Q.B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 13

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

Dennis saiu. Bernie deitou-se no sofá e cruzou as mãos sobre a barriga. Olhou para o teto, pensando em tudo que tinha acontecido ali naquele dia. Parecia que era um filme que ele tinha assistido na televisão e não algo que tinha acontecido com ele mesmo. Vodca surgiu correndo e subiu sobre ele, lambendo-lhe o rosto.

- Onde você estava, hein, moleque?

Vodca deu dois latidos fortes, como se respondesse.

- Eu sei que você é tímido, mas ninguém ia fazer nenhuma pergunta pra você, Bernie disse, afagando as grandes orelhas do cão. - Agora dá o fora que eu preciso trabalhar.

Vodca pulou do sofá no chão e correu para a porta, parando lá com a língua pendurada na boca e olhando para ele.

- Sai pela cozinha, Vodca, não por aí, anda!

O cachorro latiu alto outras duas vezes e não saiu do lugar.

- Pela dispensa, vai, vagabundo! Quintal, não rua. Você parece seu dono! - Bernie mandou, apontando para ao lado da cozinha.

O cão desistiu e saiu correndo pela direção que ele tinha mandado. Bernie sorriu, balançando a cabeça, e foi para o estúdio.

Era já tarde da noite quando Toni chegou em casa. Ouviu barulho de música e seguiu o som, depois de colocar as chaves do carro numa mesinha ao lado do sofá. Quando entrou no estúdio que estava com a porta aberta, ela viu o marido deitado num divã perto do estéreo. A música que tocava era “Candle in the Wind”. Toni sorriu e encostou-se a porta para ouvir a canção. Ele estava tão absorto de olhos fechados que nem a percebeu ali. Toni chegou a sentir ciúmes da atriz morta, pois sabia da paixão de Bernie por ela desde muito jovem. A canção terminou e ele olhou para a porta, como se pressentindo a presença dela. Sorriu.

- Oi!

- Oi! - ela disse, ainda parada no mesmo lugar.

- Vem cá! - ele pediu, estendendo a mão.

- Ela já foi embora? - perguntou, fingindo-se magoada.

- Ela quem?

- A mulher que estava aqui com você.

Ele não entendeu de início e quando caiu em si, sorriu. Sentou-se no divã, levantou-se e foi para perto dela; pegou-a pela mão e a levou para o sofá. Sentou-se e a fez deitar-se em seu colo, abraçando-a com carinho.

- Ninguém aqui vai competir com ninguém. Marilyn Monroe é Marilyn Monroe; Toni Russo é Toni Russo. Amo as duas. Faço com você o que não posso fazer com ela; fico com ela quando você está longe. É simples.

- E eu tenho que aceitar isso? - ela perguntou.

- Ela aceita... ele respondeu, cínico.

- Ela está morta. Eu estou viva!

- Sorte minha, falou, beijando-a longa e carinhosamente. - Tenho uma novidade pra te contar.

- Boa ou má?

- Não sei. É só uma notícia. Vou voltar a colaborar com o Elton.

- Colaborar?

- Compor, escrever pra ele.

Toni sentou-se rapidamente, voltando-se para ele.

- Mesmo?

- Quero saber sua opinião.

- E por que eu teria que dar minha opinião? Eu não posso interferir numa coisa que...

Ele colocou os dedos sobre seus lábios e a fez calar-se.

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 13

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 09/08/2019
Código do texto: T6715932
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.