Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 16

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

Em Junho daquele 1979, o mix gravado com Thom Bell, em outubro do ano anterior, ganhou disco de ouro e foi às paradas de sucesso. Em se tratando de um mix, aquilo era um fato inédito no mundo da música e Elton havia conseguido êxito. 1979 estava se revelando um ano propício em todos os sentidos.

Em agosto, Elton foi à Alemanha gravar com Pete Bellote. Nenhuma das faixas do álbum levou a assinatura de Elton. Ele era apenas o intérprete. O ritmo era bem diferente. Todas as canções foram feitas para dançar. Houve também um remake para o ritmo disco da música “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry. Era a tentativa de Elton de aderir à febre “Saturday Night”.

No álbum chamado “Victim of Love”, produzido por Pete Bellotte, as músicas foram todas feitas em um ritmo muito em voga naquele ano, o discoteque. Então, eram todas dançantes e muito longas. Só para se ter uma ideia, as três canções do Lado A do álbum, tinham duração de 17h50min., com média de seis minutos cada uma.

Terminado o trabalho básico do álbum, Elton partiu para a França e, com Gary, compôs em Cote D’Azur as canções para o novo álbum. Bernie já havia lhe enviado as letras que havia combinado com ele em sua casa e uma delas tocou Elton de maneira diferente: “Two rooms at the end of the world”. Ela havia sido escrita para ele de modo especial, bem direto, quase uma carta aberta de Bernie para ele.

Elton leu, emocionado, um trecho de umas das letras...

- “Porta por porta, murmuraram / Será que eles vão continuar juntos? / Seus quartos têm diferentes temperaturas, me disseram / Há uma mudança de pensamentos /E seus hábitos parecem desiguais / Mas juntos, eles dois estiveram minando ouro...”.

- Ele não mudou nada, falou Clive, depois de ouvir os versos lidos por Elton em voz alta.

- Não... concordou Elton, olhando para a folha. – Até já imagino a música que vou colocar nela... Ah, Clive, por que as coisas acontecem assim?

- Porque, se não acontecessem assim, nós não teríamos o prazer de vê-los voltar a ser amigos como antes. Está arrependido? Ainda acha que eu fui precipitado? Fiz besteira?

Elton olhou para ele e sorriu.

- Não... Deus te abençoe. Era exatamente o que nós dois queríamos.

- É isso aí! - disse Clive, batendo em seu ombro. - Está tudo em ordem, cara! Essa letra do Bernie é a coisa mais positiva que você poderia usar pra fazer um hit e é a mensagem mais amiga que ele poderia te passar. Agarra isso com todas as garras que você tiver, amigo. E você tem muitas!

Clive saiu do estúdio e deixou Elton sozinho. No corredor, encontrou Bernie conversando com James Newton-Howard. Aproximou-se.

- Bienvenu a Nice, monsieur Taupin! - disse brincalhão, apertando a mão do letrista.

- Merci, respondeu Bernie, sorrindo. - Como vai, Clive?

- Você não morre mais, estávamos falando de você.

- Bem ou mal?

- Mal, como sempre, claro. Esse não é o sal da vida? Isso nos faz crescer, amigo!

Bernie e James riram.

- Muito trabalho por aqui, imagino, disse Bernie.

- O Jim não te contou? Isso aqui anda mais agitado que bordel em noite se sexta-feira! Chegou quando?

- Faz uma hora. Estive percorrendo por aí pra rever Nice. Sempre gostei daqui.

- Não é a Cidade dos Anjos, mas...

- Não tem comparação. Cada uma das duas tem seu encanto. Cadê o chefe?

- Aí dentro, compondo. Ou melhor, retocando o que compôs. Ele está sendo muito prestimoso com esse álbum, ou esses...

- Esses?

- Ele tem material pra dois álbuns e não quer deixar nada pra gravar depois. Acho que vamos sair daqui com trabalho adiantado pra dois anos.

- Também, ele não quer mais nada, falou James. - Está compondo com dois letristas!

- Quatro, corrigiu Clive. - Há duas do Tom Robinson e uma de Judie Tzuke.

- Mais ativo do que eu imaginava... disse Bernie.

- Isso é bom. Ele vai ter trabalho o tempo suficiente pra ficar um ano em casa sem pensar em gravar novamente.

- E ainda há o “Thunder in the Night” que foi gravado com Pete, falou James. - É esse o nome que vai ficar?

- Nada decidido ainda. Mas eu sei que ele não está pensando em descanso tão cedo, pelo bem da música. Se ele lançar o “Thunder” agora em outubro, como previsto, talvez lance outro no início do ano que vem, até junho. Se não estiver gravando outro até lá, não digo nada.

- Mas com dois álbuns à mão, não sei se seria muito lucrativo pensar em gravar outro antes de saber a reação do público a esses dois, disse Bernie. - Acho arriscado. Estamos entrando numa outra década e ela não vai ser fácil como foram os anos setenta. Está vindo aí outra leva de público. É bom tomar cuidado.

- Ele falou a mesma coisa... Vejo que a sintonia entre vocês continua a mesma. E você, quando entra em estúdio com Dennis?

- Final de outubro.

- Eu soube do seu álbum, disse James. - Estou torcendo por você. E feliz demais por vê-lo de volta e cantando, cara! Isso é demais. Você fez falta, garoto, muita falta, pra todo mundo que conheceu o Capitão e o Cowboy juntos.

- Obrigado, Jim. O Kenny e o Dee e muita gente conhecida daquela fase vão trabalhar com a gente em outubro.

- Eu soube. Está feliz?

- Morrendo... de medo...

- Que nada. Você entende tudo desse riscado. Vai tirar de letra. Estou ansioso pra ouvir seu trabalho. O Clive falou que adorou a canção que você cantou pra ele quando foi à sua casa. Estou torcendo por você. E... legal você trabalhar com o Kenny de novo. Muito maduro da sua parte. Agora vai falar com o chefe. Ele vai ficar feliz de te ver.

- Tchau, garoto! - disse Clive, afastando-se com James.

- Até mais...

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 16

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/08/2019
Código do texto: T6718147
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