Q.B. - ELE QUE CAVALGA O TIGRE - PARTE 5

IV - ELE QUE CAVALGA O TIGRE

I don’t regret a single day, you see?

(Eu não reclamo de um só dia, sabe?)

Some of it was fun

(Alguns deles foram divertidos)

Ten years on I’m wiser

(Dez anos depois, eu estou mais esperto)

But I’m still a farmer son.

(mas ainda sou filho de fazendeiro.)

“Approaching Armageddon” – Álbum He who rides the tiger - 1980

Enquanto isso, nosso herói chegava a sua mansão paradisíaca, ali mesmo no bairro de Beverly Hills. Entrou em casa, jogou a chave do carro em algum lugar e olhou em volta.

A casa estava às escuras e silenciosa, o que o deixou com a sensação ainda maior de solidão.

Sentou-se no sofá e olhou para o telefone. Ligar para quem? Quem estaria acordado às cinco da manhã? Costumava fazer isso com Gary Osborne, mas ele morava na Inglaterra! Chegou a tirar o aparelho do gancho, mas desistiu. Ergueu-se novamente e subiu até o quarto. Resolveu tomar um longo banho, vestiu uma roupa leve e mesmo assim percebeu que não ia conseguir dormir. Estava ligado demais, apesar de estar muito cansado.

Foi para o estúdio de gravação que tinha na casa, primorosamente equipado com todo tipo de instrumento musical e olhou para o sintetizador.

- Vamos lá, amigo. Me faça companhia. Quero ver se pelo menos você me faz pensar em alguma coisa diferente.

Acendeu as luzes e sentou-se na banqueta diante dos teclados. Passou o resto da madrugada compondo e só percebeu que já era dia alto quando o telefone tocou. Ergueu-se e foi atender.

- Alô!

- Elton?

- Quem é?

- Paul Gambaccini.

- Ei, grande homem! O que manda?

- Como vai? Já está acordado ou está acordado até essa hora?

- Nem dormi ainda.

- Eu imaginei. Quer vir pra cá? Estou na Sunset.

- Não... Estou sem sono, mas estou pregado. Não quero mais sair de casa, hoje. Vem você pra cá. Me faz companhia. Estou precisando conversar com alguém.

- O que você fez ontem?

- Mil coisas... disse Elton, passando a mão na testa.

- Te vi no show da Cher, na TV, ontem. Seu moleque está elétrico, hein, cara? Nunca vi o Bernie tão solto. Ele canta muito!

- É, ele estava realmente escondido atrás de mim. Agora estou me dando conta disso.

- Sinto uma ponta de tristeza nessa frase?

- Você nem imagina... Vem pra cá, Paul.

- Não está muito moído não?

- Estou em casa, qualquer coisa você me faz uma massagem.

- Posso levar minhas armas?

- Qualquer coisa... falou Elton.

- Estou brincando. Vou só pra gente bater um papo, mesmo.

- Qualquer coisa. Até já.

- Tchau.

Elton desligou o telefone e foi para a porta de vidro da varanda. Abriu a cortina e deixou o sol de verão americano entrar no aposento. Cruzou as mãos na nuca e estirou o corpo, depois apoiou-se no parapeito do terraço. Ficou olhando para o imenso jardim da propriedade que se estendia por muitos metros além e deu razão a Bernie por gostar tanto de Los Angeles.

A vegetação também era diferente, mais bonita que a de Londres. Tinha algo de estranhamente vivo naquilo tudo, que não aparecia na beleza sóbria e fria dos campos da Inglaterra.

Resolveu sair um pouco e esticar as pernas, pois havia ficado sentado, grande parte da madrugada. Desceu, saiu da casa e começou a andar pela grama até o portão principal da propriedade, o que não ficava nada perto da casa. Encontrou, nesse passeio, com o jardineiro que cuidava de toda vegetação, estando Elton ali ou não.

- Bom dia, Peter! - cumprimentou ele.

- Bom dia, senhor John. Acordou cedo?

- É... respondeu Elton, não querendo dar maiores explicações.

Ficou observando o homem trabalhar no corte das folhas secas por um instante e depois seguiu.

- Bom trabalho! - disse, ao afastar-se.

- Obrigado! - respondeu Peter, sorrindo.

Mais adiante, já perto do portão, encontrou com o vigia da casa que cuidava da segurança, durante o dia.

- Bom dia, Wayne!

- Bom dia. Nem o vi chegar, ontem à noite.

- Eu não cheguei ontem à noite, cheguei hoje cedo. O vigia da noite é quem estava aqui. Como é mesmo o nome dele?

- Frederick.

- É isso. Não sei por que eu sempre me esqueço. É o nome do meu padrasto... E você tem o nome do irmão do meu baterista... ele disse, olhando para o portão.

- Está esperando alguém?

- Estou. O senhor Gambaccini, disse, apoiando-se no portão feito com grossas barras de ferro, olhando para a rua. - Tem tido problemas por aqui, com relação à segurança?

- Nada muito importante. De vez em quando aparece um ou outro fã e pergunta por você. Quando eu digo que não está, que está em Nova Yorque, chacoalham o jornal ou revista no meu nariz que provam que você está em Los Angeles e pedem que eu te chame. Eu continuo insistindo que você não está na casa e fica todo mundo com cara de “ai, que pena!”. Às vezes, tiram fotos da casa, ficam um tempo esperando, se cansam e vão embora... com a promessa de voltarem.

Elton sorriu.

ELE QUE CAVALGA O TIGRE – PARTE 5

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/08/2019
Código do texto: T6731044
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