Uma Rosa para Berlim: Tudo para sobreviver, 9
Um senhor americano se aproxima da gente e cobre parte do meu corpo. Eu estou aérea e não ligo muito pelo que fazem mas,
ouço o senhor de 30, antes de sair,falar ao senhor americano:
- John... espero que saiba o que está fazendo levando estas vadias contigo- e some indo para o outro vagão.
E um outro homem cobre Carla e Karoline. Érika é olhada com bons olhos por um homem bem jovem que a cobre . Ela está muito séria .
Na minha mente passa tudo e eu me encolho. Há sangue no meio de minhas pernas e eu começo a chorar convulsivamente. Um pouco de ódio.
Um tapa desferido por alguém me faz gritar de ódio e de pavor. John se abaixa e tapa minha boca gritando:
-Cala a boca! Fique quieta, vadia ! - e faz menção de me dar um soco.
- Se quer viver - me dá outro tapa- fica quietinha ai.
Balanço a cabeça fazendo sinal positivo.O ódio toma conta de minha mente. Mas resolvi obedecer .Deito no chão como uma mendiga. Assim fico até aparecerem com roupas e com 2 rapazes trazendo 2 baldes de água. Não sei onde arranjaram mas, era água mesmo e colocaram perto de mim. Aparecem com outros baldes e banham minhas amigas.
- Toma um banho e vista-se- e joga um sabão liquido por todo o meu corpo arrancando o que resta de minha roupa. Tomo banho na frente deles , agora sem nenhum pudor. Um dos homens joga água com uma caneca enquanto me esfrego superficialmente. Após isso, me enxugo e coloco a roupa. Um deles me dá um pente e penteio meus cabelos. Após isso, John me abraça e me tira do vagão e me leva com ele até um banheiro. Sorri e alisa meu rosto falando :
- Faça o que tiver que fazer. Suas amigas foram para outros banheiros e estão obedecendo direitinho! Faça o mesmo!
Entro e faço minhas necessidades e logo depois me visto e tento encontrar uma brecha para fugir. Ele entra rápido e empurra minha cabeça contra a parede. Reajo e tento empurrá-lo . Em vão.
-Pensando em fugir, porca imunda?
- Imunda é a tua mãe!- Falo tentando reagir a todo custo.
- Como é?- disse ele apertando os meus braços para trás.
Num movimento rápido me solto e lhe aplico uma joelhada nos orgãos genitais e ele grita. Aplico uma joelhada na boca e ele desmaia.
Noto que ele tem uma faca e uma pistola na cintura. Pego ambas e com a faca não penso duas vezes :castro ele e quando vejo que vai acordar
com a dor, dou uma coronhada nele. Pego todos os seus documentos e dinheiro e guardo. Então saio de fininha e passo por todos os passageiros
e vou para a frente do trem. As pessoas, com ar preocupado, não leva muito em consideração o fato de uma moça passar meio desalinhada por
eles. Chego até uma sala onde tem o pessoal da direção e coloco a arma na cabeça do que parece ser o chefe.
- Sem reagir que eu mato a todos- Aperto o cano da arma contra a nuca dele -Pare essa locomotiva !
-Mas...- Não completa pois, disparo na sua perna direita.
- Pare agora ou começo a atirar na cabeça.
Eles obedecem de pronto e a locomotiva vai parando . Abro a porta e corro para onde estão minhas amigas. As vejo conversando com seus algozes . Grito :
- Saiam de junto deles ! - e atiro em um deles , na barriga - soltem as armas ! - percebo a reação de um deles , o mais afoito , e atiro na cabeça.
Os outros logo me obedecem e minhas amigas pegam as armas que podem - vamos cair fora ! - e vejo que elas atiram em alguns, sem piedade e sem pensar . Corremos para fora atirando.
