Q.B. - NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 1
VII - NOS CALCANHARES DO VENTO
”I’m a page on the end of a story
(“Sou uma página no final de uma estória)
No closer to my hope and glory
(Nada perto da minha esperança e glória)
Just a kick away from the heels of the wind”
(Apenas um chute pra longe dos calcanhares do vento”)
“Heels of the wind” – Álbum THE FOX - 1981
Durante sua estadia nos Estados Unidos para concluir seus acertos com a MCA, Elton também passou por Los Angeles, pelos escritórios da Geffen Records, e aproveitou para descansar por dois dias em sua casa californiana, antes de voltar novamente para a Europa, pois teria que se apresentar em alguns programas de rádio e TV alemães, após o lançamento do álbum na América, no dia 22 de maio, mesma data do aniversário de Bernie.
Na noite do dia 21, Elton resolveu fazer pessoalmente, aquilo que havia prometido a Bernie fazer por telefone: desejar-lhe Feliz Aniversário pelos trinta e um anos.
A visita não causou espanto ao letrista, que sabia que ela estava na América. Ao ver, de sua varanda o carro de Elton entrar pelo portão da propriedade, foi recebê-lo de perto e ao apertarem-se as mãos, falou:
- Eu podia fazer você voltar pra lá e cumprir o que me prometeu!
- Não tenho culpa se estou de casa nova e marcaram o lançamento pra amanhã! Ano que vem eu faço o que prometi.
Entraram na casa. Bernie falou:
- Falei com o David ontem. Ele me disse que não sabe se tem sorte ou se isso que está acontecendo com ele é destino.
- Isso o quê? - Elton perguntou, tirando várias folhas de papel sobre o sofá e sentando-se nele.
- Contratar você, pouco tempo depois de perder o John de modo tão trágico. Ele disse que, se acreditasse em espíritos, diria que o John abriu o caminho pra você,
- Nossa! Me arrepiei todo, falou Elton esfregando os braços, sentindo uma sensação estranha. - Se ele me amava tanto quanto eu o amo, ainda, pode até ser... Ele está sempre comigo.
- Acredito, falou Bernie, passando por ele e começando a reunir as folhas no tapete, no sofá e as que Elton havia pegado.
- Sério? - Elton perguntou, procurando ajudá-lo. - Que foi que você andou fazendo aqui?
- Nada... Estava tentando colocar em ordem minhas anotações pra outro livro que eu estou escrevendo... Mas eu acho que as coisas que o Geffen falou têm muito a ver com você. Lennon tinha muito carinho por você e de certa forma, ele te ajuda.
Elton parou de recolher as folhas e ficou olhando para o amigo, como a ver outra pessoa. Bernie ajoelhou-se no tapete, começando a juntar as folhas sobre a mesa no centro da sala, tentando colocá-las em ordem. Ao sentir-se observado, olhou para Elton.
- Que foi?
- Você pensa mesmo assim?
Bernie levantou-se e sorriu.
- Não tem nada de fantástico no que eu disse, cara. Gente como Lennon, Marc Bolan, são tipos de pessoas que não morrem quando os médicos dizem que o coração e o cérebro deles pararam. Você deve concordar com isso. Pelo que Lennon foi, na terra, ele não pode ter sumido no cosmos e fim.
Elton balançou a cabeça devagar, concordando.
- Pois é... Me entrega essas aí? Você vai acabar bagunçando tudo. Senta aí e espera! Eu faço isso.
Entregou as folhas a ele, ainda pensativo. Bernie as reuniu com as outras que tinha na mão e colocou todas juntas numa pasta preta sobre o sofá.
- Pois é... o quê? - Elton perguntou.
Bernie colocou as mãos na cintura e finalizou:
- É isso... John está, de alguma forma, fazendo alguma coisa por você.
- Nunca te ouvi falar assim...
O letrista sorriu.
- Você podia passar alguns dias morando aqui em casa, não podia?
- Quê?
- Estou brincando... Mas tem muita coisa que você esqueceu sobre mim. Você não me disse, em dezembro passado, que... tinha a impressão de que a qualquer momento, ele apareceria na sua frente e tudo voltaria a ser como antes. Que a morte dele teria sido uma mentira, uma brincadeira de mau gosto promocional, como nos boatos na morte do MacCartney?
Elton confirmou mais uma vez, balançando a cabeça.
- Era o meu sonho também... mas todo mundo sabe que isso não vai acontecer nunca e que ele fisicamente está realmente morto, transformado em cinzas. E que a única coisa que a gente pode fazer... é não deixar que a máfia que acabou com ele acabe com a gente também. E eles tentaram acabar com você... Geffen é o seu anjo humano, Lennon é o seu anjo no cosmos...
O cantor olhou para ele e ficou em silêncio. Bernie sentou-se do sofá ao lado dele e apoiou os braços nos joelhos. Elton começou a chorar ao lembrar-se de Lennon de novo e escondeu o rosto nas mãos. Preocupado, Bernie ficou sem ação e continuou olhando para ele até que a emoção passasse, sem saber o que dizer ou fazer. Sabia que o amigo nunca lidava bem com morte e era bem propenso a ficar depressivo.
NOS CALCANHARES DO VENTO - PARTE 1
CONTINUA...
SEJAMOS SEMPRE REFLEXO DA GRAÇA DIVINA. OBRIGADA!
BOM DIA E QUE DEUS ABENÇOE A TODOS
ADENDO: Ontem recebi pelo correio mais um LONG PLAY e CD muito esperados: "TRIBE" de Bernie Taupin, gravado em 1987. O LONG PLAY do "HE WHO RIDES THE TIGER" chegou no dia 22 de setembro. Espero só o CD deste disco. Estou bem feliz. Provando cada dia mais que Deus existe!