Q.B. - ELE QUE CAVALGA O TIGRE - PARTE 9

IV - ELE QUE CAVALGA O TIGRE

I don’t regret a single day, you see?

(Eu não reclamo de um só dia, sabe?)

Some of it was fun

(Alguns deles foram divertidos)

Ten years on I’m wiser

(Dez anos depois, eu estou mais esperto)

But I’m still a farmer son.

(mas ainda sou filho de fazendeiro.)

“Approaching Armageddon” – Álbum He who rides the tiger - 1980

Bernie ergueu as sobrancelhas, encostou-se e sorriu; apoiou o braço da poltrona e mordeu a unha do polegar.

- Meio delicado falar sobre isso...

- Você acha que é fundamental pra ele ter você como parceiro? Vocês voltaram a compor juntos no “21 at 33” depois do “Blue Moves”. São três anos...

- Eu escrevia as letras pra ele, porque ele precisava disso, como precisava dos óculos ou... respirar... Agora ele está sem os óculos e continua respirando, graças a Deus, e eu estou aqui e ele lá... Não sei se é fundamental que eu seja parceiro dele, mas é fundamental pra ele ter um letrista, seja eu ou outro qualquer, já que ele é melhor músico do que letrista. Mas eu vou escrever canções pro Elton enquanto ele respirar e quiser que eu escreva.

- Linda demonstração de amizade... Sua mudança pra América não atrapalha o seu relacionamento com ele, como parceiro, agora que vocês assinam juntos, novamente?

- Não, mesmo porque, não tem outro jeito. Eu não vou sair mais daqui, como sei que ele nunca vai mudar de lá... então... a gente continua usando o correio ou o telefone ou um agente ou simplesmente nos vemos quando ele vem gravar aqui ou excursionar. Não vejo dificuldade nisso. Se um dia eu vier a participar dos álbuns como mais do que um letrista, o que não duvido que possa vir a acontecer, acho que não vão surgir problemas. A nossa posição no globo não tem nada a ver com nosso trabalho. Acho que até ajuda. Viver aqui me ajudou a abrir minha cabeça. Los Angeles é enlouquecedoramente fascinante e me ajudou mais em três anos do que a Grã Bretanha o fez em vinte e seis.

- Você já é praticamente americano.

- É fato quase oficial. Pretendo legalizar isso muito em breve.

- Isso é bom! Você disse que não é difícil vir a participar dos álbuns gravados pelo Elton mais do que como um letrista no futuro. De que forma isso poderia ocorrer?

- Não sei... Há muita coisa que eu poderia fazer, como fiz no meu próprio álbum. Eu falei quase hipoteticamente, mas acho que o Elton agora está mais acessível que no início dos anos setenta. Ele fez o mix com Thom Bell quase que totalmente guiado por Thom; fez o mesmo com Pete Bellotte na Alemanha. Não acho que ele se prenda tanto a seus próprios gostos agora. Ele sempre foi muito fechado musicalmente... eu diria...

- Limitado?

- Mais ou menos. Pelo meu modo de ver, agora ele está aceitando mais as informações que recebe e isso é muito bom porque, como músico e como cantor, ele vai se expandir mais, mesmo sem sair da sua linha, do seu gênero, do estilo que o fez consagrado até hoje. Eu acho que poderia influenciá-lo de maneira mais forte porque sei que tenho capacidade de fazer isso, agora.

- Vocês foram alvos de boatos cruelmente maldosos, no passado. Agora, mudado como está, como aceitaria os mesmos comentários?

- Eu nunca entendi porque envolviam a gente nisso. Ainda hoje eu leio uma ou outra crítica que menciona a parceria como sendo um concubinato e é tão engraçado! Eu me casei com Maxine Feibelman porque a amava, fiquei cinco anos casado e não teria ficado tanto tempo com ela se fosse gay. Eu amo as mulheres, sempre amei e espero nunca deixar de amar. Estou no meio de um reduto das mulheres mais bonitas do mundo e amo Los Angeles por essa qualidade. Nunca escondi ser apaixonado por Marilyn Monroe desde garoto e me considero casado com a mulher mais bonita dos Estados Unidos, Tony Russo, minha Miss América!

Os dois riem. Bernie continua:

- Não há nem como responder aos comentários. Eu e o Elton fomos tudo: parceiros, amigos, irmãos, sócios, qualquer coisa, menos amantes. Nós somos tão opostos em relação a isso que chega mesmo a ser engraçado.

- Como é seu relacionamento com Maxine Feibelman?

- Somos amigos, muito amigos. Ela anda curtindo o que eu faço, como sempre fez, e me apoia também... Ela está muito feliz com o Passarelli. Ele tocou baixo no “Tiger” inclusive, a meu convite.

- Fico cada vez mais admirado com você, cara. Você sabe compreender o mundo a sua volta de uma forma que todo mundo devia compreender...

Bernie sorriu timidamente e bateu e esfregou as duas pernas, impaciente por estar parado a tanto tempo.

- Vamos andar um pouco, David? Está me dando cãibra, ficar sentado aqui, sugeriu Bernie, levantando-se.

- É, a gente pode pegar um táxi aí fora e ver um pouco da sua casa, falou David, brincando e levantando-se também.

Bernie riu.

- Tem um ônibus especial que passa no corredor de cinco em cinco minutos.

Eles saíram do estúdio e, no corredor, o letrista comentou:

- Ela não é tão grande. Tem só oito quartos. Um deles já foi pôster duas vezes dentro da Play Boy.

- Brincou?

- Não. Eu tive a ideia de decorá-lo para parecer um motel de alguma estrada da Califórnia e os caras descobriram e...

- Caramba! Que criatividade!

- Você já foi na casa do Elton em Beverly Hills.

- Já. É fantástica!

- É quase um bairro inteiro em terras.

Ao chegar ao topo da escada, David viu num canto outro aparelho de TV. O terceiro que já vira pela casa.

ELE QUE CAVALGA O TIGRE – PARTE 9

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

COMEÇOU SETEMBRO! AMO ESSE MÊS!

MEU FILHO FAZ VINTE E UM ANOS...

Velucy
Enviado por Velucy em 01/09/2019
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