Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 18

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

Bernie encostou-se na cadeira e olhou para a rua.

- Quem tinha que entender já entendeu bem antes. A letra é pra você. Eu só queria te dizer de uma... de uma forma diferente, que já não estou muito preocupado com o que as pessoas digam, aliás... nunca estive. Nós pensamos de formas diferentes, temos hábitos diferentes, temperaturas diferentes. Você é Londres, eu sou Los Angeles. Se vamos voltar a compor juntos, vamos continuar seguindo caminhos diferentes, talvez na mesma direção, mas sempre diferentes.

Elton concordou, mas ficou em silêncio.

- Acho que nenhuma pessoa no mundo pode unir seu caminho ao de outra, por mais que goste, por mais que ame, por mais afinidade que exista, sem deixar a outra livre pra respirar. Todo mundo deve ter o direito de ter uma quota de liberdade própria, guardada lá dentro, onde ninguém pode entrar. Por um momento eu cheguei a pensar que essa minha... ânsia por liberdade era um exagero. Eu cheguei a pensar que nunca chegaria a lugar nenhum querendo ser independente por completo do mundo, meus pais, patrões, mulher, parceiro... Agora eu acho que o que guia a cabeça da gente é a primeira coisa que guia a vida. Posso estar errado, mas comigo só funciona assim, sempre funcionou.

- E o coração?

- Amor?

- É.

Bernie suspirou e olhou de novo para o copo.

- Amor completa, adoça... é importante, mas não é tudo. Estou procurando por ele ainda. E se isso bastasse, eu não teria me divorciado de Maxine. Teria desistido de tudo e feito alguma coisa pra mantê-la comigo. Eu achava que a amava demais e talvez fosse agora um marido acomodado e feliz, se ela tivesse o mesmo interesse.

- E não é, agora?

- O quê?

- Você parece um marido acomodado e feliz com Toni.

Bernie riu.

- Não. Pra sociedade talvez, mas eu e Toni somos mais do que um casal. Antes de qualquer coisa, somos dois seres humanos que se respeitam, que se aceitam e se amam. Mas é um amor diferente... que não castra, não amarra, não possui como propriedade um do outro. Ela é do mundo, como eu. Eu não poderia ter cruzado com alguém diferente. Seja lá quem for que tenha inventado a minha história, é um ótimo escritor de livros de suspense, romance... e terror.

Elton sorriu. Bernie bebeu o resto do vinho em seu copo e olhou através da vidraça.

- Acho melhor a gente voltar pro estúdio. Dá uma olhada pra janela, Elton, disse ele.

Havia uma porção de garotas e rapazes franceses observando os dois do lado de fora do restaurante. Bernie colocou os óculos escuros e riu.

- Vamos sair daqui a nado pelo rio Sena?

- Acho que não vai ser preciso. O público francês é muito legal. Você tem caneta? O escritor aqui é você.

Bernie colocou a mão no bolso da jaqueta e tirou uma caneta.

- Sempre! A gente nunca sabe o que vai encontrar de inspiração pelas ruas... Mas um bom fã sempre tem uma caneta com ele quando encontra um ídolo dando sopa na rua.

Elton riu outra vez e eles foram saindo do restaurante. Depois de alguns autógrafos e beijos trocados perto do carro, ambos conseguiram voltar para o Superbear. No carro, terminaram a conversa.

- Você vai ficar quanto tempo aqui na França? – Elton perguntou.

- Não posso ficar muito. Tenho trabalho lá também, esqueceu? Meu álbum vai começar a ser gravado no final de outubro. Você me prometeu estar comigo lá também.

- E vou estar, só não sei o que vou cantar ainda. Você não adiantou nada.

- Nem eu sei. Chegando lá você vê a que mais combina com sua voz.

- Fica pelo menos pra ouvir o que já temos pronto. Profissionalmente falando. Não é nenhum favor. Preciso de sua ajuda. Tua energia me faz bem...

- Ok.

No estúdio, Bernie se uniu a todo pessoal e encontrou-se finalmente com Gary Osborne. Durante as gravações de “Little Jeannie”, sentou-se lado a lado com os engenheiros de som, Clive Franks e Patrick Jaunead na mesa de som. Gary fazia backing vocal juntamente com Bill Champlin e Max Groenthal.

No dia 14 de setembro foi lançado o single “Victim of Love”/”Strangers”, retirado do álbum que a princípio seria “Thunder in the Night” ou “Victim of Love” como ficou decidido, que foi lançado em 13 de outubro, em meio a uma série de shows dados por Elton ao lado de Ray Cooper, em várias cidades americanas.

Victim of Love – Lado A

Johnny B. Goode

Warm love in a cold world

Born Bad

Lado B

Thunder in the night

Spotlight

Street Boogie

Victim of love

Álbum lançado em outubro de 1979

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 18

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/08/2019
Reeditado em 14/08/2019
Código do texto: T6719807
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