manhã seguinte, sabendo que o esposo não estaria no
consultório, Sheila fez uma ronda por lá para uma conversa
franca com Ana:
— Bom dia! Justino não chegou ainda... – alertou Ana, interrompida por Sheila.
— Eu sei... – retrucou Sheila, sem corresponder ao ‘bom
dia’. — É por isso mesmo que vim. É contigo que preciso falar.
— Comigo?
— Sim! – retrucou Sheila, olhando para os lados, concluindo que estavam sozinhas. — Passarinho me contou que andou almoçando sozinha com meu esposo. Confesso que não
gostei. Não estou disposta a dividi-lo com ninguém.
— Perdão, almoçamos por questão de serviço.
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— Sei, mas espero gentilmente que isso não aconteça mais.
O telefone tocava. Por alguns instantes Ana atendia e rapidamente voltava a atenção à Sheila.
Sheila, pelos olhares, novamente fiscalizava se estariam
mesmo sozinhas:
— Justino pode ter os seus defeitos, mas tem duas coisas
que ele não suporta: a mentira. Eu sei que era você a dona do
chip da tal Rebeca. Você não faz ideia do quanto isso mexeu
com ele. Acredita que foi esse chip que acabou de vez com o
casamento dele?
— Eu não sei do que você está falando...
— Tenho militares conhecidos. Eles averiguaram para
mim. Na época que você se passava por Rebeca eu já estava
presente na vida de Justino e, te confesso, ciente do rolo que
daria no casamento dele. Sempre torci para que o casamento
dele não desse certo. Sempre o amei.
— Continuo não entendendo nada – despistava Ana, caçando serviço para fazer.
— Vou ser mais clara: fique longe do meu marido! Fique
longe ou conto para ele tudo que sei de você, imaginável Rebeca. — pausava Sheila com um olhar sombrio. — Acredita
que até hoje ele guarda rancor da Rebeca? Fico imaginando
quando ele souber que a Rebeca sempre esteve por perto.
Ana embranquecia. Sheila, por alguns instantes, poderia
estar certa. Mas e agora, Ana? Que caminho deveria tomar?
Sheila partiu, deixando sobre Ana inúmeros receios. Até
que ponto Sheila poderia ou não estar falando a verdade?
Como Sheila sabia da imaginável Rebeca?
Aquele dia foi um dos dias mais conturbados para Ana.
Mesmo com Justino ali, próximo dela, ela não se aquietou e,
receosamente, trabalhou em sua companhia