Q.B. - ELE QUE CAVALGA O TIGRE - PARTE 7

IV - ELE QUE CAVALGA O TIGRE

I don’t regret a single day, you see?

(Eu não reclamo de um só dia, sabe?)

Some of it was fun

(Alguns deles foram divertidos)

Ten years on I’m wiser

(Dez anos depois, eu estou mais esperto)

But I’m still a farmer son.

(mas ainda sou filho de fazendeiro.)

“Approaching Armageddon” – Álbum He who rides the tiger - 1980

Em 23 de junho, Bernie recebeu em casa um repórter da Revista People Weekly, uma revista semanal que costumava entrevistar astros da música, do cinema e da televisão.

David Sheff, o repórter, foi levado a conhecer toda mansão palacial de Bernie, antes, durante e no final da entrevista, já que Bernie não tinha muita paciência de ficar parado num só lugar.

A conversa começou no estúdio onde Bernie costumava compor.

- Conte a respeito dos anos setenta, disse David. - Que influência você acha que a sua parceria com Elton John tenha levado aos novos grupos daquela década ou mesmo aos jovens que curtiam vocês?

- É meio difícil responder isso porque eu mesmo me considero um jovem que foi influenciado pela dupla John/Taupin, Bernie respondeu, rindo em seguida. - Éramos uma espécie de mito e como mito acho que não deu pra ficar muito tempo. Agora, eu acho que não é muito saudável ser uma lenda quando a gente não sabe segurar a própria cabeça.

- Aconteceu com você?

- Aconteceu e quase me matou. Eu e o Elton nos divertíamos em adquirir cada vez mais, as coisas que as pessoas normalmente não poderiam nem sonhar em ter. Houve uma época em que eu e ele compramos três mansões em partes diferentes do mundo em menos de um ano! Quando vimos que isso era bom, mas não era tudo, acabamos saindo daquilo que nos dava tudo: o rock. É como abusar da mãe e depois abandoná-la por achar que ela estava errada.

- Qual era a sua sensação quando você via o Elton encher os estádios pra cantar canções feitas por você?

- Nos primeiros anos, até... setenta e dois, mais ou menos, eu não acreditava que aquilo estivesse acontecendo comigo. Eu morria de medo daquela gente toda e não entrava no palco nem que me dessem o dobro do que o Elton conseguia arrecadar em ingressos. Era uma coisa... maluca, colossal, quase enlouquecedora. Com vinte e dois anos, eu já nem sabia mais quanto tinha em dinheiro no banco. Meu pai lutou uma vida inteira pra conseguir comprar o primeiro rancho da família e eu estava lá, jogando dinheiro pela janela, casado e famoso. Não tive muito tempo pra pensar em tudo aquilo. Foi tudo muito súbito e pegou a nós dois de surpresa.

- Quando você começou a perceber que aquilo não estava te fazendo bem?

- Não sei bem quando... Talvez depois da crise do “Caribou”, eu tivesse sentido alguma coisa. Sempre tive facilidade em escrever e minha parte nos álbuns era muito pequena. Eu ficava praticamente um ano inteiro sem fazer absolutamente nada, já que escrevia as letras em menos de um mês. Era tedioso, aborrecido, ficar inútil por tanto tempo. Eu sempre tive esse problema. Minha parte era importante, mas muito menos desgastante que a parte dele que tinha que compor, ensaiar, gravar, dar turnês... entrevistas, shows de TV... Senti bem antes, mas o “Captain Fantastic” foi a gota d’água.

- Por quê?

- Por que ele foi o nosso auge e depois achamos que não conseguiríamos mais chegar novamente lá. Era como se a gente estivesse acabando. Não seria possível chegar tão mais alto. Realmente pensamos isso. Fizemos o “Rock of the Westies” e ele ainda manteve o pique de vendas, embora não tenha sido tão popular como o anterior. Quando fizemos o “Blue Moves” e ele só chegou ao terceiro lugar, aí o desespero bateu de verdade. Eu estava me separando da minha primeira mulher e “Blue Moves” contou tudo isso e ficou sendo o último de uma fase...

- O que isso fez na sua cabeça?

Bernie pensou por um momento e deu um leve sorriso.

- Eu fiquei mais perdido do que já estava antes... Não é fácil ficar sozinho, depois de cinco anos morando, dormindo com a mesma pessoa... De repente me vi solto num espaço onde eu não tinha aprendido a me mover. Não tinha nada em que me apoiar, me agarrar... Aí, me voltei pra bebida, drogas e tudo mais... Beber já era um costume antigo e o vício voltou com tudo e me derrubou...

- Daí, qual foi o saldo?

- Deixei de ser o garoto (kid) pra ser o Taupin, totalmente diferente.

- Amadurecido?

- E abatido, no chão e de costas, ele riu.

Respirou fundo.

ELE QUE CAVALGA O TIGRE – PARTE 7

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/08/2019
Código do texto: T6732682
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