- Caiam fora!- grito bem alto para o maquinista ouvir e continuo dar disparos contra a locomotiva impedindo reação. vejo a locomotiva começar a se movimentar e eu aponto a arma para o vagão onde tem mais americanos e aguardo. Quando o último vagão passa, justamente o que eu estava, abro fogo acertando um bem na cabeça. O restante se joga no chão. Minhas amigas fazem o mesmo e acertam outros. Não sei o que aconteceu com eles e com o castrado mas, corremos para o mato indo para o sul, para qualquer lugar. Corremos muito e com vontade. Me sinto suja, imunda. Estou usando um vestido bege americano e minha bota. Estou armada e com o dinheiro do americano sujo. Ganhamos terreno para chegar em algum lugar que possamos descansar pois, é madrugada e, quando amanhecer estaremos sendo procuradas por todos : Nazistas e Americanos. Carla começa a correr gritando:
- Tem gente nos seguindo! - e faz disparos em direção a estrada que encontramos - devem ser Americanos tentando nos pegar !
- Vamos para as árvores! - gritou Érika pulando um barranco ao lado .
- Vamos, garotas! - disse Karoline seguindo -a . E eu vou atrás sem pestanejar pois, tiros ecoam na noite. E percebo uma movimentação de soldados. Não são Americanos! São policiais do meu país.
- Nos encontraram! - gritou Carla com ar desesperado - e agora ?
- Continuar correndo!- falo mostrando o caminho na noite quase negra - e nada de medo! Vamos procurar algum lugar para ficar e nos esconder .
- Até porque está esfriando muito! - disse Érika bocejando.
Nos embrenhamos na floresta e passamos por córrego com muita água.
- Vamos beber um pouco de água! - disse Carla metendo a cara na água e molhando sua longa cabeleira . Fico olhando a retaguarda até todas se saciarem com a água e depois sou eu .
- Parece que nos perderam ! - disse Karoline olhando para todos os lados.
- Ótimo! - fala Carla olhando para o céu que parece escurecer mais .
- Vamos ! - falo começando a andar - Temos que chegar em algum lugar .
E andamos e andamos até cansar . Subimos uma ladeira e deparamos com uma vila . Tudo escuro . Ouço latidos e paramos .
- Quem são vocês? - perguntou alguém à nossa retaguarda.
Me viro e vejo um homem de uns 40 anos com um rifle na mão, sem nos ameaçar .
- Estamos procurando um lugar para passar a noite !
- Por quê estão armadas ? - disse observando as pistolas que usamos.
- Fomos importunadas por turistas Americanos que estavam armados e não deixamos barato ....
- Posso ver pelo menos uma arma ? - disse ele desconfiado .
- Para quê ? - perguntei de pronto apontando-lhe a arma .
- se falam a verdade, a arma tem que ser Americana .
Em um movimento rápido, giro a arma e a seguro pelo cano e entrego a ele que sem titubear , a segura e constata ser Americana .
- Quer ver as outras ?- perguntou Érika se aproximando.
- Não é preciso!- disse ele nos olhando - e por quê não foram até as autoridades? Podiam ajudar .
- percebemos suborno - disse Carla - dinheiro compra tudo e , os turistas pareciam ter acesso às autoridades.
- Entendo ! - disse ele rindo - o capital compra tudo !
- Arranje um lugar para ficarmos e fique com isso...- falo estendendo dinheiro a ele , que faz cara de agrado .
- Com isso em mãos, arranjo pousada e nem precisamos nos apresentar! Não falo o meu nome e vocês não falam o de vocês. Caiam fora de manhã e nunca tocaremos no assunto.
- o quê está esperando? Estamos com sono - disse Carla em tom inquiridor .
Ele aponta a direção e segue à nossa frente. E o seguimos de perto e olhando tudo ao redor. E logo chegamos a um casebre e ele entra primeiro e aponta dois quartos e 1 banheiro . Cozinha e as janelas.
- Boa noite! - disse se retirando - e caiam fora ao acordarem . Deixarei pão e queijo para comerem de manhã. Tem escovas e produtos de higiene para usarem .- e some fechando a porta .
- Eu vou deitar assim mesmo - falo entrando no quarto e me jogando na cama . As outras fazem o mesmo sem antes verificar a porta . E dormimos emboladas na mesma cama , enroladas em cobertores . Até esquecemos de armarmos um esquema de vigilância.