Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 28
III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO
Don’t judge us by distance or the difference between us…
…try to look at it with an open mind...
…because where there is one room... you always find another…
Two rooms at the end of the world
21 AT 33 - 1980
Na manhã seguinte, ao sentar-se à mesa para o café, Elton percebeu que Sheila estava diferente. Não ligou muito para isso, mas a tristeza da mãe tinha o poder de deixá-lo sempre com um leve sentimento de culpa, fosse porque fosse. Conversou com Fred assuntos banais e acabou perguntando à mãe:
- Dormiu bem, mamãe?
- Por quê? - ela perguntou, colocado um pouco de leite numa xícara, tentando parecer normal.
- Está tão quieta... Eu não herdei minha eloquência do Fred, disse ele rindo, no que Fred o acompanhou.
- Nem sempre se levanta com vontade de falar pelos cotovelos.
Elton ergueu as sobrancelhas e achou melhor parar o assunto por ali. Ergueu-se.
- Tudo bem... Eu vou indo. Me leva até o carro?
Ela se levantou e ele passou o braço em volta do ombro da mãe.
- Bom dia, pai!
- Bom dia, Elton.
Já perto do carro, fez com que Sheila olhasse para ele, erguendo seu queixo. Ela estava fria como nunca.
- Mãe, você me desmonta quando fica desse jeito. Não faz isso comigo não. Se eu te magoei, me perdoa, mas não fica assim.
- Está tudo bem.
- Não, não está. Sheila, eu já tenho trinta e três anos. Não me trate mais como se tivesse dez ou quinze.
- Eu... não faço diferença, Elton. Você é meu filho!
- E vou ser até morrer! Ninguém muda isso. Eu sei que a gente passou por maus bocados juntos, sofremos juntos muita coisa. Você praticamente deu sua vida pra tentar me fazer feliz quando meu pai não estava nem aí pra mim, e eu nunca vou conseguir agradecer o que você estava fazendo por mim, querendo compensar a falta que ele me fazia. Você e tia Winnie são as minhas heroínas, junto com a vovó Ivy. Eu devo a vocês o que eu sou, mas... eu cresci e agora eu tenho o direito de te pedir pra ser feliz. Não me transforme num fardo, mais do que já fui.
- Você não foi um fardo! - disse ela, já com lágrimas nos olhos.
- Então não me faça sentir assim! Viva sua vida, não a minha! Ou pelo menos, não se sacrifique mais por mim... tá bom?
Ela balançou a cabeça, concordando. Ele encostou sua testa na testa dela e pediu:
- Dá um sorriso pra mim? Eu não vou conseguir passar o dia sem ele.
Sheila sorriu e o abraço forte. Elton segurou o rosto da mãe entre as mãos e beijou sua testa.
- Eu te amo! Tchau.
Ele entrou no carro e saiu. Fred chegou perto dela e falou, passando o braço em volta de seu ombro:
- Ele já cresceu, querida.
- Mas ainda continua bebendo demais, Fred. Passou a madrugada toda fora com aquele... Vance e...
- Vance é um bom rapaz.
- Mas é uma criança perto do meu filho... E Elton é meu único filho. Ainda vai acabar se complicando por isso.
- Ele é maior de idade.
- Você sabe que eu tenho razão, Fred... Sabe do que eu estou falando. Os pais dele não apoiam esse namoro...
- Você não pode se meter num assunto tão pessoal do seu filho. Devíamos morar em outro lugar, longe dele.
- Nunca me vi longe do Elton por muito tempo, a não ser que estivesse em turnê ou em férias... continuou Sheila.
- E se ele um dia se casar?
- Com o Vance?
- Com quem ele quiser, amor... mas vai! Um dia vai...
Sheila calou-se e ficou olhando, pensativa, para o portão por onde o filho tinha saído.
- Eu vou ser a sogra mais chata desse mundo! Quem me roubar meu filho, terá que amá-lo muito mais do que eu, ou... Não sei, Fred! - ela abraçou-se ao marido, chorando.
Fred sorriu de leve, amparando aquela típica mãe de carteirinha. Sheila Farebrother: a mãe de Elton John!
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DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 28
CONTINUA... AMANHÃ “ELE QUE CAVALGA O TIGRE”
NOVO CAPÍTULO