Q.B. - O HOMEM QUE NUNCA MORREU - PARTE 4
V - O HOMEM QUE NUNCA MORREU...
“A morte de John fica comigo o tempo todo”.
“É uma coisa pessoal.” - Elton John
Naquela noite de 8 de dezembro, a notícia da morte de John Lennon chegou ao conhecimento de John Reid por Laura Beggs que lhe enviou um fax de Londres, e ele, abalado, tentava achar um meio de avisar Elton do triste fato.
Elton estava no palco e o público vibrava com seu bom humor e com o perfeito entrosamento que tinha com a banda desde o início da turnê.
- Como vou contar isso a ele, Adrian?
- Não sei, cara, respondeu Adrian, que era o responsável pelos teclados no palco. - Que bomba, gente!
- Quantos números até o intervalo?
- Mais duas canções. Mas você acha que ele vai voltar pro palco depois que souber disso? Ele para o show na mesma hora.
- Mas se eu não contar agora, ele não vai me perdoar nunca. Laura falou que o Bernie está muito mal também.
- Que coisa lamentável, meu Deus...
John ficou sem saber o que fazer. Tinha que avisar Elton da tragédia, mas, como fazer isso em pleno show? Sentou-se no camarim e cobriu o rosto com as mãos. Não tinha mais ânimo para pensar em nada.
Elton executou mais duas canções, ambas do novo álbum: “Two rooms at the end of the world” e “White Lady, White Powder”. Como já estava há uma hora e meia no palco, teria um período de quinze minutos antes de voltar e terminar o show. Quando saiu do palco com a banda, suado e cansado, recebeu a toalha das mãos de Bob Halley, seu assistente, e caiu sentado no sofá, enxugando o rosto.
- Só cinco minutos, pessoal, disse aos rapazes. - Não quero perder o pique. O corpo esfria e fica pior. Bob me arranja um copo d’água, por favor.
O rapaz foi providenciar. Ele olhou para John e para Adrian com mais atenção, depois de secar o rosto e percebeu que os dois estavam muito quietos, assim como todo o pessoal que o assessorava no show.
- Que cara é essa, John?
John olhou para Adrian que encolheu os ombros.
- Credo! - falou Davey. - Que caras fúnebres.
- Que foi, John? - Nigel perguntou. - Está assustando a gente.
- Tenho uma notícia não muito boa pra dar pra vocês... falou o empresário, nervoso.
Elton ergueu-se, recebeu o copo de água das mãos de Bob e esperou.
- Nós acabamos de receber um telex de Londres...
- Aconteceu alguma coisa com minha mãe, John? - perguntou Elton, começando a ficar aflito.
- Não, não é nada com sua família. É...
- Desembucha, John, pelo amor de Deus! - insistiu Davey.
- John... Lennon... foi baleado hoje. Atiraram nele... em Nova Yorque...
Os olhos de Elton brilharam e o copo caiu de sua mão.
- O quê?! - perguntou Davey.
- Que loucura é essa, John? - Dee quis saber.
- Eu sei que é loucura, mas infelizmente é verdade, falou John, olhando para Elton e com os olhos começando a encher-se de água.
Elton não dizia uma palavra.
- Ele foi morto por um... fã... pelo menos foi o que disseram. Estava entrando... no prédio com a mulher e foi surpreendido... Não... pôde nem ser socorrido...
- Fã? - Nigel perguntou, emocionado também.
- Versão deles... Eu não sei...
Elton sentou-se lentamente e ficou parado olhando para lugar nenhum. Adrian sentou-se ao lado dele e colocou a mão sobre seu ombro.
- Elton...
Bob rapidamente trouxe outro copo com água e um calmante, que ele recusou.
- Eu estou bem... falou baixinho.
- Não, você não está bem. Toma isso, vai.
- Se eu tomar isso... como vou poder continuar o show?
- Você não está em condições de terminar o show, cara. Eles vão entender, se você não continuar.
Elton apoiou os braços nos joelhos e cobriu o rosto com as mãos.
- Toma o comprimido.
Ele balançou a cabeça, negando.
O show foi cancelado. Elton saiu dali direto para sua casa em Sidney, onde ficou grande parte da madrugada em claro, com John e banda. Ficou grande parte do tempo debruçado no parapeito da varanda onde se via uma vista ampla da cidade, iluminada e silenciosa.
O HOMEM QUE NUNCA MORREU – PARTE 4
CONTINUA...
DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCAM SUA FÉ!
OBRIGADA E BOM DIA!