Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 23

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

Todos os olhares voltaram-se para Bernie que sorriu cínico e respondeu:

- Eu não ficaria fora disso por nada desse mundo.

Olhares sorridentes foram trocados. Elton permaneceu impassível, olhando para o copo em sua mão, mas por dentro sentia-se aliviado com a resposta do parceiro.

- Você não diz nada, Capitão? - Nigel perguntou.

- Eu não. O prazo dele é tão longo quanto o seu pra isso acontecer. Bernie não é só um letrista agora, é cantor também e cantores são caros e ocupados. Só vou acreditar nesses... sonhos de volta, quando eles acontecerem.

- Não perde por esperar, falou Dee.

- Eu sei que não, mas não vou contar com a sorte... com a minha sorte. Ela depende da de vocês. Davey também anda fazendo um bom trabalho independente. Eu vou ter que esperar que cinco gênios saiam das garrafas pra poder abrir a minha pra eles entrarem.

- Cinco? - perguntou Nigel.

- Contando com Ray Cooper. O cara parece ser feito de açúcar. Anda recebendo convites de meio mundo pra tocar percussão, e são convites de gente boa, que anda fazendo misérias nas paradas. Eu não quero que ele dispense nenhum destes convites por minha causa. Ele foi essencial pra mim nos últimos dois anos, mas o talento dele não pode ficar preso a nada. Não posso ser tão egoísta assim, como não posso exigir nada de vocês. Por isso... não vou contar com nenhum dos senhores comigo, antes de ver um papel assinado com um prazo de, pelo menos, um ano ou dois para... usar e abusar de seus... dotes. Não vou gravar mais nada até isso acontecer.

- Mas isso é chantagem! - falou Nigel.

- Não é. Eu não vou precisar pensar muito em mim. Ainda não terminamos de gravar esse próximo...

- O “próximo” já tem nome? - Nigel perguntou.

- Mais ou menos... disse Elton. - Quero uma coisa bem simples...

- “Elton John” como o segundo? – Dee perguntou com um sorriso.

Todos riram.

- Não... Acho que não cabe nada tão simples e sombrio como aquele disco na minha vida.

- Ele tinha “Your Song”, lembrou Nigel. - Colocou a gente nos Estados Unidos da América!

- É verdade... disse Elton, evitando olhar para Bernie, aquele tinha sido seu primeiro grande sucesso, com a letra feita especialmente para ele por Bernie.

Mas o letrista olhou para ele e esperou.

- Nem como o primeiro nem como o segundo, Elton continuou, erguendo os olhos, ainda sem olhar para o parceiro. – Este é o vigésimo primeiro... Lá eu tinha 20 anos, agora... estou com 33. E ele será... “21 at 33”! Meu vigésimo primeiro álbum aos trinta e três anos... e não terá foto de ninguém na capa. Ele será de todo mundo que participar. Vou jogar pôquer com ele.

Elton sorriu amarelo, imaginando ter-se saído bem na resposta, e encarou Bernie que meneou levemente com a cabeça, aparentemente concordando.

- Depois eu vou ter que me entregar a uma turnê para promovê-lo lá e aqui na América, depois Europa Oriental e Austrália, Nova Zelândia, Japão... Eu vou ter um ano tão cheio que não vai dar pra pensar em muita coisa, nem em outras contratações. Bernie vai dar uma turnê também, ano que vem, não vai?

- Depois do lançamento, em abril, mas em um circuito bem menor do que você costuma fazer. Só pra divulgar o disco na Califórnia. Não vou dar shows fora do estado nem do país, não.

- Por que, não? - Nigel perguntou.

- Não é um trabalho comercial, Nigel. Foi feito como fiz o “Taupin” em 71, com a diferença que o outro foi declamando e este foi cantando. Vou divulgar mais pelo Dennis que deu o sangue pra fazê-lo bonito como saiu e todo mundo que tocou nele. Cada músico merece que eu o divulgue, só por isso.

- As letras também são excelentes, Bernie, disse Dee. - São muito boas mesmo.

- Mas, como eu disse, não é comercial, digo: pra tocar em rádio. A mais acessível é “Venezuela”, que é a música de trabalho.

- Que seja, falou Elton. - Vai fazer sucesso e ponto final.

- É isso aí, concordou Nigel, erguendo o copo.

Todos bateram nele, brindando ao sucesso de Bernie.

Em dezembro de 1979, foi lançado o compacto “Johnny B. Goode”/”Georgia”, extraído dos álbuns “Victim of Love” e “A Single Man”.

Só algumas das faixas do novo álbum convencional de Elton haviam sido gravadas no estúdio Superbear, em Nice, na França. Continuaria este trabalho em janeiro, fevereiro e março de 1980, nos Estúdios Sunset Sound, em Los Angeles.

Lá, Nigel Olsson, baterista, e Dee Murray, baixista, juntaram-se ao time de músicos e gravaram “White Powder White Lady”, letra feita por Bernie; também os músicos do Grupo Eagles, Don Henley, Glenn Frey, Timothy B. Schmidt se uniram a eles, para fazer backing vocal nas gravações da canção. Ainda no Sunset Sound foram feitos os overdubs de três canções extras e a complementação do trabalho ficou a cargo de outros quatro estúdios: o Wessex, em Londres; o Village e o Davlen, em Los Angeles e os estúdios EMI Odeon, também em Londres, onde foi gravado o instrumental “Fanfare”, parceria de Elton com James Newton-Howard, com a Orquestra Sinfônica de Londres.

As gravações do novo álbum de Elton terminaram em março de 1980, juntamente com a finalização do álbum de Bernie. Elton tinha dois álbuns gravados e muitas ideias fervendo em sua cabeça.

No mês de abril, Elton apareceu no especial de Olívia Newton-John, onde cantou com ela seu clássico “Candle in the Wind” e “Oh, boy”. Apresentou também ao público “Little Jeannie”, o novo hit ainda não lançado que prometia despontar nas paradas americanas, muito em breve.

“He who rides the tiger”, primeiro álbum de Bernie Taupin como cantor foi lançado também naquele abril e ele pretendia fazer algumas aparições na TV para promovê-lo. Não tinha intenção nenhuma de fazer turnês. Isso definitivamente não estava em seus planos. A paúra de palco continuava a mesma que no início.

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 23

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/08/2019
Reeditado em 19/08/2019
Código do texto: T6722927
Classificação de conteúdo: seguro
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