Q. B. - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO - PARTE 10

III - DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO

Don’t judge us by distance or the difference between us…

…try to look at it with an open mind...

…because where there is one room... you always find another…

Two rooms at the end of the world

Bernie tomou um gole de sua bebida, engoliu, tomando coragem e apoiou os braços nos joelhos.

- Você faria backing nele?

Elton ficou olhando para ele entre surpreso, desconfiado e atônito.

- Numa música só, continuou Bernie. - Nada que vá te comprometer muito... São só oito ou nove canções... Um só não vai matar ninguém...

- Por quê?

- Ué! Tem que ter um por quê? Porque...

- Adoraria, respondeu Elton, antes que ele terminasse.

Bernie sorriu levemente e levantou-se, indo pegar o violão.

- Só que, antes, eu tenho que falar com John. Ele é meu empresário... você sabe...

Elton sorriu seu sorriso de criança travessa e esperou a resposta malcriada.

- Ele vai deixar... ou eu o processo, falou o letrista, voltando.

- Nossa! Por quê?

- Nunca te vi com tantos por quês. Depois te digo, é uma lista enorme. Querem ouvir alguma coisa, ou não? Me ajuda, Dennis?

- Você vai tocar? – Elton perguntou, sabendo de antemão que o parceiro não tocava nenhum instrumento.

- Vou só segurar pra fingir. A voz fica melhor, Bernie disse, rindo.

Ninguém falou mais nada, os dois tocaram e cantaram o trecho já pronto de “Venezuela”. E Elton e Clive ouviram em silêncio e no final Elton declarou.

- Muito boa! Muito boa mesmo! Linda! Vocês estão de parabéns.

- Muito bom mesmo. A letra também é muito forte. Você esteve mesmo na Venezuela? - quis saber Clive.

- Estive em vários países da América do Sul, até na Amazônia.

- Interessante.

- Voltou aos velhos tempos, falou Elton.

Bernie o encarou, sério, mas seguiu o pensamento.

- Eu sempre gostei muito de conhecer lugares. Viajei quase o norte da Inglaterra todo, de carona. Só quis mudar de lado do mundo. Foi uma das maiores experiências da minha vida. Só que fiz sem usar dinheiro, tendo dinheiro... Não levei nada de valor, só uma mochila de roupas, bem poucas.

- Pretende fazer isso de novo? - Clive perguntou.

- Agora não dá. Estou casado de novo... e com uma modelo maravilhosa! Eu não seria maluco de levá-la atrás de mim. Foi mais pra desintoxicar mesmo.

- Então... já que você vai continuar na terra dos homens, falou Clive. - Seria bastante lucrativo ter letras suas no novo álbum também.

- Clive! - exclamou Elton, novamente, mal acreditando na desfaçatez do produtor.

- O quê? Só estou tratando de negócios aqui! Eu disse que seria “lucrativo” para ambos. Estou falando de dinheiro, promoção, investimento, nenhum envolvimento emocional, pra ficar mais claro. Falo como produtor de discos interessado em crescimento musical. Nós queremos inaugurar a década de oitenta com Elton John e Bernie Taupin gravando juntos novamente, com quem mais quiser estar junto.

Elton levantou-se e afastou-se deles, começando a andar pela sala, querendo esganar Clive Franks. Ele poderia estragar um encontro que estava sendo amigável até o momento. Bernie ficou completamente tonto. Dennis não estava entendendo nada.

- Isso já estava combinado? - perguntou Bernie.

- Não, não estava! - Elton declarou, voltando-se para ele. - A ideia foi dele.

- Foi, claro que foi! - assumiu Clive. - Eu tive a ideia e faz tempo. Só que não tinha falado nada pra ele. Repito: falo como produtor de discos que pode fazer muito sucesso com a dupla John/Taupin. Gary Osborne é um excelente letrista e cantor, mas nunca vai ser letrista exclusivo de Elton John, não como você foi...

- Clive!... insistiu Elton, agoniado para que ele parasse.

- Vai negar?

- Esse assunto já morreu. Já passou.

- Pois então, se já passou, que tem demais recontratarmos Bernie Taupin como seu letrista nem que seja só pra esse álbum? Não estou falando em exclusividade, estou falando de negócios, transação comercial. Simples e claro. Preto no branco. Gary ainda está nisso e vai continuar pelo tempo que for preciso, mas vamos misturar o trabalho dos dois e ver no que é que dá! Há algum absurdo nisso? - perguntou, olhando para Bernie.

Bernie havia apoiado o rosto nas mãos e quedou-se ouvindo Clive e observando Elton alternadamente. Respirou fundo e respondeu:

- Não...

Elton olhou para ele de súbito. Ele havia ouvido mesmo aquilo? Clive sorriu, vitorioso.

- Aceito, então? - Clive perguntou.

- Sim... com uma condição.

- Qualquer uma.

- Não quero que nada me seja cobrado, além do trabalho de escrever as letras como sempre foi. Eu não quero que nada interfira no meu trabalho com o Dennis e com meu álbum que vai me dar bem mais trabalho do que isso. Eu ainda não tenho nenhum compromisso com Elton John.

DOIS QUARTOS NO FIM DO MUNDO – PARTE 10

CONTINUA...

DEUS ABENÇOE A TODOS E NUNCA PERCA SUA FÉ!

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 06/08/2019
Reeditado em 06/08/2019
Código do texto: T6713439
Classificação de conteúdo: seguro
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