Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 17

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

Bernie entrou no estúdio e viu Elton sentado ao piano, lendo outra letra. Ao percebê-lo entrar, Elton olhou para ele e sorriu.

- Oi!

- Oi, falou Bernie, aproximando-se.

- Pensei que não viesse mais...

- Eu estava passando na porta do estúdio e resolvi dar uma passadinha, brincou o letrista.

Elton riu. Bernie apoiou-se no piano.

- Obrigado por “Two rooms”... e pelas outras duas. Sofrer te aguçou o talento. Estão todas muito boas.

- Vou exigir músicas melhores ainda.

- Estou suando um bocado pra conseguir isso, amigo, pode apostar.

Ambos riram.

- O pessoal deve estar chegando por aí pra reiniciarmos as gravações. Você vai ficar, não vai?

- Vou, mas... será que não dava pra gente sair e tomar alguma coisa? Eu estou seco.

- É... Acho que dá, disse Elton, olhando para o relógio na parede do estúdio. Já viu Gary por aí?

- Não. Falei com o Clive e o Jim, aí fora. Cruzei com um bocado de gente conhecida, apertei mãos, mas não parei pra falar com ninguém.

- Bom, vai ter tempo pra ver todo mundo. Vamos indo, antes que nos peguem.

Os dois saíram para tomar alguma coisa ali por perto. Mil olhares os seguiram pelos corredores do estúdio, na saída até o carro e pelas ruas por onde Elton dirigiu seu carro até um recanto sossegado onde eles pudessem conversar.

- Você está com uma turma da pesada com você, no estúdio.

- Depois de tanto tempo, é bom estar com gente nova tocando. Reggie McBride no baixo; Alvin Taylor na bateria; Victor Feldman na percussão... Steve Lukather na guitarra, às vezes o Richie... Muita gente boa. “White Lady White Powder” será gravada em Los Angeles, ano que vem.

- Por quê?

- Eu quero Nigel e Dee comigo nesse álbum e eles estão morando na América também, como você. Vamos gravar no Sunset Sound, em janeiro ou fevereiro... É uma letra bem americana... Espero que não me critiquem pesadamente... Falar de cocaína desse jeito, numa música minha...

- Está com medo?

- Nem um pouco, Elton disse, olhando firme nos olhos do parceiro.

- É o que está saindo da minha cabeça ultimamente. Estou tentando deixar... E você devia fazer o mesmo. Não tem caminho bom com ela... nem futuro...

Elton segurou o copo e ficou olhando para ele por uns segundos. Não disse nada. Desconversou.

- Nigel lançou o álbum novo dele, você já ouviu?

- Já. Está fazendo muito sucesso. Ele tem uma voz maravilhosa e toca muito... Além de ser um cara muito inteligente, excelente produtor, muito especial mesmo. Ele e o Davis fizeram um ótimo trabalho.

- Ele tocou “Little Jeannie” com a gente, aqui.

- “Little Jeannie”? Novo namorado seu?

- Uma canção do álbum novo... Letra do Gary. Nada a ver comigo.

- Ah... O Clive falou que você tem muito material pra trabalhar. Isso é bom.

- Ando metido na maior maratona musical desde “Blue Moves”.

- Vai fazer outro duplo?

- Não... Não tenho mais vontade de fazer isso. Quero deixar as coisas rolarem sozinhas e devagar. É perigoso lançar tanta coisa ao mesmo tempo. O pessoal pode não ter paciência pra digerir o novo Elton John com colheradas tão grandes... Eu fiquei muito tempo longe do público desde 76...

- Quantas você já tem feitas?

- Onze. Cruas, ainda, lógico, mas onze. Gravamos oito. Duas suas. Porque “White Lady, White Powder” vai ser gravada na América. E fique tranquilo que vou te dar satisfação de tudo que fizer com suas letras, sempre.

- Não te pedi nada.

- Mas eu quero. É ponto de honra meu. Não quero que mais nada atrapalhe a boa fase que estamos passando.

Bernie balançou a cabeça afirmando e olhou para o copo sobre a mesa.

- Bem... já que tudo vai ser tão metódico assim... quem vai pagar essa conta?

- Que tal a gente rachar, como os velhos tempos? 50/50.

Bernie riu. Elton também, mas ficou sério logo, pois tinha algo a falar com o letrista desde que o viu no estúdio.

- Espero que entendam a letra de “Two rooms” como eu entendi.

Bernie encostou-se na cadeira e olhou para a rua.

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 17

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!