Q.B. - ELE QUE CAVALGA O TIGRE - PARTE 12

IV - ELE QUE CAVALGA O TIGRE

I don’t regret a single day, you see?

Some of it was fun

Ten years on I’m wiser

But I’m still a farmer son.

“Approaching Armageddon” – Álbum He who rides the tiger - 1980

- Foi paixão que o fez colocar sua mulher na capa do álbum? – David perguntou.

- Você não a colocaria se a tivesse como mulher? - Bernie perguntou, sorrindo.

- Claro! Toni é linda!

- Respondido. Eu tenho a sorte de ter bom gosto com beleza feminina. Minha primeira mulher era linda também. Mas não gosto muito de ficar rotulando sentimentos. Eu não estou apaixonado, o que eu sinto pela Toni não tem nome, talvez por isso seja tão forte. Quando você rotula um sentimento, ele acaba estragando e morrendo, como produto em conserva em prateleira de supermercado. Eu não sei explicar. Você pode chamar de amor, se quiser, mas pra mim é...

- Um deserto estéril, completou David, se referindo à canção “Love (the barren desert)”, do novo álbum.

- É... mais ou menos. Eu me referi ao amor dessa forma na canção, mas era outra situação, outras pessoas envolvidas... A minha situação com Toni não é nada parecida com a minha definição de amor na letra. Estou ligado demais nela, é só.

- O mundo lá fora chamaria de amor.

Bernie deu de ombros e respondeu:

- A gente não tem nada a ver com o mundo lá fora.

- Você pretende, muito futuramente, deixar de lidar com o rock’n roll e viver o resto de sua vida com seus filhos e netos ao lado de Toni?

O letrista respirou fundo, apoiou a testa na mão e respondeu:

- Não sei se vou deixar um dia de lidar com rock’n roll... Acho que ele está impregnado no meu sangue e é como um vício: é difícil se ver livre. Tentei uma vez e não consegui... Não me vejo no futuro como um pacato pai de família. Nunca vou ser pai de família... Acho que... vou envelhecer como sou agora, embora a gente não possa prever o futuro. Eu posso estar morto amanhã... sei lá... Não quero mudar meu estilo de vida por causa da idade cronológica. Quando estiver com quarenta, quero ser como sou agora e fazer o que faço agora... Quero ser... fazendeiro como meu pai, num futuro não muito distante... Ainda pretendo comprar um racho em alguma vale bucólico da Califórnia, como o que eu tenho na Inglaterra.

Bernie riu.

- Bem, eu posso voltar aqui novamente em 1990 pra saber se isso aconteceu?

- Claro! Já temos entrevista marcada, poxa!

- Então, obrigado pela oportunidade, eu acho que já vou indo. Volto a te importunar daqui a algum tempo.

- Em 90?

- Não, ainda tenho muito que esperar de Bernie Taupin, na década de oitenta mesmo.

Ambos riram e levantaram-se. Toni apareceu na porta.

- Procurei por vocês na casa inteira, disse ela, aproximando-se dos dois.

Beijou Bernie e apertou a mão de David.

- Já estou de saída, disse David.

- Cheguei atrasada de novo? - ela perguntou ao marido.

- Acho que sim, Bernie respondeu.

- Sinto muito.

- Estou deslumbrado com sua casa, falou David.

- Não mais do que eu, ela disse.

Os três riram.

- Bom, a gente se vê em breve. Obrigado, Bernie, pela oportunidade. Foi muito bom conversar com o maior letrista da década de setenta. Foi tudo muito esclarecedor.

- Disponha. E obrigado pelo elogio, só não esqueça da outra metade desse mérito. Vou te levar até o carro.

ELE QUE CAVALGA O TIGRE – PARTE 12

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 04/09/2019
Código do texto: T6736834
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.