Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 15

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room...

you always find another…

Two rooms at the end of the world

Bernie respirou fundo e voltou a sentar-se perto de Toni, abraçando-a, apertado. Toni começou a chorar.

- Se você também não suportar essa verdade... eu desmonto de novo, Lynn.

Toni afastou-se dele, enxugando os olhos, tentando ser forte.

- E porque você ficou tão mal em 76 e se separou dele dessa forma tão radical?

- Por vários motivos... Maxine começou a ouvir no rádio e ler os jornais que, maldosamente, nos chamavam de casal, diziam que eu era... parceiro e... marido dele. Você se lembra disso? Você tem seis anos menos que eu, mas deve se lembrar de alguma coisa. O comportamento dele na época não ajudava muito. Quando ele bebia, enquanto não estava em shows, dizia coisas que sugeriam situações ambíguas e... eu não respondia a isso e só sabia beber mais do que ele. Maxine começou a se cansar de mim, e dele por tabela, e acabou... se encantando pelo baixista do Elton... e... por me deixar.

Os olhos dele estavam molhados também. Toni lhe deu um beijo no rosto e encostou seu rosto no dele.

- Daí, eu saí da Inglaterra, fui pro mundo e o resto você já sabe. E agora... eu vou voltar a compor pra ele, novamente...

- Por quê?

Bernie ficou olhando para ela e uma lágrima correu pelo rosto dele.

- Porque nossos caminhos estão ligados de uma forma que eu não sei explicar, Toni. O que já aconteceu com a gente nesses primeiros seis, sete anos é maior que a gente. Não posso olhar pra trás e dizer que não aconteceu nada. Nós temos trezentas canções ou mais compostas, juntos. Vendemos milhões de discos no mundo inteiro. Não dá pra dizer que isso tem que parar. Não saí do norte da Inglaterra, no fim do mundo, para Londres, por nada. Eu nem enviei o pacote com minhas letras pra ele por vontade, foi minha mãe que me forçou! Por pouco, eu não jogava tudo no lixo. Dona Daphne me obrigou a enviar. Nem estava pensando mais naquilo, tão longe estava minha cabeça e... e isso tudo começou... Eu não tenho o direito de ser tão prepotente e dizer que acabou. Posso fazer isso só por uma coisa.

- O quê? - Toni perguntou, enxugando o rosto.

- Se você não quiser. Se você, como Maxine, achar que isso vai ser muito difícil de suportar.

Ela ergueu-se e deu alguns passos pela sala. Indo ficar perto da máquina de escrever dele. Passou os dedos pelo teclado e voltou-se, dizendo:

- Eu tenho um agente maravilhoso, que cuida do meu trabalho com o máximo carinho e me respeita como ser humano, com mulher e como profissional... E ele é gay... Eu não posso te podar o direito de trabalhar com um profissional maravilhoso como Elton John... só porque ele também é gay... e te ama como eu...

Bernie sorriu e aproximou-se dela, abraçando-a forte.

- Obrigado... Eu te amo!

- Ele vai deixar Gary Osborne?

- Não, é isso que vai tornar tudo interessante. Ele vai mixar meu trabalho com o dele.

- E... tudo bem pra você?

- Tudo bem. Eu nem vou precisar ir pra lá.

Toni o beijou novamente.

- Esse foi a troco de quê? - ele perguntou.

- Estou orgulhosa de você. Deixou de ser definitivamente aquele Bernie Taupin orgulhoso e inseguro de si mesmo. Frágil... É um homem que agora sabe seu lugar, não tem medo de dividir espaço com ninguém. Fico tão feliz por estar a seu lado assistindo a isso... Maxine não sabe o marido que perdeu.

- Ela não perdeu um marido, Toni. Ela não perdeu nada. Era jovem demais, como eu, e só não soube ver as coisas sob meu ponto de vista e eu pequei por não ter compreendido que ela não tinha obrigação de fazer isso...

- Esse papo me deu fome. Quer comer alguma coisa?

- Não, quero ir pra cama.

- Sono já? Eu cheguei muito tarde, não é?

Ele a abraçou forte, beijando seu pescoço.

- Eu disse que quero ir pra cama...

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 15

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

FELIZ DIA DOS PAIS!