“LIVRE ARBÍTRIO 10”
 


          O casamento foi muito badalado e as cerimônias “civil e religiosa,” realizadas em conjunto na igreja protestante em que atuava o pastor Aldo. Seu discurso ensaiado para a ocasião era tipo loa, enfadonho ressaltando os antigos valores da pureza; “Como se pureza estivesse de alguma forma ligada à virgindade,” tentando exemplificar a juventude para conservar-se casta até o casamento. Mesmo assim usou de sutileza ao abordar o assunto já que, o casal de noivos eram seus mais íntimos parentes.

     O professor Helio conhecia estas pregações de cor e salteada e permaneceu tranqüilo até o final do ato e disfarçava o riso, pois, os alunos quando ouviam as palavras do pastor olhavam para ele e faziam sinais provocando-o. Jesuína mais uma vez apelou para a arte das lágrimas crocodilíneas, mostrando um arrependimento que estava longe de sentir e não creio que devamos excomungá-la por isto, afinal de contas os desígnios do grande Pai para que seus anjos alcancem a luz plena, só ele na sua sabedoria é o mentor e conserva como mistério.

     Finalmente, terminou a solenidade religiosa e os alunos e amigos do casal, dando até uma grande demonstração de companheirismo, fizeram a festa no pátio do colégio onde se sentiam mais à vontade. Cada um levou um prato diferente de salgados e doces, a bebida era refrigerante, muita coca cola batizada com cachaça que mesmo os nubentes não se furtaram de provar um pouco. Claro, o bafo condenava todo mundo! Restou aos mais velhos fingirem que não sabiam de nada, como sempre seguindo a máxima, “se não pode vencê-los juntem-se a eles”. Ou... Pelo menos finjam.

     Em dado momento alguns rapazes, “sempre os riquinhos”, tiveram a brilhante idéia de cortar a gravata do noivo e arrecadar dinheiro para o extra na viagem do casal. Isto era um martírio para os que não tinham dinheiro, pois se sentiam envergonhados e às vezes pegavam algum emprestado para comprar um pedacinho da gravata que os meliantes promotores de tal humilhação, faziam questão de cortar o tamanho do pedaço da dita cuja “gravata” de acordo com a quantia, de todo jeito o pobre ficava com cara de tacho, hoje felizmente o próprio noivo... “Quando inteligente” não aceita mais isto, mesmo porque, ninguém mais tem vergonha de dizer: “estou sem dinheiro” e é capaz da intentona, não arrecadar o suficiente para pagar a gravata.

     O bom pastor deu de presente uma viagem de uma semana com tudo pago em Cabo Frio onde os noivos passariam á lua de mel! Claro, todo pastor, padres e ministros de qualquer seita ou religião quando não são extremamente ricos, sempre têm cem vezes mais do que seus rebanhos de fiéis que raspam o toba com a unha para arrancar alguns trocados que certamente ajudariam a comprar um pedaço de carne para os filhos. Mas, “como Deus precisa muito de dinheiro” e seus ministros garantem que quem dá recebe em dobro e o dinheiro é usado em obras sociais, se alguém disser que o rebanho é um bando de palermas, corre o risco de apanhar, deixemos quieto.

     Bem, a lua de mel foi um festival de putaria onde rolou desde biquinho para lua até espora sem rosetas, ver se tem fundo e catar sementes na goiaba com a ponta da língua, com o professor tentando ensinar e aprendendo cada vez mais e que... Olhem, é melhor deixar para contar mais na parte onze, ler cansa... Escrever não!

 
"MEL DA LUA"


É mão naquilo, é aquilo na mão,
É beijo nas tantas bocas e com fé.
Gosto dele na pele dela é tesão,
Ela tem tesão chupando picolé!
É o sobe e desce numa felação,
O cheiro de ranço com camarão,
Barulho de carro de marcha à ré.
O ritmo tem cor de samba canção.
O suor tem gosto de bem me quer.



Mestre Jacó com sua garra poética de sempre obrigado mestre.



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16/06/2019 10:12 - Jacó Filho

Os desejos satisfeitos,
E a barriga crescendo.
A lua de mel tem efeitos,
Que não estavam querendo...

Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...

Para o texto: “LIVRE ARBÍTRIO 10” (T6670562)
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 11/06/2019
Reeditado em 16/06/2019
Código do texto: T6670562
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