Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 22

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

As coisas pareciam ir numa direção bastante satisfatória, tanto para Elton quanto para Bernie. Embora ainda seguindo caminhos paralelos, mas diferentes, como dizia a canção “Two rooms at the end of the world”, já não havia traumas ou mágoas que fizessem voltar à tristeza descrita nas letras no álbum “Blue Moves” em 76. Ali ambos estavam infelizes de forma até preocupante. O sucesso em demasia havia tirado os dois da rota.

O retorno de Bernie Taupin como letrista de Elton John ainda era tímido, doloroso, mas seguro. Ia ser um trabalho dividido com Gary Osborne e outros letristas. Elton estava experimentando a si mesmo e Bernie também.

Esta busca por novos caminhos estava ajudando Elton John a abrir sua mente e a se tornar um profissional cada vez mais versátil em termos de criação, muito embora ainda não conseguisse de desvencilhar de dois vícios terríveis que não queriam deixá-lo: álcool e drogas e a tristeza que o acompanhava sempre justamente por não conseguir se libertar dos dois.

Durante as sessões de gravação, tanto do seu álbum como do de Bernie e de outros cantores, os encontros com velhos amigos, astros reconhecidos no mundo da música, e novos amigos, levavam o cantor a sentir que os anos oitenta poderiam ser também o recomeço de uma nova fase, tão boa quanto foi a década de setenta, apesar da toda loucura.

O futuro lhe parecia ainda fracamente iluminado. Muitas ideias, muitos planos e promessas, ainda regadas a evasivos “por que não?” existiam, mas havia. Elton, intimamente, queria ter Dee e Nigel novamente com ele, nem que fosse para voltarem à antiga banda tripé, baixo, bateria e piano, dos primeiros anos da década passada.

Ele já não pensava na popularidade traumatizante que teve na época. O que interessava era um trabalho consciente e maduro. Nada mais justo, então, que ter Nigel e Dee no time de volta. Eram dois profissionais de valor inestimável.

A religação de Dee estava praticamente acertada, mas Elton teria que esperar que Nigel se desligasse de seu compromisso com sua gravadora, a Bang Records. O baterista tinha feito sua própria carreira como cantor, compositor e produtor ao lado do irmão Wayne Olsson, desde que havia deixado a Elton John Band em 75, mas era um excelente baterista, reconhecido por inúmeros astros da música pop americana e inglesa, e voltar a ser baterista de Elton John não tiraria nenhum mérito seu. Era só esperar.

- Até quando? - Elton perguntou, durante uma reunião informal na casa de Bernie em San Fernando Valley, pouco antes do Natal.

- Não sei... meados de oitenta e um... respondeu baterista.

Elton fez uma careta e encostou-se no sofá. Bernie riu e falou:

- Não é só você que tem agenda cheia não, cara.

- Você já não tem praticamente dois álbuns gravados? - perguntou Nigel.

- Tenho, mas... não vou ficar parado até oitenta e um.

- Nem eu. Esse é o problema. E você já tem o Dee. Não estou querendo adiar seus planos, só acho que não vai dar pra parar os meus agora. Eu vou voltar com você, Elton, porque eu sei que vai valer a pena. Estou adorando sua nova fase, mas todo mundo aqui anda passando por uma. Quando eu terminar de curtir minha própria imagem, aí eu volto.

- Isso vai ser cobrado em cada vírgula.

- E cumprido em cada palavra, disse Nigel.

- Eu fico imaginando como o pessoal vai analisar a Elton John Band depois de cinco anos, disse Bernie. -Todos com mais de trinta, velhos de estrada, famosos e reconhecidos profissionalmente, por uma massa enorme de pessoas no mundo inteiro... Tão diferentes daquele bando de pivetes verdes querendo aparecer mais do que o próprio retrato. Vai ser bom assistir a volta da grande banda.

- E a grande banda vai ter de volta o grande Bernie Taupin? - perguntou Dee.

Todos os olhares voltaram-se para Bernie que sorriu cínico e respondeu:

- Eu não ficaria fora disso por nada desse mundo.

Olhares sorridentes foram trocados. Elton permaneceu impassível, olhando para o copo em sua mão, mas por dentro sentia-se aliviado com a resposta do parceiro.

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 22

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 17/08/2019
Código do texto: T6722173
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